Anton Pavlovich Tchekhov [Антон Павлович Чехов]
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Anton Pavlovich Tchekhov [Антон Павлович Чехов]
Acabo de ler a peça As Três Irmãs traduzida por Maria Jacintha e uma leva de contos traduzida por Boris Schnaidermann (O Beijo, Kaschtanka, Viérotchka, Uma Crise, Uma História Enfadonha, Enfermaria N.o 6 - Com base nas edições moscovitas Goslitizdat).
Apreciei bastante a peça, embora o correr do tempo do enredo na mesma tenha me deixado um tanto contrafeita, ponto aliás em que o César e a Cássia discordam [Talvez seja falha de minha leitura portanto]. Deixo da peça um trecho de fala de Macha ao último ato -
Já da gama dos contos posso ressaltar que me embeveceram principalmente os dois últimos, sendo maior a minha estima por Uma História Enfadonha escrito à 1889 (Que acerto no estilo! Quanto conteúdo!.. Exprimindo brevemente o apreço - Trata-se dum conto absoluto). Cito as palavras de A. Plieschtchéiev que encontrei no apêndice -Quando apenas pegamos migalhas de felicidade, apenas restos, e os perdemos logo, como se dá comigo, pouco a pouco vamos nos tornando duros e maus… (Mostra o peito.) Fica fervendo, aqui dentro[…] Tanta esperança perdida… Milhares de homens levantavam um sino… E nisso puseram muito trabalho e muito dinheiro… De repente, o sino cai e se quebra. De repente, sem qualquer razão visível…
D. S. Mirsky (A history of Russian literature) coloca Uma História Enfadonha como tendo dado início à lista de obras-primas maduras do autor e afirma que após sua publicação surgiu entre os russos um "estado de espírito tchekhoviano".O senhor não criou até hoje nada tão forte e profundo como este trabalho. O tom do velho cientista foi mantido de maneira admirável, e até as reflexões em que se percebem notas subjetivas, as do senhor mesmo, não prejudicam isso. E a personagem aparece diante do leitor como uma pessoa viva. Kátia também está admiravelmente realizada... Todas as personagens secundárias são igualmente muito vivas!
Já em Enfermaria N.o 6, conto que causou grande aclamação ao ser publicado em 1892 pela Ruskáia Misl, evoco o elogio de Ilya Repin em correspondência à Tchekhov -
Como eu lhe fico agradecido... pela sua 'Enfermaria n.o 6'. Que impressão terrível desprende-se dessa obra! É simplesmente incompreensível como de um conto tão simples, despretensioso, pobre até pelo argumento, cresce finalmente uma ideia tão incoercível, profunda, colossal, de humanidade. Mas não, como posso eu julgar esta obra maravilhosa?... Ando estupefato, encantado, contente por não estar ainda na condição de Andriéi Iefímovitch... Afaste de mim este cálice!!! Obrigado, obrigado, obrigado! Que forçudo é você! Isto é que é uma obra!
tmanfrini- Guerra e Paz
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Re: Anton Pavlovich Tchekhov [Антон Павлович Чехов]
Há certos escritores pelos quais você nutre admiração.
Por outros respeito ou até um certo temor.
Às vezes, quando nos aprofundamos na biografia do autor, pode-se nutrir um certo desapontamento e até pena.
Mas há os raros autores pelos quais nutrimos carinho.
Eu nutro um carinho enorme por Anton P. Tchékhov, como se o houvesse conhecido pessoalmente, como se ele fosse meu amigo.
Isso advém do modo como ele constrói suas personagens, como se aprofunda na psicologia delas, como retrata o seu sofrimento com tanto respeito e poesia.
Um homem assim só pode ser admirado e estimado.
Quando conheci a biografia dele, esse sentimento se avolumou ainda mais.
Tchékhov foi um homem como poucos há hoje em dia.
Na infância, teve sempre a sombra do exigente pai sobre si. Como ele mesmo relata:
Quando o pai fugiu, endividado, para Moscou e levou a família, o jovem Anton, com 17 anos apenas, ficou sozinho em Taganrog por dois anos, dando aulas particulares, se sustentando só, estudando e mandando dinheiro para a família.
Mesmo com todas essas dificuldades, conseguiu se formar em Medicina e, para ganhar alguns trocados, já escrevia pequenos contos humorísticos para revistas, começando uma relação dupla que teria com a medicina e a literatura.
Anton trabalha, sem descanso, nas duas frentes, o que faz com que a sua produção de contos seja uma das maiores entre os russos, mas também o levou ao contato com várias moléstias, como a tuberculose, que acaba por contrair.
Varado pelo remorso, depois que seu irmão morreu de tuberculose, possivelmente infectado por ele mesmo, Tchékhov, empreende uma odisseia que quase lhe custa alguns anos da vida que ainda tinha.
Anton e seu irmão Nikolai.
Viaja para Ilha de Sacalina, uma prisão-zona de desterro, cujos habitantes viviam nas mais degradantes condições subumanas!
Lá passa 5 meses e faz um censo de toda a população, detalhando seus problemas e necessidades, do qual escreve um livro depois que volta a Moscou.
Quando volta de lá, sua saúde não dá sinais de melhora.
Mesmo assim, trabalha em cidades do interior na campanha contra a epidemia de cólera que varreu a Rússia em 1892-3, trabalha incansavelmente de graça, pra ajudar a população carente.
Já era então um médico/autor conhecido, e não esquecia da sua cidade natal, para cujas bibliotecas enviava livros regularmente.
Em 1898, com a segunda encenação de A Gaivota, pela companhia de Stanislávski, o Teatro de Arte de Moscou, Tchékhov consegue revolucionar o teatro radicalmente e conhecer a sua futura esposa, Olga Knipper.
Depois de uma hemorragia dos pulmões, Tchekhóv se muda para Ialta, cenário de A Dama do Cachorrinho, a fim de finalmente dar um pouco de atenção para a própria saúde.
Tolstói visita Tchékhov em Ialta.
Tchékhov viria a morrer poucos naos depois, em 1900, em um spa na cidade de Badenweiler, Alemanha.
É assim que Olga descreve sua morte:
Para os que se interessaram pela vida desse grande homem, recomendo a leitura desse livro [o primeiro que eu li dele]:
Além dos 37 maravilhosos contos traduzidos por Tatiana Belinky, há o estudo biográfico de Janet Malcom.
Bem, estou com sono, amanhã posto mais sobre a obra dele.
Por outros respeito ou até um certo temor.
Às vezes, quando nos aprofundamos na biografia do autor, pode-se nutrir um certo desapontamento e até pena.
Mas há os raros autores pelos quais nutrimos carinho.
Eu nutro um carinho enorme por Anton P. Tchékhov, como se o houvesse conhecido pessoalmente, como se ele fosse meu amigo.
Isso advém do modo como ele constrói suas personagens, como se aprofunda na psicologia delas, como retrata o seu sofrimento com tanto respeito e poesia.
Um homem assim só pode ser admirado e estimado.
Quando conheci a biografia dele, esse sentimento se avolumou ainda mais.
Tchékhov foi um homem como poucos há hoje em dia.
Na infância, teve sempre a sombra do exigente pai sobre si. Como ele mesmo relata:
Tchékhov escreveu:Filho de um servo, ... servente de loja, cantor na igreja, estudante do liceu e da Universidade, educado para a reverência de superiores e para beijos de mão, para se curvar perante os pensamentos alheios, para a gratidão por qualquer pequeno pedaço de pão, muitas vezes sovado, indo à escola sem galochas.
Quando o pai fugiu, endividado, para Moscou e levou a família, o jovem Anton, com 17 anos apenas, ficou sozinho em Taganrog por dois anos, dando aulas particulares, se sustentando só, estudando e mandando dinheiro para a família.
Mesmo com todas essas dificuldades, conseguiu se formar em Medicina e, para ganhar alguns trocados, já escrevia pequenos contos humorísticos para revistas, começando uma relação dupla que teria com a medicina e a literatura.
Tchékhov escreveu:A medicina é minha fiel esposa e a literatura é minha amante; quando me canso de uma, passo a noite com a outra.
Anton trabalha, sem descanso, nas duas frentes, o que faz com que a sua produção de contos seja uma das maiores entre os russos, mas também o levou ao contato com várias moléstias, como a tuberculose, que acaba por contrair.
Varado pelo remorso, depois que seu irmão morreu de tuberculose, possivelmente infectado por ele mesmo, Tchékhov, empreende uma odisseia que quase lhe custa alguns anos da vida que ainda tinha.
Anton e seu irmão Nikolai.
Viaja para Ilha de Sacalina, uma prisão-zona de desterro, cujos habitantes viviam nas mais degradantes condições subumanas!
Lá passa 5 meses e faz um censo de toda a população, detalhando seus problemas e necessidades, do qual escreve um livro depois que volta a Moscou.
Quando volta de lá, sua saúde não dá sinais de melhora.
Mesmo assim, trabalha em cidades do interior na campanha contra a epidemia de cólera que varreu a Rússia em 1892-3, trabalha incansavelmente de graça, pra ajudar a população carente.
Já era então um médico/autor conhecido, e não esquecia da sua cidade natal, para cujas bibliotecas enviava livros regularmente.
Em 1898, com a segunda encenação de A Gaivota, pela companhia de Stanislávski, o Teatro de Arte de Moscou, Tchékhov consegue revolucionar o teatro radicalmente e conhecer a sua futura esposa, Olga Knipper.
Depois de uma hemorragia dos pulmões, Tchekhóv se muda para Ialta, cenário de A Dama do Cachorrinho, a fim de finalmente dar um pouco de atenção para a própria saúde.
Tolstói visita Tchékhov em Ialta.
Tchékhov viria a morrer poucos naos depois, em 1900, em um spa na cidade de Badenweiler, Alemanha.
É assim que Olga descreve sua morte:
Olga Knipper escreveu:Anton sentou-se na cama e disse, em alto e bom tom (embora soubesse pouco alemão): Ich sterbe ("Estou morrendo"). O médico o acalmou, deu-lhe uma injeção de cânfora e pediu que servissem champagne. Anton pegou uma taça cheia, a examinou, sorriu para mim, e disse: "Faz muito tempo que não bebo champagne." Ele bebeu, deitou suavemente sobre o lado esquerdo, e eu só tive tempo de chegar à cama e chamá-lo, ma ele tinha para do de respirar e estava tão em paz como uma criança...
Para os que se interessaram pela vida desse grande homem, recomendo a leitura desse livro [o primeiro que eu li dele]:
Além dos 37 maravilhosos contos traduzidos por Tatiana Belinky, há o estudo biográfico de Janet Malcom.
Bem, estou com sono, amanhã posto mais sobre a obra dele.
Re: Anton Pavlovich Tchekhov [Антон Павлович Чехов]
Górki em "Noite em casa de Chamov" -
Sinto quase dor física, quando se fala de Tchekhov demasiado alto, desrespeitosamente. Depois de 'Uma crise', considero-o um escritor que possui à perfeição 'um talento humano, sutil, uma sensibilidade magnífica em relação à dor' e à mágoa pelos homens...
tmanfrini- Guerra e Paz
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Re: Anton Pavlovich Tchekhov [Антон Павлович Чехов]
Compartilho certamente desse sentimento de Górki em relação a Tchekhov!
Re: Anton Pavlovich Tchekhov [Антон Павлович Чехов]
Tchekhov li somente esse:
Gostei muito dos contos, especialmente da forma como ele descreve as coisas sempre muito sutil, o que fez do Tchekhov um autor muito particular na Rússia, penso eu.
Só me incomoda o fato do personagem no "A dama do cachorrinho" se apaixonar tão perdidamente por uma mulher que ele mal conheceu. Reli o conto algumas vezes e simplesmente não entendo porque ele nutre um sentimento tão forte por alguém que mal viu. Fico com essa interrogação na cabeça sempre.
Gosto muito do conto "Angústia".
Gostei muito dos contos, especialmente da forma como ele descreve as coisas sempre muito sutil, o que fez do Tchekhov um autor muito particular na Rússia, penso eu.
Só me incomoda o fato do personagem no "A dama do cachorrinho" se apaixonar tão perdidamente por uma mulher que ele mal conheceu. Reli o conto algumas vezes e simplesmente não entendo porque ele nutre um sentimento tão forte por alguém que mal viu. Fico com essa interrogação na cabeça sempre.
Gosto muito do conto "Angústia".
Mat- Guerra e Paz
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Re: Anton Pavlovich Tchekhov [Антон Павлович Чехов]
As pessoas se apaixonam pela amálgama espiritual que esboçam das outras.
(Mal recordo d'A Dama do Cachorrinho.)
(Mal recordo d'A Dama do Cachorrinho.)
tmanfrini- Guerra e Paz
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Re: Anton Pavlovich Tchekhov [Антон Павлович Чехов]
Mat escreveu:Só me incomoda o fato do personagem no "A dama do cachorrinho" se apaixonar tão perdidamente por uma mulher que ele mal conheceu. Reli o conto algumas vezes e simplesmente não entendo porque ele nutre um sentimento tão forte por alguém que mal viu. Fico com essa interrogação na cabeça sempre.
The Beatles escreveu:"Would you believe in a love at first sight?"
"Yes I'm certain that it happens all the time."
Re: Anton Pavlovich Tchekhov [Антон Павлович Чехов]
tmanfrini escreveu:Comenta mais sobre A Gaivota!?
Bem, Thais, sobre A Gaivota, o próprio Tchékhov fala em uma carta:
Tchékhov escreveu:Estou escrevendo uma peça que na certa não terminarei antes do fim de novembro. Não posso negar que me agrada escrevê-la, embora esteja obviamente desrespeitando os princípios elementares do teatro. A comédia tem três papéis femininos, seis masculinos, quatro atos, uma paisagem (uma vista para o lago), muita conversa sobre literatura, pouca ação e cinco arrobas de amor.
Depois de pronta, escreveu:
Tchékhov escreveu:Terminei minha peça. Não é nada demais. No conjunto, diria que sou um dramaturgo medíocre.
Muito modesto, o Tchékov. “Genial” seria a palavra certa. Como ele mesmo previra, a peça fugia dos parâmetros comuns do teatro da época, se concentrando muito mais nos diálogos e no mundo interior das personagens e suas revoluções do que na ação em si. Mesmo havendo um salto temporal de dois anos entre o terceiro e o quarto atos, pouca coisa acontece exteriormente. É naquele mesmo esquema d’As Três Irmãs. Embora ele a chame de comédia, a peça é tudo, menos engraçada. Na verdade, essa denominação causou problemas para o autor no início.
Na estreia, em 17 de outubro de 1896, a peça foi vaiada pela plateia que esperava uma chanchada. No outro dia, em vários jornais, críticos afirmavam que Tchékhov havia perdido o talento.
Mas em 1898, a companhia Teatro de Arte de Moscou, de Konstantin Stanislavski montou a peça de forma apropriada e foi um sucesso, tanto para o diretor quanto para seus atores [entre os quais estava Olga Knipper, futura esposa de Tchékhov], o que serviu de base para que ele desenvolvesse o seu famoso método de interpretação.
A peça é metalinguística [pois há uma peça dentro da peça], é crítica [pois fala da arte e do sentido de ser artista no mundo] e é muito intimista e existencialista sem ser, em nenhum momento grandiloquente, falsa ou manipuladora; e aí está sua maior contribuição e inovação:
Tchekhov negava crédito aos ideais alçados além da medida do cotidiano e da vida comum. Não pretendia por em cena gênios, heróis ou mártires desses ideais, nem os vilões que por força os acompanham. Em vez de fazer soar, no palco, falas graves a todo instante em meio a uma sucessão de acontecimentos terríveis, Tchekhov imaginara personagens que comentavam o calor, o frio ou as doenças, calavam-se por falta de assunto e pouco agiam em uma história quase desprovida de acontecimentos. Pois assim a vida se mostrava, na maior parte do tempo, a seus olhos.
Mas não pense que a peça é chata por causa disso, pois a ação que falta no exterior é compensada pelos intensos embates e conflitos internos das personagens. A última frase da peça, por exemplo, é um soco no estômago do espectador.
Até hoje, a peça é montada com sucesso. Uma das últimas vezes foi com a Kristin Scott Thomas e o Peter Sasgaard!
Re: Anton Pavlovich Tchekhov [Антон Павлович Чехов]
Já percebo que é leitura obrigatória.
tmanfrini- Guerra e Paz
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Re: Anton Pavlovich Tchekhov [Антон Павлович Чехов]
Já viu Moscou, do Eduardo Coutinho?
E li essa mesma edição da tmafrini.
E li essa mesma edição da tmafrini.
tiago- Crime e Castigo
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Re: Anton Pavlovich Tchekhov [Антон Павлович Чехов]
Me perdoe tpnocera, mas Moscou é um dos piores docs do Coutinho
Assim como o Galpão é um dos piores grupos de teatro do Brasil.
Assim como o Galpão é um dos piores grupos de teatro do Brasil.
Re: Anton Pavlovich Tchekhov [Антон Павлович Чехов]
Jura? Eu não vi o filme.
E teatro não existe na minha vida (considerando que só ler coisas que provavelmente só foram feitas para serem representadas não conta).
E teatro não existe na minha vida (considerando que só ler coisas que provavelmente só foram feitas para serem representadas não conta).
tiago- Crime e Castigo
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Data de inscrição : 17/07/2011
Re: Anton Pavlovich Tchekhov [Антон Павлович Чехов]
tmanfrini escreveu:As pessoas se apaixonam pela amálgama espiritual que esboçam das outras.
(Mal recordo d'A Dama do Cachorrinho.)
Mas acho que pegou a idéia, a paixão do personagem é o estopim de uma transformação maior do personagem:
Tchekhov escreveu: (...) Yalta era quase invisível através da névoa matinal, sobre os cumes das montanhas, nuvens brancas pousavam imóveis. A folhagem não se movia nas árvores, as cigarras gritavam e o ruído monótono e surdo do mar, que chegava de baixo, falava da paz, do sono eterno que nos aguarda. O mesmo ruído soava lá embaixo, quando não existiam nem Yalta, nem Oreanda; ele soa agora e continuará soando de forma indiferente e surda, quando nós não mais existirmos. E nessa constância, nessa total indiferença para com a vida e a morte de cada um de nós, talvez se aloje o penhor de nossa salvação eterna, o movimento incessante da vida na terra, da ininterrupta perfeição (...) Se considerarmos bem, tudo é maravilhosso nesse mundo, tudo, afora aquilo que nós mesmos cismasmos e fazemos, quando nos esquecemos dos desígnios mais altos do ser, da nossa dignidade humana".
ps: Comprei o livro "Lendo o Tchekov", e só faça uma ressalva: não tem data nos contos! Não sei se é preciosismo da minha parte, mas como o cara escreveu trocentos contos ao longo dos anos e a seleção parece ser abrangente de todos, gostaria de saber quando foi a publicação de cada um.
tiago- Crime e Castigo
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Data de inscrição : 17/07/2011
Re: Anton Pavlovich Tchekhov [Антон Павлович Чехов]
TÍTULO: O ASSASSINATO E OUTRAS HISTÓRIAS
AUTOR: ANTON TCHEKHOV
EDITORA: ABRIL COLEÇÕES
O Assassinato e outras histórias traz uma seleção de 6 contos do que é considerado como a última fase de produção de Anton Tchekhov.
O autor aborda diversos aspectos da vida e cultura russa destacando principalmente a miséria, a vida conturbada e infeliz dos russos menos favorecidos, o alcoolismo, a violência, as relações pessoais e sociais da classe média interiorana, entre outros.
O estilo de Tchekhov arrebata o leitor logo nas primeiras páginas, sua narrativa é muito fluida, suave e concisa, além de permeada por uma discreta melancolia. Nas situações abordadas em seus contos, o autor, por mais absurda, triste e violenta que seja a situação, oferece uma narrativa carregada de uma beleza que faz com que sua obra seja diferenciada de alguns dos principais autores russos.
Os 6 contos selecionados são excepcionais. Em O Professor de letras e Iônitch, os costumes e fatos corriqueiros da classe média rural são mostrados sob a luz da paixão entre os personagens; Em O Assassinato, Os Mujiques, Em serviço e No fundo do barranco, Tchekhov escancara as relações familiares conturbadas das famílias russas em contos, por sinal os melhores, repletos de violência, dor, morte, avareza, ódio,crime e irracionalidade, imprimindo às páginas do livro uma série de personagens que deixam o leitor atônito.
Muito bom autor, talvez o melhor do gênero de narrativas curtas.
Jabá- Guerra e Paz
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Re: Anton Pavlovich Tchekhov [Антон Павлович Чехов]
Jabá escreveu:Muito bom autor, talvez o melhor do gênero de narrativas curtas.
Pode apostar. Todo contista quer ser Tchékov.
Re: Anton Pavlovich Tchekhov [Антон Павлович Чехов]
Retiro o que eu disse sobre A dama do cachorrinho.
Mat- Guerra e Paz
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Localização : Bahia
Re: Anton Pavlovich Tchekhov [Антон Павлович Чехов]
Pelo jeito o Mat está apaixonado, e à primeira vista ainda, quem diria.
tiago- Crime e Castigo
- Mensagens : 849
Data de inscrição : 17/07/2011
Re: Anton Pavlovich Tchekhov [Антон Павлович Чехов]
Dos autores russos, Tchekhov foi o primeiro que conheci.
De certa forma isso foi saudável, porquanto há alguma leveza sábia que paira sobre suas obras.
Otto Maria Carpeaux chamou o realismo tchekhoviano de além do realismo.
A Edusp tem uns títulos bem interessantes:
Cartas entre Gorki e Tchekhov.
Correspondência entre Tchékhov e seu editor.
De certa forma isso foi saudável, porquanto há alguma leveza sábia que paira sobre suas obras.
Otto Maria Carpeaux chamou o realismo tchekhoviano de além do realismo.
A Edusp tem uns títulos bem interessantes:
Cartas entre Gorki e Tchekhov.
Correspondência entre Tchékhov e seu editor.
Franz- A Dama do Cachorrinho
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Data de inscrição : 23/09/2012
Re: Anton Pavlovich Tchekhov [Антон Павлович Чехов]
Sou doido pra botar as mãos nesses dois!
E Tchekhov é sempre um bom começo.
E Tchekhov é sempre um bom começo.
Re: Anton Pavlovich Tchekhov [Антон Павлович Чехов]
Tem 3 na página, amigo. Pode ser mais específico?
Jabá- Guerra e Paz
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Re: Anton Pavlovich Tchekhov [Антон Павлович Чехов]
É um daqueles caras que nunca vou parar de reler.
Franz- A Dama do Cachorrinho
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Data de inscrição : 23/09/2012
Re: Anton Pavlovich Tchekhov [Антон Павлович Чехов]
Peguei uma dessas edições pela Better World Books
mas a minha é verde e há meia dúzia doutros contos.
mas a minha é verde e há meia dúzia doutros contos.
tmanfrini- Guerra e Paz
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Localização : Navegantes - SC
Re: Anton Pavlovich Tchekhov [Антон Павлович Чехов]
Acabei de ler o conto Ariadne na nova antologia.
Muito bom. Tchekhov definitivamente é o mestre do conto russo.
Muito bom. Tchekhov definitivamente é o mestre do conto russo.
Jabá- Guerra e Paz
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Data de inscrição : 06/09/2011
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Re: Anton Pavlovich Tchekhov [Антон Павлович Чехов]
Porra, Jabá, para de falar bem dessa antologia. Desse jeito vou ficar sem dinheiro!
Mat- Guerra e Paz
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Localização : Bahia
Re: Anton Pavlovich Tchekhov [Антон Павлович Чехов]
Mat escreveu:Porra, Jabá, para de falar bem dessa antologia. Desse jeito vou ficar sem dinheiro!
Você é besta. Para de comprar nessa bosta de Cultura e vai atrás de uma penchincha. Qualquer coisa consulte o Lavoura que ele te acha uma bem em conta.
E você tem que ter e ler essa antologia sim! Senão eu começo a postar sobre gibis!
Jabá- Guerra e Paz
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