Lúcio Cardoso
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Luciana Sousa
Becco
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Lúcio Cardoso
Vocês conhecem esse autor brasileiro que - infelizmente - é pouco lido? O cara introduziu o romance psicológico no nosso país. Só por isso já vale a leitura.
O apelido ali de cima foi a mídia da época que colocou por causa dos seus textos febris, com personagens atormentados numa realidade grotesca, como o mestre russo. Clarice Lispector tinha uma paixão platônica por ele que nunca se consolidou pelo fato dele ser homossexual, se correspondiam por cartas.
É meio unânime que a obra prima dele é a "Crônica da casa assassinada", mas eu particularmente gostei bem mais de "A luz no subsolo".
A obra completa do Lúcio está editada pela civilização brasileira. Vale muito a leitura. Em pensar que na escola me mandaram ler José de Alencar, José Lins rego etc, quando existia um cara desse, enfim... Se vocês não conhecem, vão atrás.
O apelido ali de cima foi a mídia da época que colocou por causa dos seus textos febris, com personagens atormentados numa realidade grotesca, como o mestre russo. Clarice Lispector tinha uma paixão platônica por ele que nunca se consolidou pelo fato dele ser homossexual, se correspondiam por cartas.
É meio unânime que a obra prima dele é a "Crônica da casa assassinada", mas eu particularmente gostei bem mais de "A luz no subsolo".
A obra completa do Lúcio está editada pela civilização brasileira. Vale muito a leitura. Em pensar que na escola me mandaram ler José de Alencar, José Lins rego etc, quando existia um cara desse, enfim... Se vocês não conhecem, vão atrás.
Mat- Guerra e Paz
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Re: Lúcio Cardoso
O Moser dá a entender que ela teve uma grande decepção pelo marido dela não ser metade do que o Cardoso era, inclusive isso pesou muito no divórcio. Quem sabe daqui umas décadas não lançam essas correspondências...Mat escreveu:Clarice Lispector tinha uma paixão platônica por ele que nunca se consolidou pelo fato dele ser homossexual, se correspondiam por cartas.
Re: Lúcio Cardoso
César escreveu:O Moser dá a entender que ela teve uma grande decepção pelo marido dela não ser metade do que o Cardoso era, inclusive isso pesou muito no divórcio. Quem sabe daqui umas décadas não lançam essas correspondências...Mat escreveu:Clarice Lispector tinha uma paixão platônica por ele que nunca se consolidou pelo fato dele ser homossexual, se correspondiam por cartas.
Aueaueaua Décadas não, pow. Seja otimista!
De certa forma foi até bom que a Clarice não conseguiu nada com ele, casais na literatura não costumam dá muito certo.
Mat- Guerra e Paz
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Re: Lúcio Cardoso
A correspondência dela com o Sabino foi retirada do mercado, Brasil é muito problemático com essa coisa de imagem pública, qualquer biografia pode ser retirada do mercado sem muita dificuldade.Mat escreveu:César escreveu:O Moser dá a entender que ela teve uma grande decepção pelo marido dela não ser metade do que o Cardoso era, inclusive isso pesou muito no divórcio. Quem sabe daqui umas décadas não lançam essas correspondências...Mat escreveu:Clarice Lispector tinha uma paixão platônica por ele que nunca se consolidou pelo fato dele ser homossexual, se correspondiam por cartas.
Aueaueaua Décadas não, pow. Seja otimista!
Re: Lúcio Cardoso
Li sobre esse affair unilateral entre o Cardoso e a Lispector na biografia do Moser.
Ela era mesmo apaixonadíssima por ele, mas o cara claramente não curtia mulher, acho que só a Clarice não via.
No mestrado, um colega meu defendeu a dissertação sobre "Crônica da Casa Assassinada", e eu fiquei com muita vontade de ler.
Uma vez achei uma edição boa e barata no sebo, mas tava sem grana e, quando voltei lá, já tinham comprado.
Não sabia desse "apelido" dele. Lerei com certeza.
Ela era mesmo apaixonadíssima por ele, mas o cara claramente não curtia mulher, acho que só a Clarice não via.
No mestrado, um colega meu defendeu a dissertação sobre "Crônica da Casa Assassinada", e eu fiquei com muita vontade de ler.
Uma vez achei uma edição boa e barata no sebo, mas tava sem grana e, quando voltei lá, já tinham comprado.
Não sabia desse "apelido" dele. Lerei com certeza.
Re: Lúcio Cardoso
Becco escreveu:Li sobre esse affair unilateral entre o Cardoso e a Lispector na biografia do Moser.
Ela era mesmo apaixonadíssima por ele, mas o cara claramente não curtia mulher, acho que só a Clarice não via.
No mestrado, um colega meu defendeu a dissertação sobre "Crônica da Casa Assassinada", e eu fiquei com muita vontade de ler.
Uma vez achei uma edição boa e barata no sebo, mas tava sem grana e, quando voltei lá, já tinham comprado.
Não sabia desse "apelido" dele. Lerei com certeza.
Aqui cara, dê uma olhada: http://veja.abril.com.br/011100/p_138.html
Mat- Guerra e Paz
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Re: Lúcio Cardoso
Tenho curiosidade de ler o Lúcio, mas tenho visto tanto oba-oba em torno dele, que me aporrinho e desisto.
Continuo achando desnecessária a crítica ácida à turma do Nordeste. O problema está na obrigatoriedade e não na qualidade. Teria o mesmo valor se lesse o Cardoso para fazer uma prova? E Dostoiewski para um tema de redação nas férias? Meu amigo Charlie Brown que o diga.
Alencar e José Lins têm sua importância literária sim, como tiveram e têm Lúcio Cardoso, Clarice Lispector. Tantos não a suportam... Ela é ruim? Indecifrável? É uma questão pessoal, depende da formação também, dos valores, enfim. Adoro Clarice, mesmo tendo sido obrigada a ler para o vestibular.
Continuo achando desnecessária a crítica ácida à turma do Nordeste. O problema está na obrigatoriedade e não na qualidade. Teria o mesmo valor se lesse o Cardoso para fazer uma prova? E Dostoiewski para um tema de redação nas férias? Meu amigo Charlie Brown que o diga.
Alencar e José Lins têm sua importância literária sim, como tiveram e têm Lúcio Cardoso, Clarice Lispector. Tantos não a suportam... Ela é ruim? Indecifrável? É uma questão pessoal, depende da formação também, dos valores, enfim. Adoro Clarice, mesmo tendo sido obrigada a ler para o vestibular.
Re: Lúcio Cardoso
Luciana Sousa escreveu:Tenho curiosidade de ler o Lúcio, mas tenho visto tanto oba-oba em torno dele, que me aporrinho e desisto.
Continuo achando desnecessária a crítica ácida à turma do Nordeste. O problema está na obrigatoriedade e não na qualidade. Teria o mesmo valor se lesse o Cardoso para fazer uma prova? E Dostoiewski para um tema de redação nas férias? Meu amigo Charlie Brown que o diga.
Alencar e José Lins têm sua importância literária sim, como tiveram e têm Lúcio Cardoso, Clarice Lispector. Tantos não a suportam... Ela é ruim? Indecifrável? É uma questão pessoal, depende da formação também, dos valores, enfim. Adoro Clarice, mesmo tendo sido obrigada a ler para o vestibular.
Também li Clarice para o vestibular e achei uma maravilha, li Machado para o vestibular e achei outra maravilha. Acredito que Dostoievski, ou qualquer outro que admiro, teria a mesma importância para mim se tivesse que escrever redações ou fazer provas, aliás, seria incrível!
Mat- Guerra e Paz
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Re: Lúcio Cardoso
Mas nesse lance de "ler obrigado", as coisas podem ser meio forçadas, imaginem se nos fizessem ver filmes na escola, e já de cara viesse 2001 pra vermos? Um porre.
Re: Lúcio Cardoso
César escreveu:Mas nesse lance de "ler obrigado", as coisas podem ser meio forçadas, imaginem se nos fizessem ver filmes na escola, e já de cara viesse 2001 pra vermos? Um porre.
Pode ser, mas podem acontecer descobertas também.
Mat- Guerra e Paz
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Re: Lúcio Cardoso
Sobre essa lance de ler obrigado, tinha alguns ótimos livros na lista quando eu fiz (Noites na Taverna, Lavoura Arcaica, etc) mas eu li todos depois. A razão é que é muito mais útil ler resumos/esquema de temas para a prova do que a obra inteira, aliás, acho que ler tudo até prejudica. Pelo menos na época que eu fiz.
Tá aí um ótimo conselho pra dar pros seus filhos.
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tiago- Crime e Castigo
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Re: Lúcio Cardoso
Odeio essa coisa de definir um escritor com um outro escritor: comparável a dizer que Neymar é o novo Pelé. Neymar é Neymar, Dostoiévski é Dostoiévski. É por isso que não tenho muita vontade de ler o Lúcio: não só porque tem muito 'oba oba' em torno dele, como disse a Luciana, mas também porque, se for para ler algo que é Dostoiévski sem ser Dostoiévski, prefiro ler Dostoiévski. Acho, portanto, prejudicial ficar rotulando o Lúcio como o 'Dostoiévski tupiniquim'. Para mim, não é uma boa principalmente por dois motivos: o nacionalismo - 'também temos um Dostoiévski, olha como somos foda!' - (e sabemos como o ufanismo brasileiro - principalmente, o que é óbvio, da mídia, beira o ridículo); e o fato de que ter uma alma atormentada e escrever romance psicológico não é de forma alguma assemelhar-se a Dostoiévski - e sim aproximar-se de um certo fazer literário que está presente em Dostoiévski e que foi bastante desenvolvido por este.
Teufel- Noites Brancas
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Re: Lúcio Cardoso
Com o relator.Teufel escreveu:Odeio essa coisa de definir um escritor com um outro escritor: comparável a dizer que Neymar é o novo Pelé. Neymar é Neymar, Dostoiévski é Dostoiévski. É por isso que não tenho muita vontade de ler o Lúcio: não só porque tem muito 'oba oba' em torno dele, como disse a Luciana, mas também porque, se for para ler algo que é Dostoiévski sem ser Dostoiévski, prefiro ler Dostoiévski. Acho, portanto, prejudicial ficar rotulando o Lúcio como o 'Dostoiévski tupiniquim'. Para mim, não é uma boa principalmente por dois motivos: o nacionalismo - 'também temos um Dostoiévski, olha como somos foda!' - (e sabemos como o ufanismo brasileiro - principalmente, o que é óbvio, da mídia, beira o ridículo); e o fato de que ter uma alma atormentada e escrever romance psicológico não é de forma alguma assemelhar-se a Dostoiévski - e sim aproximar-se de um certo fazer literário que está presente em Dostoiévski e que foi bastante desenvolvido por este.
Re: Lúcio Cardoso
Teufel escreveu:Odeio essa coisa de definir um escritor com um outro escritor: comparável a dizer que Neymar é o novo Pelé. Neymar é Neymar, Dostoiévski é Dostoiévski. É por isso que não tenho muita vontade de ler o Lúcio: não só porque tem muito 'oba oba' em torno dele, como disse a Luciana, mas também porque, se for para ler algo que é Dostoiévski sem ser Dostoiévski, prefiro ler Dostoiévski. Acho, portanto, prejudicial ficar rotulando o Lúcio como o 'Dostoiévski tupiniquim'. Para mim, não é uma boa principalmente por dois motivos: o nacionalismo - 'também temos um Dostoiévski, olha como somos foda!' - (e sabemos como o ufanismo brasileiro - principalmente, o que é óbvio, da mídia, beira o ridículo); e o fato de que ter uma alma atormentada e escrever romance psicológico não é de forma alguma assemelhar-se a Dostoiévski - e sim aproximar-se de um certo fazer literário que está presente em Dostoiévski e que foi bastante desenvolvido por este.
Well, obviamente você não entendeu.
Primeiro: que merda de oba oba é esse que vocês tanto falam? Não vejo porra de oba oba nenhum.
Segundo: Você não acha que o exercício de comparação não é enriquecedor? E o diálogo de milênios em toda a história da literatura? A intertextualidade? O jogo de referências de autor para autor? Você não acha que isso não é proveitoso? Você nunca na sua vida descobriu um autor porque um outro autor o citou? Caraca, parabéns.
Olha só, essa coisa de ficar dizendo que "Dotoievski é Dostoievski" já não está implícito? Tenho que repetir isso em todo o post? Ninguém aqui sabe? É que nem aquele lance do "assemelha-se ou aproxima-se", Entende? Alguém aqui tem 12 anos de idade e não sabe disso? Comparei Cardoso com Dostoievski por isso aqui ser um fórum de literatura russa e imaginei que a maioria das pessoas são leitores dele. Além do mais, você consegue realmente ler o Lucio e não encontrar semelhanças óbvias entre suas obras? É pecado dizer que o Lúcio trabalha o desespero humano assim como o velho russo fazia? É mais que óbvio que eles são duas pessoas diferentes, em países diferentes, em cultura diferentes e por aí vai...Outra coisa, a leitura do Lúcio vale muito a pena, não porque ele é igual ao Dostoievski, mas porque ele soube representar na sociedade brasileira um tipo de decadência que não tínhamos visto nem no romantismo. Talvez o realismo ácido de Machado chegue perto, mas a questão do Lúcio é que ele não tem nem um pingo do senso de humor inteligente do Buxo, o realismo dele concentra-se em um retrato fiel das relações humanas. Não disse que o Lúcio escreve a mesma coisa que o Dostoiesvki ou que ele o copia, enfim, apenas quis fazer um diálogo para aproximar o pessoal daqui ao Lúcio.
'também temos um Dostoiévski, olha como somos foda!' - (e sabemos como o ufanismo brasileiro - principalmente, o que é óbvio, da mídia, beira o ridículo)
Sim, concordo, mas no fim das contas o Brasil é só um bebê no que diz respeito a literatura, não? Em relação à Europa nós seremos sempre periféricos. Gostem ou não, é isso ¯\_(ツ)_/¯
Mat- Guerra e Paz
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Re: Lúcio Cardoso
Mat, gostei da sua resposta. Muito produtiva para que a discussão siga em um bom nível. Quero deixar claro desde agora (porque acho que antes não deixei), que em momento nenhum pretendi e pretendo ofender ninguém. Ok, acho que isso é óbvio, mas como muitas coisas, é sempre bom explicitar.
Entre essas coisas que acho bom explicitar é justamente o que você fez: que ao dizer que o Lúcio é o Dostoiévski brasileiro você não quis igualar este a aquele, mas sim compará-los. Meu problema, contudo, é que ao dizer: 'olha, um Dostoiévski no Brasil', você acaba correndo sérios riscos de igualar um ao outro. Para mim, igualar (quem quer que seja a quem quer que seja) é um risco pelos seguintes motivos: a) você (é 'você' em geral) acaba de partida formatando o igualante ao igualado (se me permitem), o que, se obviamente não exclui logicamente a possibilidade de compará-lo a outros escritores e buscar o lugar próprio deste em relação aos outros, com certeza aumenta a tendência para que isso não aconteça; e b) ao não dizer 'gente, olha como o Lúcio aproxima-se de Dostoiévski', mas 'Lúcio, o Dostoiévski brasileiro', você (em geral) acaba por nos fazer ler o Lúcio 'dostoievskamente'; ou seja, você dostoievsfica o Lúcio, sem explicitar essa ação. Pode ser só uma implicância minha dizer que 'Dostoiévski é Dostoiévski', mas acho que, como você disse, por estarmos em um fórum sobre literatura, a forma sintática é de suma importância, e diferenças sutis podem ter grandes consequências.
Sobre o 'oba-oba', acho que é uma questão menor, mas da forma como vejo, acaba-se promovendo o Lúcio ao igualá-lo ao Dostoiévski - faz-se marketing -, porque nós, seres humanos, temos a tendência de inferir que se o Lúcio é o Dostoiévski brasileiro, então ele tem (ou deveria ter) todo o louvor que este tem na literatura mundial. Isso absolutamente não é culpa do Lúcio, mas é como quando dizem que Neymar é o novo Pelé, mas o rapaz ainda não fez nem um décimo do que Pelé fez. Igualar e comparar para mim são coisas diferentes, assim como a metáfora é diferente da comparação - mesmo, observemos, que ambas estejam próximas. Para mim, Lúcio e Dostoiévski são diferentes, mesmo que sejam parecidos; e se é importante aproximá-los, é importante também manter (e explicitar) as devidas distâncias entre um e outro.
Entre essas coisas que acho bom explicitar é justamente o que você fez: que ao dizer que o Lúcio é o Dostoiévski brasileiro você não quis igualar este a aquele, mas sim compará-los. Meu problema, contudo, é que ao dizer: 'olha, um Dostoiévski no Brasil', você acaba correndo sérios riscos de igualar um ao outro. Para mim, igualar (quem quer que seja a quem quer que seja) é um risco pelos seguintes motivos: a) você (é 'você' em geral) acaba de partida formatando o igualante ao igualado (se me permitem), o que, se obviamente não exclui logicamente a possibilidade de compará-lo a outros escritores e buscar o lugar próprio deste em relação aos outros, com certeza aumenta a tendência para que isso não aconteça; e b) ao não dizer 'gente, olha como o Lúcio aproxima-se de Dostoiévski', mas 'Lúcio, o Dostoiévski brasileiro', você (em geral) acaba por nos fazer ler o Lúcio 'dostoievskamente'; ou seja, você dostoievsfica o Lúcio, sem explicitar essa ação. Pode ser só uma implicância minha dizer que 'Dostoiévski é Dostoiévski', mas acho que, como você disse, por estarmos em um fórum sobre literatura, a forma sintática é de suma importância, e diferenças sutis podem ter grandes consequências.
Sobre o 'oba-oba', acho que é uma questão menor, mas da forma como vejo, acaba-se promovendo o Lúcio ao igualá-lo ao Dostoiévski - faz-se marketing -, porque nós, seres humanos, temos a tendência de inferir que se o Lúcio é o Dostoiévski brasileiro, então ele tem (ou deveria ter) todo o louvor que este tem na literatura mundial. Isso absolutamente não é culpa do Lúcio, mas é como quando dizem que Neymar é o novo Pelé, mas o rapaz ainda não fez nem um décimo do que Pelé fez. Igualar e comparar para mim são coisas diferentes, assim como a metáfora é diferente da comparação - mesmo, observemos, que ambas estejam próximas. Para mim, Lúcio e Dostoiévski são diferentes, mesmo que sejam parecidos; e se é importante aproximá-los, é importante também manter (e explicitar) as devidas distâncias entre um e outro.
Teufel- Noites Brancas
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Re: Lúcio Cardoso
Sobre a questão dos periféricos é uma longa e outra discussão. Poderíamos abrir um tópico para discuti-la, não?
Gostaria de problematizar algumas coisas e ver o que as pessoas por aqui pensam sobre isso.
Gostaria de problematizar algumas coisas e ver o que as pessoas por aqui pensam sobre isso.
Teufel- Noites Brancas
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Re: Lúcio Cardoso
Abra quantos tópicos quiser, meu caro.Teufel escreveu:Sobre a questão dos periféricos é uma longa e outra discussão. Poderíamos abrir um tópico para discuti-la, não?
Gostaria de problematizar algumas coisas e ver o que as pessoas por aqui pensam sobre isso.
Re: Lúcio Cardoso
Teufel escreveu:Mat, gostei da sua resposta. Muito produtiva para que a discussão siga em um bom nível. Quero deixar claro desde agora (porque acho que antes não deixei), que em momento nenhum pretendi e pretendo ofender ninguém. Ok, acho que isso é óbvio, mas como muitas coisas, é sempre bom explicitar.
Entre essas coisas que acho bom explicitar é justamente o que você fez: que ao dizer que o Lúcio é o Dostoiévski brasileiro você não quis igualar este a aquele, mas sim compará-los. Meu problema, contudo, é que ao dizer: 'olha, um Dostoiévski no Brasil', você acaba correndo sérios riscos de igualar um ao outro. Para mim, igualar (quem quer que seja a quem quer que seja) é um risco pelos seguintes motivos: a) você (é 'você' em geral) acaba de partida formatando o igualante ao igualado (se me permitem), o que, se obviamente não exclui logicamente a possibilidade de compará-lo a outros escritores e buscar o lugar próprio deste em relação aos outros, com certeza aumenta a tendência para que isso não aconteça; e b) ao não dizer 'gente, olha como o Lúcio aproxima-se de Dostoiévski', mas 'Lúcio, o Dostoiévski brasileiro', você (em geral) acaba por nos fazer ler o Lúcio 'dostoievskamente'; ou seja, você dostoievsfica o Lúcio, sem explicitar essa ação. Pode ser só uma implicância minha dizer que 'Dostoiévski é Dostoiévski', mas acho que, como você disse, por estarmos em um fórum sobre literatura, a forma sintática é de suma importância, e diferenças sutis podem ter grandes consequências.
Sobre o 'oba-oba', acho que é uma questão menor, mas da forma como vejo, acaba-se promovendo o Lúcio ao igualá-lo ao Dostoiévski - faz-se marketing -, porque nós, seres humanos, temos a tendência de inferir que se o Lúcio é o Dostoiévski brasileiro, então ele tem (ou deveria ter) todo o louvor que este tem na literatura mundial. Isso absolutamente não é culpa do Lúcio, mas é como quando dizem que Neymar é o novo Pelé, mas o rapaz ainda não fez nem um décimo do que Pelé fez. Igualar e comparar para mim são coisas diferentes, assim como a metáfora é diferente da comparação - mesmo, observemos, que ambas estejam próximas. Para mim, Lúcio e Dostoiévski são diferentes, mesmo que sejam parecidos; e se é importante aproximá-los, é importante também manter (e explicitar) as devidas distâncias entre um e outro.
Então, cara, eu também gostei do que você problematizou, só não quero que você não me entenda mal. Como eu te falei, não disse que o Lúcio é Dostoievski, apenas usei o Dostoievski como um elemento de aproximação pro pessoal aqui do fórum (e seus temas são inegavelmente parecidos, claro, que cada um a seu jeito) Mas, assim, eu acho que você está pensando que a obra do Lúcio só é analisada por essa vertente e na verdade não é, foi como eu te falei, citei o Dostoievski só como um mediador de mundos, cara. A ficção do Lúcio é bastante rica em psicologia e só por isso já vale a pena.
Esse seu questionamento foi fundamental, ficar dizendo "olha temos um Dosotoievski" é realmente um pouco humilhante, mas são coisas da mídia, isso sempre vai chamar a atenção querendo ou não. Lúcio e Dostoievski são diferentes claro, mas se aproximam em algum momento para eventuais diálogos.
Mat- Guerra e Paz
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Re: Lúcio Cardoso
Peguei A Crônica da Casa Assassinada na biblioteca.
Suas 500 páginas me assustaram e ainda não comecei a leitura.
Depois posto minhas impressões.
Suas 500 páginas me assustaram e ainda não comecei a leitura.
Depois posto minhas impressões.
Re: Lúcio Cardoso
Lorenzo Becco escreveu:Peguei A Crônica da Casa Assassinada na biblioteca.
Suas 500 páginas me assustaram e ainda não comecei a leitura.
Depois posto minhas impressões.
Eu não curti muito. É narrado por cartas, não gosto.
Chamam de obra-prima porque em termos de estrutura é o mais bem construído. Mas, "A luz no subsolo" é imbatível pra mim até hoje.
Mat- Guerra e Paz
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Re: Lúcio Cardoso
Mais ou menos em ordem de preferência, fica assim:
Crônica da Casa Assassinada
Dias Perdidos/ O Desconhecido / O Enfeitiçado
A Luz no Subsolo
Mãos Vazias / Inácio
Salgueiro
Maleita
Os dois últimos são meio inúteis.
Crônica da Casa Assassinada
Dias Perdidos/ O Desconhecido / O Enfeitiçado
A Luz no Subsolo
Mãos Vazias / Inácio
Salgueiro
Maleita
Os dois últimos são meio inúteis.
tiago- Crime e Castigo
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Mat- Guerra e Paz
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Re: Lúcio Cardoso
Nunca ouvi falar. Devo ficar triste, amigos?
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Re: Lúcio Cardoso
Tashinha escreveu:Nunca ouvi falar. Devo ficar triste, amigos?
uhum, ele é ótimo.
Mat- Guerra e Paz
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Re: Lúcio Cardoso
Comprei "Maleita" e "A Luz no subsolo". Fiquei curioso com esse zunzunzun, mas até agora minhas expectativas se confirmam, pelo menos com Maleita, que comecei a ler: "chovendo no molhado". Nada que ninguém já não tenha feito, nada de "genial"... inclusive essa narrativa descritiva e psicológica já deu muito certo em "Angústia" e "Insônia" do Graciliano Ramos, do qual sou leitor apaixonado. Mas vamos ate o final pra ver o que acontece, não é?
Post Scriptum: Comprei os dois juntos a R$20 numa promoção da Saraiva, se não fosse isso, eles continuariam lá na estante...
Post Scriptum: Comprei os dois juntos a R$20 numa promoção da Saraiva, se não fosse isso, eles continuariam lá na estante...
Darth Vader- Noites Brancas
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