Literatura Japonesa
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César
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Aline Santiago
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Oric
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Re: Literatura Japonesa
Sanshiro Ogawa [lê-se “Sanchirô”] sai do interior do Japão rumo à deslumbrante capital para estudar literatura, mas a transição à vida adulta não será como ele imagina. Aqui, na primeira parte da trilogia informal de Natsume Soseki composta ainda por E depois e O portal, o verdadeiro aprendizado do protagonista se dá mais na contemplação das formosas nuvens do céu azul de Tóquio do que nas supostamente edificantes aulas da universidade.
Neste romance de formação, ambientado na virada do século XIX para o XX, o ingênuo personagem-título atravessa as ruínas de um sistema de ensino caduco, formado por alunos que fingem que estudam e por falsos “mestres” cuja fachada intelectual não resiste a um olhar mais atento.
Assim, no ir e vir de nosso pacato calouro, desvendamos, por exemplo, o soberbo professor Hirota, que passa seu tempo expelindo “fumaça filosófica” pelo nariz, ou ainda o artista Haraguchi, retratista de pincelada e constituição robustas, partidário das modernas tendências europeias. Perto deles, no entanto, Sanshiro não passa de um xucro, sobretudo no plano pessoal, ao evidenciar seu embaraço e sua pouca habilidade com o sexo oposto a partir da afeição que passa a nutrir pela instigante Mineko.
A trama de Sanshiro foi serializada em setembro de 1908 no Asahi Shimbun, e Soseki considerou ainda para a obra os títulos “O jovem”, “Leste e oeste” e “Plana planície”, por receio de o jornal não julgar o nome do protagonista atraente o suficiente para o leitor – leitor esse que, seja no Japão da era Meiji ou no Ocidente pós-moderno, acompanha, deliciado, as atitudes e o comportamento peculiares de nosso jovem herói em busca de sua epifania.
Conhecido pela grande habilidade na construção psicológica de seus personagens, Soseki também evidencia aqui tal característica. A despeito da distância secular de que data a origem da obra, Sanshiro não deixa de ser uma amostragem bem acabada da “modernidade” estilística do autor, tido como o pai da ficção japonesa contemporânea – Haruki Murakami, por exemplo, admite que Sanshiro lhe serviu de referência para elaborar seu Norwegian Wood, que também trata de um personagem recém-chegado à universidade.
O humor sutil, com que Soseki já assombrara em seu primeiro romance, Eu sou um gato, reaparece em Sanshiro de forma ainda mais oportuna e elegante, nas situações em que o protagonista não consegue evitar o profundo desajeito para lidar com as coisas e pessoas do mundo cosmopolita – e do mundo dos adultos. Pois Sanshiro, o personagem, não é outra coisa que não um pós-adolescente deslocado da vida real, como a esperar que a universidade lhe ensine os atalhos para achar seu lugar no mundo. Vã expectativa.
http://www.estacaoliberdade.com.br/sanshiro/
Mat- Guerra e Paz
- Mensagens : 2969
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Re: Literatura Japonesa
Gostei da premissa.
Oric- Crime e Castigo
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Re: Literatura Japonesa
Que livro, amigos! Cada capítulo é melhor que o anterior. Kawabata com seu ritmo calmo, narrativa bastante detalhada, pintando um quadro na frente do leitor. A forma como ele conduz os sonhos, lembranças e reflexões de Eguchi, a partir de suas experiências na Casa das Belas Adormecidas, é primorosa.
O estilo me lembrou bastante do filme Morte em Veneza, do Visconti (revi recentemente). E a história, claro, me fez lembrar do "Memórias de Minhas Putas Tristes", do Gabo, que se inspirou no livro do Kawabata.
Sem dúvida quero ler outros do autor, assim como o livro citado na orelha, Diário de um Velho Louco, de Tanizaki.
Oric- Crime e Castigo
- Mensagens : 948
Data de inscrição : 18/12/2012
Re: Literatura Japonesa
Estes são os livros que li do Haruki Murakami. Este escritor me conquistou muito no último ano e fui lendo loucamente os livros dele na sequência. Gosto muito do autor, especialmente pela forma como narra histórias tão cotidianas e as intercala com elementos surreais e misteriosos. Contudo me irrita o fato de ele não "saber terminar" seus livros. Não digo isso pelo fato de ele não "explicar" os mistérios ou os elementos surreais e sim por, algumas vezes, parecer que uma criança de 6 anos terminou de escrever o livro de tão mal escrito que ficou. Os finais de 1Q83 (Parte 3) e o de Minha querida Sputnik me deixaram extremamente decepcionada por causa disso. Talvez eu tenha sido mal acostumada a finais bem feitos.
O que falo quando falo de corrida, Norwegian Wood e 1Q83 (Parte 1 e 2) com certeza marcaram a minha vida e me motivaram a conhecer mais sobre o autor. Os dois últimos romances são extremamente bem construídos e cada capítulo atiça a vontade do leitor de continuar e de se envolver ainda mais com os personagens. Recomendo estes!
Karenina- Crime e Castigo
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Re: Literatura Japonesa
Muramaki, esse Tólstoi nipônico. Tenho muita vontade de ler. Projeto para os próximos 3 ou 4 anos.
Jabá- Guerra e Paz
- Mensagens : 3743
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Re: Literatura Japonesa
César escreveu:Tolstói nipônico? Não mesmo
Mas ele também não sabe finalizar suas obras.
Jabá- Guerra e Paz
- Mensagens : 3743
Data de inscrição : 06/09/2011
Idade : 43
Localização : Teresina/PI
Re: Literatura Japonesa
Tanizaki certamente é o Dostoiévski japonês.
RafaelS- Ana Karenina
- Mensagens : 399
Data de inscrição : 11/02/2013
Localização : Rio de Janeiro
Re: Literatura Japonesa
Foda, pode haver uma Tchékov de saias mas não um Tólstoi japonês
Jabá- Guerra e Paz
- Mensagens : 3743
Data de inscrição : 06/09/2011
Idade : 43
Localização : Teresina/PI
Re: Literatura Japonesa
https://www.youtube.com/watch?v=VwlEMOK73AY
Mat- Guerra e Paz
- Mensagens : 2969
Data de inscrição : 12/07/2011
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Re: Literatura Japonesa
Esse Jabá fresca! Ó, Jabá, se tiver interesse começa pelo Norwegian Wood. Foi o livro dele que mais me marcou e que achei mais bem escrito. Além disso, o autor, o tempo todo, cita escritores e músicos. A maioria das referências eu já conhecia, mas as novas valeram a pena
Estou com este acima para ler! Agora falta arrumar tempo =)
Estou com este acima para ler! Agora falta arrumar tempo =)
Karenina- Crime e Castigo
- Mensagens : 870
Data de inscrição : 19/09/2011
Idade : 35
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