Literatura Russa
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Fiódor Sologub [Фёдор Сологу́б]

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Fiódor Sologub [Фёдор Сологу́б] Empty Fiódor Sologub [Фёдор Сологу́б]

Mensagem por Mat 22nd janeiro 2013, 5:19 pm

Fiódor Sologub [Фёдор Сологу́б] 4RIAN_00073905.LR.ru

Fiódor Sologub (1863-1927) foi um dos expoentes do simbolismo russo, que floresceu no início do século XX. Às vésperas das revoluções de 1905 e 1917, o movimento simbolista, no qual o apuro na linguagem se fez tão presente em construções sapientemente elaboradas como as da escrita de Sologub, preparou o advento de novos caminhos estéticos na arte russa, além de ter impulsionado uma grande transformação cultural e filosófica no país.

Fiódor Sologub, pseudônimo de Fiódor Kuzmítch Tetiérnikov, nasceu no ano de 1863 em São Petersburgo. Perdeu o pai, um alfaiate, aos quatro anos de idade. Sua mãe, severa e religiosa, depois da morte do marido, tornou-se criada na casa dos Agápov, uma influente família petersburguesa, onde Fiédia, como era chamado, e sua irmã mais nova, Olga, passaram a infância e a juventude. Ao concluir o Instituto Técnico de São Petersburgo, ele trabalhou como professor de matemática e depois como inspetor escolar até o ano de 1907.

A obra de Sologub começou a ser publicada em almanaques na década de 1880, mas foi o ano de 1896 que marcou o início de sua carreira quando três de seus livros foram publicados: Poemas; Sombras: Contos e Versos; e o romance Sonhos maus.

A figura estranha e esquiva de Fiódor Sologub tornou-se lendária. Muitos escritores e poetas teceram palavras exultantes sobre sua obra, como Andrei Biély (1880-1934) e Evguéni Zamiátin (1884-1937), mas invariavelmente o descreviam como um homem de poucas palavras e ausente, sempre com o pincenê, as pernas cruzadas e os olhos entreabertos.

Em geral, nutriam um estranho respeito por Fiódor Sologub, tanto pelo jeito difícil e seguro de si como pelo talento e pela erudição. Mikhail Bakhtin, que conheceu Sologub alguns anos antes da morte do escritor, também o retratou pelo temperamento pesado e pessimista, mas como uma personalidade independente. Era um tipo particular, distante da imagem dos simbolistas − não carregava a aura pungente de muitos poetas, como Biély e Briussóv. Com relação à sua obra, Bakhtin foi também um de seus apreciadores: "[...] eu sempre considerei Sologub um poeta extremamente talentoso, sua poesia tem muito valor. Além disso, entre seus romances há O Diabo Mesquinho, que eu considero um dos melhores romances do século XX. Este é um romance maravilhoso, muito profundo, muito interessante... quase profético... [...] E a figura de Peredonov é uma das mais importantes da nossa literatura". (M.M. Bakhtin, bessiédy s V. D. Duvákinym, M.M. Bakhtin: conversas com V. D. Duvákin. Moscou: Soglásnie, 2002)

A morte trágica de sua esposa e colaboradora, a ensaísta, tradutora e escritora Anastassia Nikoláevna Tchebotariévskaia (1876-1921), que se jogou da ponte Tutchkóv ao rio Nevá, marcou os últimos anos do escritor. Sologub escreveu até o fim da vida.

Fiódor Sologub teve uma vasta carreira literária. Escreveu romances – como Sonhos maus, a trilogia A lenda criada e sua mais afamada obra em prosa, O Diabo Mesquinho (Kalinka 2008), também levada ao palco –, inúmeras poesias, ensaios, contos e peças de teatro, tendo trabalhado com importantes encenadores, como V. Meyerhold (1874-1940). Suas Obras reunidas publicadas em Petersburgo pela Editora Sirin (1913-1914) constituem 20 volumes, que foram ainda complementados com seus escritos posteriores.

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Mensagem por Mat 23rd janeiro 2013, 9:41 pm

Aleksándr Alekséievitch Avinovítski tinha aparência sombria, como se a natureza o tivesse feito para repreensões e reprimendas. Entretanto, esse homem, de saúde indestrutível, que nadava no rio de inverno a inverno, parecia magro por estar abundantemente coberto de uma barba preta com reflexos azulados. Ele sempre metia em todos, quando não medo, um sentimento incômodo, porque, incansavelmente, estava escarnecendo de alguém ou ameaçando com a Sibéria e os trabalhos forçados [...]

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Mensagem por Jabá 31st janeiro 2013, 6:04 pm

Eu acabei de ler o conto Luz e Sombras na nova antologia e estou perplexo e estupefato.

Puta

Conto

FOOOOOOOOOODAAAAAA!!!!

Difícil escolha, mas melhor conto lido até agora (já li 18 inclusive os medalhões).

Já ia abrir um tópico quando me deparo com esse O diabo mesquinho!!!!

Eu tenho que ler mais Sologub!!!!
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Mensagem por tiago 31st janeiro 2013, 6:18 pm

Jabá escreveu:Eu acabei de ler o conto Luz e Sombras na nova antologia e estou perplexo e estupefato.

Puta

Conto

FOOOOOOOOOODAAAAAA!!!!

Difícil escolha, mas melhor conto lido até agora (já li 18 inclusive os medalhões).

Já ia abrir um tópico quando me deparo com esse O diabo mesquinho!!!!

Eu tenho que ler mais Sologub!!!!

cheers

Exatamente a minha reação. Corri pra comprar O diabo mesquinho e é ótimo também.
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Mensagem por Jabá 9th fevereiro 2013, 12:12 pm

Comprei o diabo capeta mesquinho.

Sologub seu calequinha lindo!!! Very Happy
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Mensagem por Jabá 21st abril 2014, 9:56 am

Fiódor Sologub [Фёдор Сологу́б] O_DIABO_MESQUINHO_1398088491P

O DIABO MESQUINHO
FIÓDOR SOLOGUB
KALINKA – 400 páginas


Ardalión Boríssytch Peredónov é um professor medíocre e estúpido que almeja ascender ao posto de inspetor ginasiano mediante um casamento arranjado com sua concubina Varvara, mulher boçal e inescrupulosa. Em sua ânsia cega de chegar ao posto, Peredónov não se furta a lançar mão de todo recurso sujo, assim como Varvara fará de tudo para amarrar o futuro marido, independente do tamanho da teia de mentiras que possa ser tecida.
É nesse ambiente sórdido que Fiódor Sologub traz à luz o romance O diabo mesquinho e sua gama de personagens saídos diretamente do próprio inferno. A obra pode ser inserida num período de transição entre o realismo e o simbolismo já em voga na época. A bestialidade das personagens dá um grau maior de veracidade dos fatos e faz com que os atos abomináveis sejam visto com mais naturalidade pelo leitor. Peredónov pratica tais atos indiscriminadamente ao longo de todo o livro com tanta naturalidade que no decorrer de sua leitura já sabemos que o final será trágico. Um final bem à moda russa, por sinal.
As duas espinhas dorsais que sustentam a trama, quais sejam, as peripécias de Peredónov e a relação amorosa do jovem aluno Sacha (vítima do primeiro numa fofoca homérica) com uma senhorita mais velha (Ludmila) conferem ao livro um tom de sonho, ora demonstrado numa narrativa sutilmente fragmentada, ora pelas próprias personagens que se tornam etéreas, embaçadas, semi-sólidas. Essa sensação é impressa por Sologub propositadamente para conferir o ápice das evoluções de suas criações. O mundo sórdido criado pela mente de Peredonóv culmina em um surto esquizofrênico fatal, enquanto o mundo bucólico de Sacha, completamente submisso a Ludmila, culmina num hilariante episódio que de uma maneira ou de outra acaba dando vazão às fofocas de Peredónov.
O livro traz ainda, talvez impregnado pela influência simbolista, uma grande quantidade de figuras marcantes, em cores vivas e fortes. A maioria delas nas alucinações de Peredónov (a cabra, as cartas de baralho, a porta, a fumacinha preta que tem vida, etc.). O curioso é que o autor brinca com isso no texto, o que é real é mostrado como etéreo, translúcido e o que é alucinação ele mostra com cores fortes e vivas. Em suma, O diabo mesquinho é uma obra singular e marcante, e aumenta a curiosidade sobre Sologub que tem poucas traduções no Brasil. Espera-se que surjam mais.
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Mensagem por Becco 8th maio 2014, 3:26 pm

Que sobrenome escroto!
Vou ler esse da Antologia.

Comecei a ler a resenha, mas tive medo de spoilers.
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