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Rubem Fonseca

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Rubem Fonseca - Página 11 Empty Re: Rubem Fonseca

Mensagem por Becco 27th setembro 2013, 7:58 am

Concordo com o Gourmet.
Fonsecão, como homem extremamente culto e, ao mesmo tempo, popular, que é versado em diversos conhecimentos, de forma quase enciclopédica, deve ter mesmo um pensamento "polifásico", multitarefa mesmo.

Nenhuma notícia sobre o livro.
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Mensagem por Jabá 27th setembro 2013, 9:14 am

Ele me ligou pedindo umas dicas e acabei sugerindo algumas correções. Logo que tiver mais notícias eu expunheto aqui.

No mais, terminei o Romance Negro.
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Mensagem por Gourmet 27th setembro 2013, 12:55 pm

Jabá escreveu:
No mais, terminei o Romance Negro.
Gostou?

Acho sensacional esse livro.
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Mensagem por Jabá 28th setembro 2013, 8:42 pm

Rubem Fonseca - Página 11 ROMANCE_NEGRO_E_OUTRAS_HISTORIAS_1336046978P

ROMANCE NEGRO E OUTRAS HISTÓRIAS
RUBEM FONSECA
COMPANHIA DAS LETRAS – 188 Páginas


Os contos de Romance negro e outras histórias mostram uma retomada dos temas iniciais dos primeiros romances de Rubem Fonseca. Sem ser repetitivo, o autor escancara a alma humana de um jeito constrangedor nos transportando para seu mundo de crime, morte, mistério, taras e prazer.
As sensações causadas na leitura de contos como Olhar e O livro dos panegíricos são as mesmas dos primeiros livros (Os prisioneiros, a coleira do cão, etc) e retoma inclusive personagens desses livros, coisa bastante corriqueira no mundo de Rubem Fonseca. Todos os contos são excelentes e sempre permeados de personagens que vivem num vertiginoso mundo cão onde os sentimentos normais (raiva, amor, prazer, etc) ganham uma dimensão e significado totalmente além do que estamos acostumados.
A arte de andar nas ruas do rio de Janeiro e Romance Negro são os dois maiores contos (novelas?) do livro. O primeiro é escrito de forma singular sem descambar para a homenagem escancarada e sim uma singela homenagem velada. Já no segundo o autor brinca com a metalinguagem que usou e abusou em obras como Lúcia McCartney e nos causa deleite com as inúmeras referências literárias e cinematográficas sempre presentes em sua obra. Um ótimo livro que não deixa nada a desejar.
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Mensagem por Jabá 30th setembro 2013, 10:11 am

Gourmet escreveu:Essa é pro Jabá comemorar. Novo livro do Rubão sai em fins de agosto. Amálgama.

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2013/08/1320482-os-pensamentos-imperfeitos-de-um-selvagem.shtml
Só li agora. Caras, muito ansioso aqui pelo novo livro. Sinto que vai ter um gostinho de O romance morreu.
Crônicas, pensamentos e poemas. Vem coisa boa por aí, aguardem. Very Happy 
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Mensagem por Jabá 30th setembro 2013, 10:16 am



Por essas e outras que perco a vontade de consumir cultura pop Rolling Eyes 
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Mensagem por Oric 30th setembro 2013, 5:49 pm

Laughing

Li três contos do Fonseca no livro dos "Cem Melhores...": A Força Humana, Passeio Noturno (I e II) e Feliz Ano Novo, que foi o que eu mais gostei.

Pegada bem urbana, pesada. Em breve vou pegar um livro só com contos dele.
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Mensagem por Jabá 1st outubro 2013, 9:02 am

Oric, a força humana é um dos melhores contos do Rubão! Mas todos os que você citou são bons.

Posso dar um pitaco? quando for começar tente ler os primeiros livros. Sugiro que deixe (se for o caso) Lúcia McCartney pra depois que tiver bem familiarizado com a obra.

Se for ler romances opte por Vastas emoções e pensamentos imperfeitos ou Bufo & Spalazzani.
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Mensagem por Oric 2nd outubro 2013, 7:58 pm

Pode dar pitaco sim, Jabá. Queria, primeiramente, conhecer melhor os contos. Meu plano era ler aquele "Contos Reunidos" aos poucos. Nesse caso seriam dois livros antes do Lúcia McCartney.

Dos romances fiquei curioso pelo "Agosto" pelo pano de fundo histórico, mas vou dar uma olhada nesses que você citou.
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Mensagem por Gourmet 5th outubro 2013, 11:05 am



Rubem Fonseca marca 50 anos de carreira com novo livro de contos
Aos 88 anos, Rubem Fonseca lança coletânea de inéditos, ‘Amálgama’, e reedição da obra de estreia, ‘Os prisioneiros’ (1963). Autores e críticos comentam trajetória do escritor que, essa semana, numa rara aparição, exaltou a leitura em discurso para operários no Leblon

Por Guilherme Freitas


Na terça-feira, o canteiro de obras do metrô na praça Antero de Quental, no Leblon, foi cenário de uma rara intervenção pública de Rubem Fonseca, morador do bairro (veja no vídeo acima). Conhecido por evitar todo tipo de evento literário no Brasil — mas não no exterior, onde se apresenta com desenvoltura —, ele concordou em participar da inauguração de uma pequena biblioteca que leva seu nome, destinada aos trabalhadores da obra. Aos 88 anos, em meio ao estrondo das escavadeiras e a uma nuvem de poeira, fez um discurso enfático para os operários, com gestos teatrais, palavras de ordem (“Viva a leitura! Viva o trabalho!”), piadas sobre a aparência de sua personagem feminina mais famosa, Lucia McCartney, e citações a Platão (“Ele dizia que o homem precisa saber duas coisas: nadar e ler!”). Deixou-se até fotografar. Mas, seguindo um hábito de décadas, recusou-se a dar entrevistas.

— Está tudo nos livros — limitou-se a dizer Fonseca, apontando para a recém-inaugurada biblioteca onde repousavam, em uma prateleira de destaque, os quase 30 títulos que compõem sua obra completa.

Rubem Fonseca - Página 11 110_435-rubem-montagem

Essa obra, iniciada com a publicação do volume de contos “Os prisioneiros” em 1963, chega aos 50 anos em 2013 ganhando mais um volume, também de narrativas curtas, “Amálgama” (Nova Fronteira), que será lançado este mês. Nele, fãs e detratores de Fonseca encontrarão farto material para continuar o debate sobre sua trajetória. Do conto de abertura, protagonizado por uma adolescente que dá um destino surpreendente a uma gravidez indesejada, ao último, intitulado apenas “Foda-se”, o novo livro exibe temas e técnicas conhecidos do autor.

Está lá o realismo bruto expresso tanto na linguagem quanto no universo dos personagens, como em “Os pobres e os ricos”: “Bola 7 bateu na porta da minha casa, minha casa porra nenhuma, meu barraco, nem meu barraco é, eu alugo essa merda”. Também as obsessões sexuais descritas de forma crua: “Olho fascinado mulher andando na rua, imagino a estrutura de tecidos orgânicos entre as suas pernas”, lê-se em “Poema da vida”. E a mistura de referências eruditas e pop, e mesmo de autorreferências: “O matador de corretores”, por exemplo, pode ser lido como uma versão para o Rio de Janeiro em tempos de bolha imobiliária do célebre conto “Passeio noturno”, de “Feliz ano novo”, em que um homem descarrega suas frustrações atropelando transeuntes de madrugada.

Rubem Fonseca - Página 11 110_435-capa-fonseca
Reforçando o momento de reavaliação da obra de Fonseca, a Nova Fronteira reedita também seu livro de estreia, “Os prisioneiros”. Lançado em 1963, quando Fonseca, então com 38 anos, era executivo da Light (depois de um breve período como delegado de polícia nos anos 50) e havia publicado apenas dois contos em revistas, o livro saiu por uma pequena editora, a GRD, e foi bem recebido pela crítica. Coordenador do projeto de reedição das obras de Fonseca, o jornalista Sérgio Augusto enumera em seu posfácio os elogios feitos na época por Fausto Cunha, Assis Brasil e Wilson Martins (que saudou “Os prisioneiros” como “um clássico primeiro volume, cheio de promessas e revelando um escritor que traz a literatura no sangue”).

— Foi sucesso instantâneo — lembra Augusto, amigo de Fonseca desde os anos 60. — Mas ele nem toca no assunto do reconhecimento, não liga muito. Ou então é charme que ele faz. Mas pode acreditar que está mais interessado nos operários do metrô do que em jornalistas — brinca.

O escritor Sérgio Sant’Anna morava em Belo Horizonte quando leu “Os prisioneiros” e se impressionou com “um retrato do Brasil contemporâneo de uma forma que ninguém fazia”. Sant’Anna chegou a mandar seu primeiro livro, o volume de contos “O sobrevivente” (1969), para Fonseca, e recebeu o incentivo do autor. Não se sente influenciado, mas sublinha o que aqueles primeiros livros trouxeram de inovador para a literatura brasileira:

— Ele foi pioneiro em mostrar um Brasil mais feroz, mais barra pesada, mais industrializado. Enxergou esse Brasil “supermoderno” como um país fodido e soube traduzir isso em literatura.

Professor da PUC-Rio, o crítico Renato Cordeiro Gomes discute no livro “Todas as cidades, a cidade” a representação do espaço urbano em vários autores contemporâneos, entre eles Fonseca. Gomes alinha o autor de “A arte de andar nas ruas do Rio de Janeiro” a uma tradição de escritores que criaram uma imagem própria da cidade, como Manuel Antonio de Almeida, João do Rio, Machado de Assis e Lima Barreto. Gomes aponta que, como se lê em um dos contos do detetive Mandrake, o Rio de Fonseca “não é o que se vê do Pão de Açúcar”, e sim o espaço descrito em “Intestino grosso” como repleto de “pessoas empilhadas (...) enquanto os tecnocratas afiam o arame farpado”.

— O protagonista de “A arte de andar nas ruas do Rio de Janeiro” vê um lugar que não corresponde ao mito da Cidade Maravilhosa. É um Rio marcado pela violência, que vai perdendo sua aura e sua memória. E essa violência cruza toda a cidade e todas as classes.

A crítica e também professora da PUC-Rio Vera Lúcia Follain de Figueiredo, que analisou a obra de Fonseca no livro “Os crimes do texto”, identifica uma linha-mestra que percorre toda a trajetória do escritor, de “Os prisioneiros” aos textos mais recentes. Para Vera, a força da literatura de Fonseca não está exatamente no “brutalismo” que tem sido exaltado por críticos e leitores desde sua estreia, mas na “corrosão da antinomia de valores que sempre pautou a cultura ocidental, como bem e mal, sublime e grotesco, baixa e alta cultura”.

— Os leitores costumam associar a obra de Rubem Fonseca à violência dos crimes cometidos por muitos de seus personagens. Mas ele trata de uma violência mais profunda, aquela sentida por personagens que não acreditam mais nos valores da cultura ocidental, porém não têm outros valores para colocar em seu lugar e ficam sem chão — diz Vera, que cita como exemplo disso uma imagem do conto “A coleira do cão”, do segundo livro de Fonseca. — O cão já rompeu os grilhões, não está mais preso, mas ainda arrasta a coleira por aí.


Rubem Fonseca inaugura biblioteca em obra do metrô

  • Escritor faz discurso empolgado a operários em praça do Leblon

Guilherme Freitas (Email)
Publicado: 2/10/13 - 5h00
Atualizado: 2/10/13 - 11h29
Rubem Fonseca - Página 11 2013-651082425-2013100121720.jpg_20131001

“Leiam!”. Rubem Fonseca na inauguração da biblioteca que leva seu nome na Antero de Quental Marcelo Carnaval / Marcelo Carnaval


RIO - “Viva a leitura! Viva o trabalho!”, exclamou Rubem Fonseca ao fim de uma rara intervenção pública, na tarde desta terça-feira. O cenário não era um evento literário, nem uma entrega de prêmio, mas o canteiro de obras da Linha 4 do metrô, na Praça Antero de Quental, no Leblon. Conhecido pela aversão a entrevistas, que evita há décadas, o escritor fez um discurso empolgado para uma dúzia de operários na cerimônia de inauguração de uma biblioteca que leva seu nome, parte de um projeto de incentivo à leitura do consórcio responsável pelas obras.
— Essa pequena biblioteca é enorme em significado, porque é um espaço de cultura em uma obra, para operários. Platão dizia que o ser humano só precisa saber duas coisas: nadar e ler. A leitura é até mais importante, porque nos torna melhores e nos ajuda a entender o outro e a nós mesmos. Então, tratem de vir aqui, vou ficar de olho em vocês! — brincou Fonseca, que mora no Leblon, próximo ao canteiro de obras.
Autor doou livros do seu acervo
Com fama de recluso por causa das recusas a entrevistas, Fonseca, no entanto, é visto com frequência em suas caminhadas no Leblon. A Antero de Quental é um de seus lugares preferidos do bairro. Ele cuida há anos de um ipê-roxo que, ameaçado pelas obras do metrô, foi transferido para outro ponto da praça, a pedido do escritor, e ganhou a companhia de uma árvore da mesma espécie. Ele as batizou de Cassiana e Beatriz.
Fonseca doou mais de 30 livros para a biblioteca, que tem em seu acervo, além das obras completas do autor de “Feliz ano novo” e “A grande arte”, livros de Gabriel García Márquez, Zuenir Ventura, Jorge Amado, José Lins do Rego e Robert Musil, além de best-sellers como padre Marcelo Rossi. Um autor que transformou a literatura brasileira colocando em cena figuras à margem da sociedade, Fonseca arrancou risadas dos operários com sua defesa da importância da leitura:
— A leitura é uma coisa incrível porque nunca é igual para duas pessoas. Há muito tempo escrevi um conto chamado “Lucia McCartney”, e até hoje as pessoas vêm me dizer que imaginam a personagem loura ou morena. Quando a gente lê, uma mulher linda para mim é uma coisa, e outra para você ou você.
Operário da obra do metrô, Iago Siqueira, de 20 anos, está lendo um livro recente de Fonseca, “Ela e outras mulheres”, e disse que a apresentação do escritor ficou à altura dos contos:
— O livro é quente! E hoje ele mostrou que sabe lidar com as palavras.
O consórcio Linha 4 Sul ainda pretende construir bibliotecas nos outros canteiros: Leopoldina, Nossa Senhora da Paz, Jardim de Alah e 23º BPM (Leblon). Ao fim das obras, esse acervo será transformado no Espaço de Leitura Rubem Fonseca, a ser construído na Cruzada São Sebastião, no Leblon. Quem quiser fazer uma doação, só precisa ir até uma das centrais de atendimento em Ipanema e Leblon.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/rubem-fonseca-inaugura-biblioteca-em-obra-do-metro-10221575#ixzz2grOpp1m2
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Mensagem por Gourmet 5th outubro 2013, 12:29 pm

Meio século de Rubem Fonseca
05 de outubro de 2013 | 2h 12


Sérgio Augusto - O Estado de S.Paulo
Do alto da obra de Rubem Fonseca, meio século nos contempla. Está fazendo 50 anos que seus primeiros contos, reunidos na coletânea Os Prisioneiros, chegaram às livrarias. Foi um acontecimento - sem dúvida o mais surpreendente fenômeno literário daquele ano. Apesar do prestígio do conto e da crônica entre nós, Rubem Fonseca era um nome desconhecido no mercado editorial, e a editora GRD fazia da modéstia seu principal atributo. Mas a força singular das 12 narrativas de Os Prisioneiros - prestes a ser reeditado pela Nova Fronteira, junto com sua obra mais recente, Amálgama -, conquistou de roldão a crítica especializada e uma massa considerável de leitores.
O exigente crítico Fausto Cunha consagrou Zé Rubem, de cara, "a grande revelação do ano". Nas páginas da Tribuna da Imprensa, o romancista José Edson Gomes proclamou: "É a melhor estreia no conto nos últimos tempos". E todos disseram amém. Nascia ali o mais instantâneo mito da narrativa curta brasileira.
O ano de 1963 não fora sem relevantes novidades editoriais. Manuel Bandeira lançara Estrela da Tarde, duas coletâneas de crônicas (A Casa Demolida, de Sérgio Porto, e Da Arte de Falar Mal, de Carlos Heitor Cony) haviam consolidado o gênero como uma arte ficcional de primeira linha, Jorge Mautner conquistara o Jabuti com o romance Kaos, quatro mulheres (Lygia Fagundes Telles, Nélida Piñon, Maria Alice Barroso e Astrid Cabral) haviam ampliado o espaço para a prosa feminina. Até mesmo o conto já contabilizara um lançamento de alto nível: Malagueta, Perus e Bacanaços, de João Antônio. Quando, a dois meses do fim do ano, surgiu Os Prisioneiros, não sobrou para mais ninguém.
Coube a Assis Brasil, o faulkneriano crítico do Jornal do Brasil, descerrar a cortina, com um artigo publicado no Caderno B em 18 de outubro, que era só elogios à fartura de recursos estilísticos do debutante e à mestria dos seus diálogos. Comparou sua morbidez à de Kafka, seu lado satírico a James Thurber e seu penchant fantástico a Edgar Allan Poe. Os Prisioneiros foi um dos primeiros em sua lista de "melhores do ano". E também nas de Fausto Cunha, Octavio de Faria e outros tantos.
A impressão geral era de que nenhum outro ficcionista da terra escrevia daquele jeito - e aqui arrolo os adjetivos que pincei dos comentários da época: ardente, vibrante, criativo, inquieto, desconcertante, incômodo, realista, suprarrealista, cético, cruel. Em 1.º de fevereiro de 1964, a unção definitiva: em sua coluna no Suplemento Literário do Estado, Wilson Martins sagrou Rubem Fonseca como "um escritor que traz a literatura no sangue", um renovador do conto brasileiro, "no momento mesmo em que estaríamos inclinados a considerá-lo esgotado". Além da técnica esmerada do autor, impressionou-se com "a estranha atmosfera de morbidez e mistério" e o surrealismo dos contos - o "verdadeiro surrealismo", enfatizou, "que tantos grandes e pequenos mestres perseguiram em vão".
Distante daqui, na ocasião, perdi todo esse auê. Só fui ler Os Prisioneiros já amigo do escritor, depois de ter me extasiado com sua segunda coleção de contos, A Coleira do Cão, também editada pela GRD. Na dedicatória que me fez, Zé Rubem (é assim que os amigos o tratam) pedia desculpas pela qualidade do exemplar presenteado e salientava: "Este livro é diferente da Coleira. Conversaremos depois". Conversamos à beça. Não só tínhamos amigos comuns, como éramos então vizinhos, nas Laranjeiras, e habitués dos restaurantes portugueses do centro do Rio, cenários de inúmeras de suas histórias.
A primeira frase de Zé Rubem que eu li, portanto, não foi "A condessa Bernstroff usava uma boina onde dependurava uma medalha do kaiser", que abre Fevereiro ou Março, o primeiro conto de Os Prisioneiros, mas "Eu queria seguir em frente mas não podia", que abre A Força Humana, o cartão de visitas de A Coleira do Cão, que reputo uma das três melhores narrativas curtas da língua portuguesa.
Por ter chegado atrasado ao lance, também perdi o torneio de predileções disputado ao vivo, entre leitores conhecidos e desconhecidos, e na imprensa, por críticos e colunistas. Estes se dividiram entre Duzentos e Vinte e Cinco Gramas, O Agente, O Inimigo, Os Prisioneiros e Teoria do Consumo Conspícuo (ou a futilidade das cirurgias plásticas desnecessárias a partir da célebre reflexão sobre o consumismo exacerbado da burguesia, desenvolvida por Thornton Veblen, no final do século 19).
Wilson Martins foi um dos que optaram por O Inimigo, a seu ver, o conto que melhor "serviria para caracterizar a maneira do autor e o seu mundo particular". Nele detectou o personagem típico de Rubem Fonseca, "situado numa fronteira indecisa entre a normalidade e a loucura", buscando "recuperar o tempo perdido, não pela literatura ou pela arte, mas na vida".
Para agradar o editor Gumercindo Rocha Dória, Zé Rubem aceitou algo impensável dali em diante: conceder uma entrevista. A dublê de jornalista e radialista Edna Savaget passaria o resto da vida vangloriando-se da façanha, publicada no Suplemento Literário do Diário de Notícias em 8 de dezembro de 1963.
Zé Rubem ainda não se sentia à vontade para alegar que tudo o que tinha a dizer sobre sua obra estava na própria obra, pois em seu currículo, afinal, só havia um livro de 11 contos. De todo modo, não tocou em nenhum deles na entrevista. Falou de generalidades ("o conto está mais próximo da concisão dramática do teatro que da fluência narrativa do romance"), tangenciou seu modus operandi ("ao escrever um conto, não tenho a preocupação de situá-lo dentro de um determinado catálogo, mas sim de condicioná-lo formalmente ao tema e ao efeito que quero obter") e listou suas admirações na época: Kafka, Pound, Faulkner, Hemingway, Fitzgerald, Dos Passos, Guimarães Rosa ("sua obra é definitiva, ele pode morrer amanhã sem susto"), Campos de Carvalho, Cony, Autran Dourado, Clarice Lispector, Drummond ("um dos três maiores poetas da língua em todos os tempos", ao lado de Camões e Pessoa).
Sobre algumas dessas escolhas discorreria mais tarde, por escrito, na internet e na coletânea de crônicas literárias O Romance Morreu, que também está para sair pela Nova Fronteira.

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,meio-seculo-de--rubem-fonseca-,1082308,0.htm
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Mensagem por Becco 5th outubro 2013, 5:18 pm

Ainda não li tudo isso aí, mas, AMIGOS, QUE FODA ISSO TUDO!
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Mensagem por Jabá 5th outubro 2013, 6:59 pm

Valeu Gourmet. Vou ler isso aí logo que der.
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Mensagem por Gourmet 5th outubro 2013, 7:31 pm

Então dê logo, amigo. E leia.
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Mensagem por Jabá 5th outubro 2013, 10:49 pm

Laughing

Acabei de ler. Só aumenta minha ânsia pra sair logo o amálgama. E o mais legal é ver o velho com 88 anos duro e firme como o meu pau quando vejo menina bonita.

Só não concordei em colocar livros pros pedreiros. Eles tem que ler Tex e todo mundo sabe disso.
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Mensagem por Gourmet 6th outubro 2013, 11:44 am

É muito impressionante o vigor do velho.

Ainda não encontrei nas livrarias o Amálgama, mas será devidamente comprado e lido tão logo esteja disponível. Provavelmente junto com algum romance dele que ainda não li.
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Mensagem por Jabá 6th outubro 2013, 1:07 pm

Acho que nao saiu. Nem vi pré-venda na Saraiva.
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Mensagem por Gourmet 10th novembro 2013, 10:51 pm

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Mensagem por Becco 11th novembro 2013, 9:21 am

Nós vimos primeiro no Facebook.
Jabá não.
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Mensagem por Gourmet 11th novembro 2013, 5:57 pm

Se fosse anusbook o Jabá já teria aberto o dele há muito tempo.
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Mensagem por lavoura 26th fevereiro 2014, 9:01 pm

Ae comprei um monte de livros do fonseca!
A Travessa está com uma promoção de livros da Nova Fronteira/Agir.
Agora me faltam uns poucos para comprar e uns tantos para ler.


Gourmet escreveu:Se fosse anusbook o Jabá já teria arrombado dele há muito tempo.

Corrigi para você...




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Mensagem por Jabá 31st março 2014, 8:22 am

Rubem Fonseca - Página 11 FELIZ_ANO_NOVO_1279131966P

FELIZ ANO NOVO
RUBEM FONSECA
AGIR
151 páginas

Feliz ano novo é possivelmente o livro mais famoso de Rubem Fonseca. Talvez seja também o responsável pela projeção do autor para o grande público, pois os temas tratados são de apelo geral e bem sedutores. Diferente de Lúcia McCartney, onde o autor se rende ao experimentalismo e brinca com a estrutura dos contos, nesse, ele volta às origens com os temas de violência urbana, sexo, loucura e morte, evocando clássicos como Os prisioneiros e a Coleira do cão, só que dessa vez com uma sofisticação impressionante. Talvez o único conto que beire o experimentalismo seja 74 degraus, onde o autor cria uma estrutura narrativa em que cada parágrafo é um miniconto fechado, numerado (1 a 74) e se desenrola a ponto das partes formarem o todo (!). Ademais, temos a crueza rotineira e encantadora de sua obra.
O conto que abre o livro e o batiza é talvez um dos mais impressionantes da obra do autor. Os personagens Zequinha e Pereba, exilados da sociedade, como de praxe em sua obra, egressos de um submundo frio e sujo onde a vida não significa nada, saem para despejar o apocalipse numa festa de ricos no Leblon. Mas é só a pobreza ou a marginalidade que cria loucos e gera violência? O autor mostra que todos independente da classe social, podem se perder nas teias da violência. É o que se pensa após ler Passeio Noturno I e II, onde um executivo bem sucedido sai para relaxar atropelando pessoas na rua com seu carro possante.
Durante a leitura, é possível reencontrar os personagens de sempre se sua fauna urbana, os fracassados, os loucos, os apaixonados, os cínicos e toda a escória que se possa ter em mente.
No conto que fecha a obra (Intestino Grosso) vemos a entrevista a um escritor que filosofa desconcertantemente sobre a arte, a literatura e o mundo atual. Do ponto de vista do escritor, podemos entender o motivo de sua misantropia e um pouco mais da visão do próprio Rubem Fonseca sobre o mundo. Não é de se estranhar a estreiteza entre criador e criatura, principalmente na obra do Fonseca, em que ambos se confundem a ponto de pensarmos que se trata de uma autobiografia e não saber mais quem é o autor, o personagem, a vítima ou o criminoso.
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Mensagem por César 4th abril 2014, 9:25 pm

Caros, talvez interesse: Contos Reunidos do Rubem, pela Cia, tem um prefácio do Boris, e pelo que me consta, mudou os caminhos da crítica do autor http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1994/11/30/ilustrada/1.html
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Mensagem por Oric 5th abril 2014, 4:47 pm

"Para Schnaiderman, mais que o Dashiell Hammett carioca, Rubem Fonseca é o Dostoiévski do Rio. E, dependendo das circunstâncias, também o seu Dickens, o seu Balzac e o seu Victor Hugo. "

Olha só!
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Mensagem por Jabá 5th abril 2014, 8:34 pm

Pffff, é preciso um grande pra dizer isso. Não basta eu?
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