[LITERATURA PORTUGUESA] José Saramago
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[LITERATURA PORTUGUESA] José Saramago
Gosto muito de Saramago, meus caros. É um daqueles escritores em que é possível observar com clareza a trajetória da obra e o desenvolvimento e amadurecimento de idéias.
Comecei seus livros por A CAVERNA, ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA e O HOMEM DUPLICADO, que depois ficou conhecida como "trilogia involuntária" sabe-se lá por quê. Realmente são três livros extraordinários e, na minha opinião, compõem a última boa safra dos bons livros do português.
Gosto de organizar os romances do Saramago em 4 safras de 4 livros. A primeira fase, de 47 a 82, de estabelecimento da identidade de escritor e do estilo. A segunda fase, do estabelecimento da megalomania, em que ele já tem consciência da potencialidade de escritor e parte para temas grandiosos e desafiadores, histórias de grandes proporções e em boa parte identificados com Portugal - de 84 a 91. Na terceira safra, de 95 a 2002, ele realiza experimentalismos linguísticos (bem sucedidos, na minha opinião) e desenvolve seus livros mais maduros e calcados na identidade do sujeito, geralmente em contextos de grande repercussão. Os quatro últimos livros romances dele são uma lástima, coisa que chamo de safra perdida, de 2004 a 2009, um mero vestígio das outras obras específicas.
Agora, com a publicação de CLARABOIA, meu esqueminha organizado, simétrico e sistemático é destruído, pois a primeira fase passa a ter 5 livros.
Eis as obras do velho:
Comecei seus livros por A CAVERNA, ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA e O HOMEM DUPLICADO, que depois ficou conhecida como "trilogia involuntária" sabe-se lá por quê. Realmente são três livros extraordinários e, na minha opinião, compõem a última boa safra dos bons livros do português.
Gosto de organizar os romances do Saramago em 4 safras de 4 livros. A primeira fase, de 47 a 82, de estabelecimento da identidade de escritor e do estilo. A segunda fase, do estabelecimento da megalomania, em que ele já tem consciência da potencialidade de escritor e parte para temas grandiosos e desafiadores, histórias de grandes proporções e em boa parte identificados com Portugal - de 84 a 91. Na terceira safra, de 95 a 2002, ele realiza experimentalismos linguísticos (bem sucedidos, na minha opinião) e desenvolve seus livros mais maduros e calcados na identidade do sujeito, geralmente em contextos de grande repercussão. Os quatro últimos livros romances dele são uma lástima, coisa que chamo de safra perdida, de 2004 a 2009, um mero vestígio das outras obras específicas.
Agora, com a publicação de CLARABOIA, meu esqueminha organizado, simétrico e sistemático é destruído, pois a primeira fase passa a ter 5 livros.
Eis as obras do velho:
- Romances
Terra do Pecado, 1947
Manual de Pintura e Caligrafia, 1977
Levantado do Chão, 1980
Memorial do Convento, 1982
O Ano da Morte de Ricardo Reis, 1984
A Jangada de Pedra, 1986
História do Cerco de Lisboa, 1989
O Evangelho Segundo Jesus Cristo, 1991
Ensaio Sobre a Cegueira, 1995
Todos os Nomes, 1997
A Caverna, 2000
O Homem Duplicado, 2002
Ensaio Sobre a Lucidez, 2004
As Intermitências da Morte, 2005
A Viagem do Elefante, 2008
Caim, 2009
Claraboia, 2011 (escrito em 1953)
Alabardas, Alabardas! Espingardas, Espingardas! (romance inconcluso a ser publicado)
- Peças teatrais
A Noite
Que Farei com Este Livro?
A Segunda Vida de Francisco de Assis
In Nomine Dei
Don Giovanni ou O Dissoluto Absolvido
- Contos
Objecto Quase, 1978
Poética dos Cinco Sentidos - O Ouvido, 1979
O Conto da Ilha Desconhecida, 1997
- Poemas
Os Poemas Possíveis, 1966
Provavelmente Alegria, 1970
O Ano de 1993, 1975
- Crónicas
Deste Mundo e do Outro, 1971
A Bagagem do Viajante, 1973
As Opiniões que o DL Teve, 1974
Os Apontamentos, 1977
- Diário e Memórias
Cadernos de Lanzarote (I-V), 1994
As Pequenas Memórias, 2006
- Viagens
Viagem a Portugal, 1981
- Infantil
A Maior Flor do Mundo, 2001
Saramago pré-Saramago
É com grande curiosidade que os entusiastas do autor português José Saramago aguardavam o lançamento de Claraboia (Companhia das Letras, 384 páginas, 46 reais), romance que o autor português escreveu no início dos anos 1950, muito antes da fama e do sucesso, e que nunca havia sido publicado até agora, mais de um ano depois de sua morte.
Inevitavelmente, os estudiosos do escritor farão uma leitura desse romance na qual rastrearão temas e formas que devem estar presentes em estágio embrionário nesta obra de início de carreira. Os que não são especialistas em Saramago, entretanto, ficarão chocados ao descobrir que Claraboia não apresenta quase nenhuma característica que costumamos associar ao autor.
O estilo que o escritor de O Evangelho segundo Jesus Cristo tornou sua marca registrada, instantaneamente reconhecível pelo uso peculiar de pontuação (frases longas unidas por vírgulas, sem travessões ou aspas para identificar diálogos), está ausente em Claraboia. Neste livro de juventude, Saramago utiliza um registro bem comportado, alternando descrições de cenário e objetos, detalhamento psicológico e diálogos bem marcados. Em resumo: um estilo muito similar ao dos realistas do século XIX, como o português Eça de Queirós, mas com descrições que não possuem o brilho das oferecidas por Eça.
Mas do que se trata, afinal, Claraboia? Da vida cotidiana de um grupo de pessoas, que mora em um mesmo prédio, em uma zona pouco nobre da cidade. São vários núcleos de personagens, cada um em seu apartamento: irmãs que tem discussões sobre música e livros, um velho casal que sofre com a falta de dinheiro e aluga um quarto para um jovem rapaz, uma moça que é sustentada pelo amante de mais idade… Pouca coisa acontece no enredo do romance, estruturado como pequenos registros fotográficos de momentos comuns da vida dessas pessoas. Há apenas esparsas tentativas de escapar desse esquema narrativo, como o capítulo XIII, que começa com um trecho de diário e segue com um recorte de um romance de Diderot.
As partes de maior impacto emocional do romance geralmente são sabotadas por uma dramaticidade exagerada e por diálogos que revelam demais, como este de Emílio falando com o filho adormecido: “Sou infeliz, Henrique, sou muito infeliz. Vou-me embora um dia destes. Não sei quando, mas sei que irei. A felicidade não se conquista, mas quero conquistá-la. Aqui já não posso. Morreu tudo… A minha vida falhou. Vivo nesta casa como um estranho. Gosto de ti e da tua mãe, talvez, mas falta-me qualquer coisa”.
O verdadeiro problema de Claraboia talvez resida no fato de que Saramago deixa muito pouco para a imaginação do leitor. O que não está explicitado em diálogos, logo em seguida é tornado claro pelo narrador. O leitor custa a crer que se trata do mesmo autor que, anos depois, se especializaria em metáforas e alegorias de múltiplas interpretações, como é o caso de seu Ensaio sobre a Cegueira.
Saramago também sempre foi associado a ideias ousadas e polêmicas – e até questionáveis. Ateu convicto e crítico severo do sistema capitalista, nunca deixou de expressar com vigor sua visão de mundo em entrevistas e livros, como Ensaio sobre a Lucidez, que apresenta como enredo uma votação que tem 70% de votos em brancos, mostrando uma população revoltada com a suposta democracia que imperava no local. Nada desse vigor se encontra em Claraboia, no entanto. Parece haver uma tentativa do autor de buscar uma espécie de sabedoria popular. Saramago coloca, constantemente, os personagens em discussões políticas e filosóficas. No entanto, as ideias expressadas não possuem potência ou energia, e as discussões se tornam de baixa voltagem.
Depois de Claraboia ter sido recusado por uma editora nos anos 50, Saramago só voltou a tentar publicar um livro na década de 70. Podemos especular que foi nesse período de vinte anos de silêncio que o autor viveu sua verdadeira formação literária, começou a forjar seu estilo e a estruturar suas ideias e linhas de ataque. Se Saramago é de fato o gênio que muitos dizem que é, não será uma tarefa fácil localizar vislumbres deste talento avassalador nas linhas enfadonhas de Claraboia.
Antônio Xerxenesky
Gourmet- A Senhoria
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Re: [LITERATURA PORTUGUESA] José Saramago
Também acho o Saramago um escritor fino.
Li: "Ensaio sobre a cegueira"; "As intermitências da morte"; "Jangada de pedra"; "O homem duplicado".
Sempre fico de comprar o "Evangelho segundo Jesus Cristo", mas acabo esquecendo.
Você já leu o "rival" dele Gourmet, o Antonio Lobo Antunes?
Li: "Ensaio sobre a cegueira"; "As intermitências da morte"; "Jangada de pedra"; "O homem duplicado".
Sempre fico de comprar o "Evangelho segundo Jesus Cristo", mas acabo esquecendo.
Você já leu o "rival" dele Gourmet, o Antonio Lobo Antunes?
Mat- Guerra e Paz
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Data de inscrição : 12/07/2011
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Re: [LITERATURA PORTUGUESA] José Saramago
Lendo os livros certeiros tu lê coisa boa, mas quem tentar ler bibliografia dele vai perder um puta tempo lendo bosta, tempo esse que poderia ser usado pra ler coisa melhor.
Re: [LITERATURA PORTUGUESA] José Saramago
Mat escreveu:Também acho o Saramago um escritor fino.
Li: "Ensaio sobre a cegueira"; "As intermitências da morte"; "Jangada de pedra"; "O homem duplicado".
Sempre fico de comprar o "Evangelho segundo Jesus Cristo", mas acabo esquecendo.
Você já leu o "rival" dele Gourmet, o Antonio Lobo Antunes?
Mat, do Lobo Antunes, tudo que tenho é o MANUAL DOS INQUISIDORES, que nunca li, mas também não sabia dessa rixa entre os dois. Nenhum mérito para o Antunes nesse ponto, porque é muito fácil brigar com Saramago e nem requer esforço.
O que você recomenda do Antunes?
EVANGELHO será meu próximo Saramago. Tive oportunidade de pedir um autógrafo no livro na última visita dele ao Brasil.
César escreveu:Lendo os livros certeiros tu lê coisa boa, mas quem tentar ler bibliografia dele vai perder um puta tempo lendo bosta, tempo esse que poderia ser usado pra ler coisa melhor.
César, realmente há uns livros dele que são constrangedoramente ruins. A tal safra final é uma besteira. LUCIDEZ é porca continuação da CEGUEIRA, CAIM é uma sombra do EVANGELHO, INTERMITÊNCIAS é um desdobramento do TODOS OS NOMES, e ELEFANTE é um esboço banal de toda a segunda fase dos romances.
Tenho também alguns problemas com o ateísmo e o comunismo do Saramago.
Gourmet- A Senhoria
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Re: [LITERATURA PORTUGUESA] José Saramago
Gourmet escreveu:Mat escreveu:Também acho o Saramago um escritor fino.
Li: "Ensaio sobre a cegueira"; "As intermitências da morte"; "Jangada de pedra"; "O homem duplicado".
Sempre fico de comprar o "Evangelho segundo Jesus Cristo", mas acabo esquecendo.
Você já leu o "rival" dele Gourmet, o Antonio Lobo Antunes?
Mat, do Lobo Antunes, tudo que tenho é o MANUAL DOS INQUISIDORES, que nunca li, mas também não sabia dessa rixa entre os dois. Nenhum mérito para o Antunes nesse ponto, porque é muito fácil brigar com Saramago e nem requer esforço.
O que você recomenda do Antunes?
EVANGELHO será meu próximo Saramago. Tive oportunidade de pedir um autógrafo no livro na última visita dele ao Brasil.
Gourmet, nunca li o Antunes, o Deco leu e disse que o "Arquipélago da insonia" é bem bom.
Alguns fãs do Antunes dizem que ele é injustiçado, ele é quem merecia o nobel e talz.
Mat- Guerra e Paz
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Re: [LITERATURA PORTUGUESA] José Saramago
Mat escreveu:
Gourmet, nunca li o Antunes, o Deco leu e disse que o "Arquipélago da insonia" é bem bom.
Alguns fãs do Antunes dizem que ele é injustiçado, ele é quem merecia o nobel e talz.
Eu sei que o Antunes é ricão, vem de família abastada. Só isso já basta para o Saramago encrencar com ele.
Valeu a indicação, realmente parece algo bem promissor:
O arquipélago da insónia, vigésimo livro de Lobo Antunes, é a primeira obra de uma trilogia sobre o mundo rural. “Eu tenho a impressão que este livro é o primeiro de uma trilogia que se passa fora de Lisboa. Este, no Alentejo. O que estou a fazer agora no Ribatejo e o outro provavelmente na Beira Alta”, revela o autor.
Comparado com Faulkner, Joyce e Conrad, o português é internacionalmente aclamado por sua escrita difícil e altamente subjetiva: “Eu sei que ninguém escreve como eu, mas isso não me traz alegria nenhuma.”
“De onde me virá a impressão que, na casa, apesar de igual, quase tudo lhe falta?” Assim se inicia a história de O arquipélago da insónia: com a imagem de um casarão outrora imponente, símbolo de poder de uma época em que nada faltava, mas que agora parece abandonado.
E é por meio de uma polifonia de vozes — o avô poderoso e seu neto autista, feitores e empregadas submissas, personagens vivos ou já mortos —, que António Lobo Antunes constrói uma história de decadência e desilusão que atravessa três gerações de uma família que antes foi poderosa, proprietária de terras no interior de Portugal.
Nas páginas de O Arquipélago da Insónia não convergem apenas ecos dos personagens que povoam as páginas de romances anteriores do autor; nelas estão muitos dos motivos e das obsessões de sua escrita - o relógio, os retratos, os fantasmas, a procura do silêncio.
É uma história narrada como em sonho, em que as diferentes vozes se fundem ou se intercalam, e finalmente escapam da seqüência temporal. Desse conjunto de impressões surge um romance único, arrebatador, de um mestre da prosa contemporânea.
O Arquipélago da Insónia
TAGS: literatura portuguesa, lobo antunes
Vigésimo livro de Lobo Antunes, este é o primeiro da trilogia sobre o mundo rural. Ambientado no Alentejo, o romance sobrepõe vozes dos personagens de três gerações de uma família cuja glória ficou no passado (tal polifonia já rendeu comparações com Faulkner e Joyce, entre outros grandes da prosa do século 20). A atmosfera onírica permeia o romance dado o modo como os relatos escapam a qualquer sequência cronológica. Do emaranhado de impressões delirantes, surge uma prosa vigorosa, das mais importantes em língua portuguesa. Ciente da força de seu trabalho, declarou recentemente Lobo Antunes: “Eu sei que ninguém escreve como eu, mas isso não me traz alegria alguma”.
Gourmet- A Senhoria
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Re: [LITERATURA PORTUGUESA] José Saramago
Gourmet escreveu:Mat escreveu:
Gourmet, nunca li o Antunes, o Deco leu e disse que o "Arquipélago da insonia" é bem bom.
Alguns fãs do Antunes dizem que ele é injustiçado, ele é quem merecia o nobel e talz.
Eu sei que o Antunes é ricão, vem de família abastada. Só isso já basta para o Saramago encrencar com ele.
Valeu a indicação, realmente parece algo bem promissor:O arquipélago da insónia, vigésimo livro de Lobo Antunes, é a primeira obra de uma trilogia sobre o mundo rural. “Eu tenho a impressão que este livro é o primeiro de uma trilogia que se passa fora de Lisboa. Este, no Alentejo. O que estou a fazer agora no Ribatejo e o outro provavelmente na Beira Alta”, revela o autor.
Comparado com Faulkner, Joyce e Conrad, o português é internacionalmente aclamado por sua escrita difícil e altamente subjetiva: “Eu sei que ninguém escreve como eu, mas isso não me traz alegria nenhuma.”
“De onde me virá a impressão que, na casa, apesar de igual, quase tudo lhe falta?” Assim se inicia a história de O arquipélago da insónia: com a imagem de um casarão outrora imponente, símbolo de poder de uma época em que nada faltava, mas que agora parece abandonado.
E é por meio de uma polifonia de vozes — o avô poderoso e seu neto autista, feitores e empregadas submissas, personagens vivos ou já mortos —, que António Lobo Antunes constrói uma história de decadência e desilusão que atravessa três gerações de uma família que antes foi poderosa, proprietária de terras no interior de Portugal.
Nas páginas de O Arquipélago da Insónia não convergem apenas ecos dos personagens que povoam as páginas de romances anteriores do autor; nelas estão muitos dos motivos e das obsessões de sua escrita - o relógio, os retratos, os fantasmas, a procura do silêncio.
É uma história narrada como em sonho, em que as diferentes vozes se fundem ou se intercalam, e finalmente escapam da seqüência temporal. Desse conjunto de impressões surge um romance único, arrebatador, de um mestre da prosa contemporânea.O Arquipélago da Insónia
TAGS: literatura portuguesa, lobo antunes
Vigésimo livro de Lobo Antunes, este é o primeiro da trilogia sobre o mundo rural. Ambientado no Alentejo, o romance sobrepõe vozes dos personagens de três gerações de uma família cuja glória ficou no passado (tal polifonia já rendeu comparações com Faulkner e Joyce, entre outros grandes da prosa do século 20). A atmosfera onírica permeia o romance dado o modo como os relatos escapam a qualquer sequência cronológica. Do emaranhado de impressões delirantes, surge uma prosa vigorosa, das mais importantes em língua portuguesa. Ciente da força de seu trabalho, declarou recentemente Lobo Antunes: “Eu sei que ninguém escreve como eu, mas isso não me traz alegria alguma”.
Olha aí, nem sabia dessa comparação com o Faulkner e o Joyce.
Mas, até onde me falaram, a prosa do Antunes é mais intricada que a do Saramago. Algumas descrições são mais oníricas.
Mat- Guerra e Paz
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Re: [LITERATURA PORTUGUESA] José Saramago
Gourmet, eu tenho cá meus ressalvas com gente que chega aos 80 anos e ainda fica perdendo muito tempo questionando deus e ainda batendo na mesma tecla da esquerda, é meio cansativo. Essa coisa de esquerda ateísta é muito adolescente, velhos que se preocupem com temas de velho, que falem mal de Shakespeare.
Re: [LITERATURA PORTUGUESA] José Saramago
Hah! César sensacional.
O que vocês tem a dizer do Homem Duplicado? Tô pra lê-lo.
O que vocês tem a dizer do Homem Duplicado? Tô pra lê-lo.
tmanfrini- Guerra e Paz
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Re: [LITERATURA PORTUGUESA] José Saramago
Não vejo graça...
Karenina- Crime e Castigo
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Data de inscrição : 19/09/2011
Idade : 35
Re: [LITERATURA PORTUGUESA] José Saramago
César tem toda razão. Sou ateu, mas acho o ateísmo do Saramago intolerável, porque não é ateísmo, é um ódio a deus. CAIM deixa isso bem claro, ele cria uma aventura em que Caim fica viajando no tempo que nem LOST e passa o livro xingando deus.
Manfrini, O HOMEM DUPLICADO é coisa fina. Vale a leitura. Você sabe a premissa, né?
Manfrini, O HOMEM DUPLICADO é coisa fina. Vale a leitura. Você sabe a premissa, né?
Gourmet- A Senhoria
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Data de inscrição : 20/09/2011
Re: [LITERATURA PORTUGUESA] José Saramago
tmanfrini escreveu:Hah! César sensacional.
O que vocês tem a dizer do Homem Duplicado? Tô pra lê-lo.
Thaís, "Homem duplicado" foi meu primeiro saramago, é aquele velho tema do duplo já bem famoso na literatura. É a história de um professor de História, Tertuliano Máximo Afonso, que leva uma vidinha medíocre de trabalho, casa e trabalho [lembra bastante o personagem do "Capote" de Gogol]. Um dia ele assiste a um VHS e fica surpreso de como o ator do filme parece com ele, idêntico mesmo, e resolve investigar. E aí o livro vai se desenrolando numa trama de busca de intrigas pelo outro e por si mesmo. Não é assim, nenhuma obra prima, mas eu achei bem legal. O personagem cativa, e narrativa segue uma trilha fácil sem mudanças bruscas. Recomendo viu.
Tenho a edição pocket da cia e uma em inglês da Vintage [não me pergunte por que eu comprei ]
Ah, o estilo do Saramago é meio confuso. Ele não pontua as sentenças e acaba criando um texto por assim dizer livre. Num diálogo você não sabe quando um personagem acaba de falar e quando o outro começa. É meio pain in the ass, mas nada que lhe cause grande dificuldade no entendimento da história.
Última edição por Mat em 28th setembro 2013, 3:39 pm, editado 1 vez(es)
Mat- Guerra e Paz
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Data de inscrição : 12/07/2011
Idade : 33
Localização : Bahia
Re: [LITERATURA PORTUGUESA] José Saramago
Só discordo de Ensaio sobre Lucidez, que acho ótimo. Caim é retardado mesmo. Mas se mais ou menos no mesmo período ele gostou daquela merda de filme do Meirelles do livro dele, dá pra se duvidar da lucidez do cara.
E sem contar que foi ele que cunhou aquela cérebre frase "o pior cego é aquele que não quer ver" em Ensaio sobre uma cegueira, não?
E sem contar que foi ele que cunhou aquela cérebre frase "o pior cego é aquele que não quer ver" em Ensaio sobre uma cegueira, não?
tiago- Crime e Castigo
- Mensagens : 849
Data de inscrição : 17/07/2011
Re: [LITERATURA PORTUGUESA] José Saramago
O Saramago é meio chegado aos chavões da sabedoria popular. Ele adora esses lugares comuns e construções do tipo: "Se é verdade X, o mesmo não se pode dizer de Y", onde X é um chavão e Y é uma variação ou inversão do chavão. Algo do tipo "se é verdade que o tempero dá sabor à comida, não é verdade que o excesso de tempero a torna mais saborosa", não que ele tenha dito isso alguma vez, mas em todos os livros dele você vai encontrar uma construção desse tipo.
Essa frase do "pior cego" é coisa antiga, improvável que tenha sido cunhada pelo Saramago.
LUCIDEZ é um livro caricato demais, redundante e bem inferior, me parece, ao CEGUEIRA. Li. É um livro mediano do velho e o ponto de derrocada, porque a partir daí foi ladeira abaixo.
Mat, que graça a capa desse livro americano, hein.
Essa frase do "pior cego" é coisa antiga, improvável que tenha sido cunhada pelo Saramago.
LUCIDEZ é um livro caricato demais, redundante e bem inferior, me parece, ao CEGUEIRA. Li. É um livro mediano do velho e o ponto de derrocada, porque a partir daí foi ladeira abaixo.
Mat, que graça a capa desse livro americano, hein.
Gourmet- A Senhoria
- Mensagens : 665
Data de inscrição : 20/09/2011
Re: [LITERATURA PORTUGUESA] José Saramago
Também achei uma graça! E agradeço os pareceres.
tmanfrini- Guerra e Paz
- Mensagens : 1513
Data de inscrição : 29/09/2011
Idade : 31
Localização : Navegantes - SC
Re: [LITERATURA PORTUGUESA] José Saramago
Cegueira é um livro do CARALIO, na boa. Jangada de Pedra é uma coisa linda. O legal do Saramago é que ele trouxe de volta a literatura por alegoria, e fez muito bem.
Os livros dele que eu li tem uns enredos bem bolados e uma escrita digna de nota. Além de uma poética que desarma o leitor. [Jangada de pedra ele narra o caso da separação da Península Ibérica do resto do continente europeu. A Península fica boiando pelos oceanos sem rumo.]
Concordo com o que o César falou aí, tu tem que ler as obras certeiras mesmo, se for fuçar muito, vai achar merdas.
Mas, assim, acho que o cara merece respeito. Tanto escritor que eu gosto que tem fase ruim... Uns livrinhos menores nunca foi motivo pra desvalorizar obra completa de determinado autor.
Os livros dele que eu li tem uns enredos bem bolados e uma escrita digna de nota. Além de uma poética que desarma o leitor. [Jangada de pedra ele narra o caso da separação da Península Ibérica do resto do continente europeu. A Península fica boiando pelos oceanos sem rumo.]
Concordo com o que o César falou aí, tu tem que ler as obras certeiras mesmo, se for fuçar muito, vai achar merdas.
Mas, assim, acho que o cara merece respeito. Tanto escritor que eu gosto que tem fase ruim... Uns livrinhos menores nunca foi motivo pra desvalorizar obra completa de determinado autor.
Mat- Guerra e Paz
- Mensagens : 2969
Data de inscrição : 12/07/2011
Idade : 33
Localização : Bahia
Re: [LITERATURA PORTUGUESA] José Saramago
A cult desse mês trouxe uma matéria com o Lobo Antunes.
Jabá- Guerra e Paz
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Data de inscrição : 06/09/2011
Idade : 43
Localização : Teresina/PI
Re: [LITERATURA PORTUGUESA] José Saramago
Alguém já leu esse Clarabóia? Como é lançamento tá com desconto em tudo que é canto, as vezes considero...
Re: [LITERATURA PORTUGUESA] José Saramago
Um amigo meu disse que leu e chamou o livro de Clarabosta.
Gourmet- A Senhoria
- Mensagens : 665
Data de inscrição : 20/09/2011
Re: [LITERATURA PORTUGUESA] José Saramago
Certamente.
Se o véio nunca quis publicar, coisa boa não é.
Se o véio nunca quis publicar, coisa boa não é.
Re: [LITERATURA PORTUGUESA] José Saramago
http://www.livrosepessoas.com/2011/09/09/lobao-detesto-gente-que-e-talentosa-mas-nao-sabe-pensar/
- Eu me dou a petulância de dizer que escrevo muito bem. Muito melhor do que o Caetano Veloso, por sinal. Saramago até sabe escrever bem, mas pensa errado. Eu detesto gente que é talentosa, mas não sabe pensar. Ele tinha inveja dos pobres, eu detesto isso. – disse o compositor que sabia que quando escrevesse, seria um best-seller.
Re: [LITERATURA PORTUGUESA] José Saramago
Do Saramago li apenas Evangelho segundo Cristo que achei muito bom,talvez leia Ensaio sobre a Cegueira nesse fim de ano,mas depois da leitura de Arquipélago da Insonia vejo que Lobo Antunes talvez tenha sido um tanto eclipsado por Saramago mas é tão bom quanto quiça melhor.
Talvez esteja errado mas de Saramago só tenho vontade de ler mais dois e Lobo Antunes mais uns quatro ou cinco.
Gourmet não sabia que Caim era tão apelativo assim,tambem sou ateu mas gosto de literatura e não de panfletos travestidos.
Talvez esteja errado mas de Saramago só tenho vontade de ler mais dois e Lobo Antunes mais uns quatro ou cinco.
Gourmet não sabia que Caim era tão apelativo assim,tambem sou ateu mas gosto de literatura e não de panfletos travestidos.
Deco- Ana Karenina
- Mensagens : 305
Data de inscrição : 23/07/2011
Idade : 34
Re: [LITERATURA PORTUGUESA] José Saramago
Meus amigos, literatura não é futebol. Um autor é bom ou ruim independente do outro. Faz uns seis meses que começou essa história de Lobo Antunes, Saramago começou a vender pra cacete depois que morreu e o povo já partiu pro outro não tão conhecido.
Eu sei que ranks são maneiros, mas não é bem assim a coisa.
Eu sei que ranks são maneiros, mas não é bem assim a coisa.
Re: [LITERATURA PORTUGUESA] José Saramago
De fato literatura não é esporte mas só quis deixar breves impressões da minha pouca leitura de ambos autores. Não se perde nada lendo as melhores desses autores e tenho interesse em mais autores portugueses do seculo xx como Sophia de Melo Breyner mas aí já é assunto para o tópico "Por onde começar".
Deco- Ana Karenina
- Mensagens : 305
Data de inscrição : 23/07/2011
Idade : 34
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