CRIMES, CASTIGOS E DOENÇAS
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CRIMES, CASTIGOS E DOENÇAS
Meus caros, estou postando um texto recente. Foi publicado no jornal O GLOBO de 30/11/2011 e, embora eu tenha algumas divergências fundamentais com algumas das coisas escritas e consider o texto extremamente raso e incloncluso, achei que valia a pena compartilhar.
Trata-se de uma experiência que já atravessei mais de uma vez e que tenho enfrentado novamente com a leitura de CRIME E CASTIGO: ficar doente ao ler.
Outros autores e leitores também já experimentaram isso. Uns enquanto produzem sua obra, seja uma pintura, desenho ou livro, o que é compreensível, porque isso deve demandar sacríficio e consumo de energia, outros pelo simples ato de leitura.
Não deixa de ser um fato interessante a influência que um livro tem sobre quem lê, apesar de óbvia. O que causa alguma perplexidade é como um livro poderia conduzir uma pessoa a ficar doente fisicamente ou atormentada psicologicamente durante esse processo de leitura.
Pois bem, o assunto foge da Literatura, mas em relação a mim está diretamente ligado. Eu me indago sobre qual seria a causa disso, qual a mecânica por trás desses fatos e se interromper a leitura funcionaria como remédio.
Não estou convencido de que o ato de leitura de livros específicos possa deixar uma pessoa doente, apesar disso parecer ocorrer eventualmente, não só comigo, mas com outras pessoas também. No meu caso, coisas transitórias e de menor relevo, como febre, indisposição, sem uma causa evidente.
Mas supor isso levantaria uma questão estranha, se considerarmos que a leitura tem uma real influência sobre o estado de saúde: ler causa câncer?
Nelson Rodrigues tinha umas teorias irônicas sobre o câncer. Para ele estava relacionado ao amor ou, mais propriamente, sua falta. "Tudo é falta de amor" disse ele, "o câncer no seio ou qualquer outra forma de câncer. É falta de amor. As lesões do sentimento. A crueldade. Tudo, tudo falta de amor." E também dizia que "a origem do câncer está no tédio conjugal. E a leucemia infantil é o tédio dos pais destruindo os filhos."
Apesar de toda a ironia que usava, é uma puta duma teoria psicológica, até onde posso supor, perfeitamente aplicável ao caso das "doenças da leitura", que é o assunto da postagem.
Claro que tudo dependeria de encontrarmos um nexo de causalidade entre a leitura e a doença. Não acredito que a tormenta mental que uma leitura possa causar seja o link suficiente. Por isso divido o tema com vocês, na tentativa de encontrar um entendimento.
Trata-se de uma experiência que já atravessei mais de uma vez e que tenho enfrentado novamente com a leitura de CRIME E CASTIGO: ficar doente ao ler.
Outros autores e leitores também já experimentaram isso. Uns enquanto produzem sua obra, seja uma pintura, desenho ou livro, o que é compreensível, porque isso deve demandar sacríficio e consumo de energia, outros pelo simples ato de leitura.
Não deixa de ser um fato interessante a influência que um livro tem sobre quem lê, apesar de óbvia. O que causa alguma perplexidade é como um livro poderia conduzir uma pessoa a ficar doente fisicamente ou atormentada psicologicamente durante esse processo de leitura.
Pois bem, o assunto foge da Literatura, mas em relação a mim está diretamente ligado. Eu me indago sobre qual seria a causa disso, qual a mecânica por trás desses fatos e se interromper a leitura funcionaria como remédio.
Não estou convencido de que o ato de leitura de livros específicos possa deixar uma pessoa doente, apesar disso parecer ocorrer eventualmente, não só comigo, mas com outras pessoas também. No meu caso, coisas transitórias e de menor relevo, como febre, indisposição, sem uma causa evidente.
Mas supor isso levantaria uma questão estranha, se considerarmos que a leitura tem uma real influência sobre o estado de saúde: ler causa câncer?
Nelson Rodrigues tinha umas teorias irônicas sobre o câncer. Para ele estava relacionado ao amor ou, mais propriamente, sua falta. "Tudo é falta de amor" disse ele, "o câncer no seio ou qualquer outra forma de câncer. É falta de amor. As lesões do sentimento. A crueldade. Tudo, tudo falta de amor." E também dizia que "a origem do câncer está no tédio conjugal. E a leucemia infantil é o tédio dos pais destruindo os filhos."
Apesar de toda a ironia que usava, é uma puta duma teoria psicológica, até onde posso supor, perfeitamente aplicável ao caso das "doenças da leitura", que é o assunto da postagem.
Claro que tudo dependeria de encontrarmos um nexo de causalidade entre a leitura e a doença. Não acredito que a tormenta mental que uma leitura possa causar seja o link suficiente. Por isso divido o tema com vocês, na tentativa de encontrar um entendimento.
Gourmet- A Senhoria
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Re: CRIMES, CASTIGOS E DOENÇAS
Li muito por cima, mas assumo que assim seja, que o ser humano é a cobaia de si mesmo, de sua própria existência.
tmanfrini- Guerra e Paz
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Re: CRIMES, CASTIGOS E DOENÇAS
tmanfrini escreveu:Li muito por cima, mas assumo que assim seja, que o ser humano é a cobaia de si mesmo, de sua própria existência.
Bastante sério o que você escreveu. Dá o que pensar.
Gourmet- A Senhoria
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Data de inscrição : 20/09/2011
Re: CRIMES, CASTIGOS E DOENÇAS
Sim, realmente algo a se conjecturar sobre.
Eu deveria voltar a ler e reler Schopenhauer com afinco. É que tenho muita literatura e afazeres urgindo, acabo procastinando.
Eu deveria voltar a ler e reler Schopenhauer com afinco. É que tenho muita literatura e afazeres urgindo, acabo procastinando.
tmanfrini- Guerra e Paz
- Mensagens : 1513
Data de inscrição : 29/09/2011
Idade : 31
Localização : Navegantes - SC
Re: CRIMES, CASTIGOS E DOENÇAS
Por um lado, a coisa pode ter uma daquelas explicações simples: se lemos, não nos exercitamos, pulamos refeições, dormimos menos, dispendemos energia, afinal de contas.
Por outro lado, acho que o texto toca sim em um ponto que o nietzscheano Deleuze me mataria por dizer metafísico: no fim das contas, vida ou falta dela é a mesma coisa que luta e esforça-se para ser coisas diferentes.
Vou falar de uma obra que vão me crucificar por citá-la no fórum, assim confirmando minha teoria. Não li, não vai acontecer, mas ela é um fato concreto e portanto não há como furtar pensar nela: a triologia crepúsculo.
Penso nessa triologia, pois gosto de pensar que até a literatura ruim traz consigo uma necessidade da época e crepúsculo, uma historia de vampiros ultra-cristãos, mostra que hoje temos uma necessidade de puritanismo exatamente por ser uma época libertina e laid back por excelência. A era em que o poder é completamente ausente de divindade e completamente desvinculado a qualquer noção de justiça pede, como contraponto, vampiros vegetarianos que amam incondicionalmente.
Os vampiros de Stephanie Meyer são o Deus do novo testamento em comparação ao velho testamento de Anne Rice (onde o poder subsume a justiça) e ao paganismo romântico, onde as criaturas de sexo e sangue são um fato da natureza que trazem consigo o horrendo sublime da natureza.
E é no romantismo que eu queria chegar: se nossa época libertina necessita puritanismo, o puritano momento em que viveram Shakespeare e, mais tarde, Goethe; necessitavam um estrondo de vida.
Romantismo é, na minha opinião, um certo excesso vertiginoso de vida em que esta afirma-se, sem absolutamente nenhuma escolha ou liberdade, em grandiosidade. Eis minha questão:
Se, como o autor diz, a imobilidade e a doença vêm como consequência de um grande viver, será que vivemos em uma época doente e imóvel como consequência dos grandes movimentos literários dos séculos passados? Será absurdo pensar que tivemos o romantismo alemão, portanto o nazismo, então portanto a ressaca da época atual? Somos a vida esgotada e cansada, em seu otimismo preguiçoso, seu libertinismo "why not?", seu catolicismo excessivamente democrático, seu protestantismo excessivamente despótico, sua ciência com ares de obscurantismo, gerando problemas ambientais e bombas atômicas, pois, como espécie, afirmamos a vida em todo seu vigor há relativamente pouco tempo e agora estamos, desesperadamente e insanamente, buscando um meio de apreciá-la por meio de sofrimentos manufaturados?
Pergunto se um livro pode nos deixar doente como indivíduos, pode um movimento literário nos deixar doente como civilização? (seria Lênin o câncer de Gorky?)
Enfim, acho que não contribui nada pro tópico e só coloquei problemas desnecessários, acho que aproveitei pra desabafar alguns pensamentos, desculpem.
Por outro lado, acho que o texto toca sim em um ponto que o nietzscheano Deleuze me mataria por dizer metafísico: no fim das contas, vida ou falta dela é a mesma coisa que luta e esforça-se para ser coisas diferentes.
Vou falar de uma obra que vão me crucificar por citá-la no fórum, assim confirmando minha teoria. Não li, não vai acontecer, mas ela é um fato concreto e portanto não há como furtar pensar nela: a triologia crepúsculo.
Penso nessa triologia, pois gosto de pensar que até a literatura ruim traz consigo uma necessidade da época e crepúsculo, uma historia de vampiros ultra-cristãos, mostra que hoje temos uma necessidade de puritanismo exatamente por ser uma época libertina e laid back por excelência. A era em que o poder é completamente ausente de divindade e completamente desvinculado a qualquer noção de justiça pede, como contraponto, vampiros vegetarianos que amam incondicionalmente.
Os vampiros de Stephanie Meyer são o Deus do novo testamento em comparação ao velho testamento de Anne Rice (onde o poder subsume a justiça) e ao paganismo romântico, onde as criaturas de sexo e sangue são um fato da natureza que trazem consigo o horrendo sublime da natureza.
E é no romantismo que eu queria chegar: se nossa época libertina necessita puritanismo, o puritano momento em que viveram Shakespeare e, mais tarde, Goethe; necessitavam um estrondo de vida.
Romantismo é, na minha opinião, um certo excesso vertiginoso de vida em que esta afirma-se, sem absolutamente nenhuma escolha ou liberdade, em grandiosidade. Eis minha questão:
Se, como o autor diz, a imobilidade e a doença vêm como consequência de um grande viver, será que vivemos em uma época doente e imóvel como consequência dos grandes movimentos literários dos séculos passados? Será absurdo pensar que tivemos o romantismo alemão, portanto o nazismo, então portanto a ressaca da época atual? Somos a vida esgotada e cansada, em seu otimismo preguiçoso, seu libertinismo "why not?", seu catolicismo excessivamente democrático, seu protestantismo excessivamente despótico, sua ciência com ares de obscurantismo, gerando problemas ambientais e bombas atômicas, pois, como espécie, afirmamos a vida em todo seu vigor há relativamente pouco tempo e agora estamos, desesperadamente e insanamente, buscando um meio de apreciá-la por meio de sofrimentos manufaturados?
Pergunto se um livro pode nos deixar doente como indivíduos, pode um movimento literário nos deixar doente como civilização? (seria Lênin o câncer de Gorky?)
Enfim, acho que não contribui nada pro tópico e só coloquei problemas desnecessários, acho que aproveitei pra desabafar alguns pensamentos, desculpem.
Sblargh- Noites Brancas
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Idade : 38
Re: CRIMES, CASTIGOS E DOENÇAS
Digo que contribui muito, são problemas do maior interesse ao bom raciocínio da questão e - que ainda é melhor - da amplidão divisada.
(Prezo os seus comentários num geral! Entanto atesto energicamente quanto a sua clareza em se tratando de visão histórica. )
(Prezo os seus comentários num geral! Entanto atesto energicamente quanto a sua clareza em se tratando de visão histórica. )
tmanfrini- Guerra e Paz
- Mensagens : 1513
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Idade : 31
Localização : Navegantes - SC
Re: CRIMES, CASTIGOS E DOENÇAS
De fato existe uma relação de troca entre a saúde e a literatura. Alguns escritores só escrevem sob sofrimento, e quanto mais sofrem, mais e melhor escrevem. Doenças e sofrimento também influenciavam na literatura. Há o tal Mal do Século, que, apesar de vagamente, está relacionado ao assunto. Há o relacionamento entre a dor, a literatura e o amor. O próprio sadomasoquismo pressupõe algum grau de conformação ao uso da dor, ou mais propriamente ao aproveitamento sexual da dor.
Fico realmente tentado a levar essa análise para o SM. Porque, a se supor que a leitura é um prazer, os males e doenças da leitura seriam um pedágio a se pagar para se ter esse prazer.
Hoje eu tenho algumas dificuldades em administrar a literatura vampiresca. Nesse ponto virei conservador e ortodoxo, só me interessam os vampiros antigos, que obviamente trazem questões diferentes dos vampiros do nosso tempo. O fato é que vampiros são uma alegoria sensacional para questões sociais e sexuais, e não funcionam apenas como um reflexo, mas também como também como influência.
E acho que independente do mal que possam causar (não os livros de vampiros, que acho bem inofensivos), numa pessoa ou numa coletividade inteira, livros nunca deveriam ser proibidos. Por mais odiosa que seja a doença causada.
Fico realmente tentado a levar essa análise para o SM. Porque, a se supor que a leitura é um prazer, os males e doenças da leitura seriam um pedágio a se pagar para se ter esse prazer.
Hoje eu tenho algumas dificuldades em administrar a literatura vampiresca. Nesse ponto virei conservador e ortodoxo, só me interessam os vampiros antigos, que obviamente trazem questões diferentes dos vampiros do nosso tempo. O fato é que vampiros são uma alegoria sensacional para questões sociais e sexuais, e não funcionam apenas como um reflexo, mas também como também como influência.
E acho que independente do mal que possam causar (não os livros de vampiros, que acho bem inofensivos), numa pessoa ou numa coletividade inteira, livros nunca deveriam ser proibidos. Por mais odiosa que seja a doença causada.
Gourmet- A Senhoria
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Re: CRIMES, CASTIGOS E DOENÇAS
Você leu o ensaio sobre Sacher-Masoch, O frio e o cruel, do Deleuze? [Ganhei há tempos aliás do Sblargh. Recomendo fortemente!]
Concordo com a última observação. Como lhe disse anteriormente, a fragilidade do corpo enquanto puder ser enfrentada em prol de algo mais edificante à muito bem o será, compreendo assim e fomento.
Concordo com a última observação. Como lhe disse anteriormente, a fragilidade do corpo enquanto puder ser enfrentada em prol de algo mais edificante à muito bem o será, compreendo assim e fomento.
&
tmanfrini- Guerra e Paz
- Mensagens : 1513
Data de inscrição : 29/09/2011
Idade : 31
Localização : Navegantes - SC
Re: CRIMES, CASTIGOS E DOENÇAS
Minha rinite sempre foi um problema recorrente e na infância eu tinha bronquite. Se hoje leio livros é por algum ímpeto masoquista mais do que pelo prazer da leitura.
Gourmet- A Senhoria
- Mensagens : 665
Data de inscrição : 20/09/2011
Re: CRIMES, CASTIGOS E DOENÇAS
A literatura russa mexe muito com a gente. Lembrei desse tópico depois de acordar de um baita pesadelo.
Estava na porra duma fila com um amigo meu, professor de história e evangélico que não vejó desde que era um universitário sebento e fracassado. A fila era pra enfrentar uma tal de COMISSÃO DE TORTURA RUSSA instalada aqui no Brasil pra punir quem leu Dostoiévski. pode uma coisa dessas?
Pior que a gente tava muito tenso já que só se safava da tortura física quem tinha argumento com a comissão e eu tava aperreado porque nunca tive argumento pra defender nada que um dia possa ter se passado na minha cabeça e recebido o nome de idéia...
A porta se abriu e um parrudão chamou meu nome e acordei. Caralho, nunca senti tanto prazer em acordar na vida.
Estou reconsiderando a decisão da maratona de literatura russa e não sei se darei continuidade ao INFÂNCIA, com sua galeria de personagens tirado diretamente das hostes infernais.
Estou com medo. Sério.
Estava na porra duma fila com um amigo meu, professor de história e evangélico que não vejó desde que era um universitário sebento e fracassado. A fila era pra enfrentar uma tal de COMISSÃO DE TORTURA RUSSA instalada aqui no Brasil pra punir quem leu Dostoiévski. pode uma coisa dessas?
Pior que a gente tava muito tenso já que só se safava da tortura física quem tinha argumento com a comissão e eu tava aperreado porque nunca tive argumento pra defender nada que um dia possa ter se passado na minha cabeça e recebido o nome de idéia...
A porta se abriu e um parrudão chamou meu nome e acordei. Caralho, nunca senti tanto prazer em acordar na vida.
Estou reconsiderando a decisão da maratona de literatura russa e não sei se darei continuidade ao INFÂNCIA, com sua galeria de personagens tirado diretamente das hostes infernais.
Estou com medo. Sério.
Jabá- Guerra e Paz
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Data de inscrição : 06/09/2011
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Re: CRIMES, CASTIGOS E DOENÇAS
Tu tá tendo pesadelo com o Infância do Górki?
Pourra, Jabá. Nunca leia Os Demônios do Dostoiévski ou O Mestre e Margarida do Bulgákov.
Tem um conto russo que eu li que me tirou o sono e eu não consigo, por mais que queira, me lembrar do autor.
Vou descrever e quem souber me diga.
Acho que é Tchékov, mas não estou certo.
Se passa em uma aldeia russa no inverno. Um dia, chega um trem com vagões cheios de judeus desnutridos dos campos de concentração.
A ordem é de que o prefeito lá "tome conta" dos coitados. Só isso.
Ele tenta só prender os judeus, mas não tem nem espaço nem mantimentos pra isso.
Muitos vão morrendo de inanição e frio.
Então, a muito contragosto, decide fazer o que foi ordenado.
Pega uns adolescentes vagabundos que viviam de beber vodka e jogar futebol e paga pra que eles levem, a cada dia, uns seis judeus pra floresta, os fuzilem e enterrem.
No início, os garotos se divertem com isso. Veem como dinheiro fácil e uma oportunidade de serem "homens".
Com o tempo, a coisa muda. Eles tem que se embriagar mais e mais pra continuar a cumprir a tarefa.
Voltam pra casa com depressão, alguns enlouquecem, e a vila toda se desestabiliza por conta do extermínio.
As descrições são de dar um nó no estômago.
O engraçado é que esse conto me assombra até hoje, mas apaguei por completo o nome do autor.
Às vezes penso que sonhei com ele e por isso não lembro...
Em tempo: ótimo pesadelo, dava um miniconto.
Pourra, Jabá. Nunca leia Os Demônios do Dostoiévski ou O Mestre e Margarida do Bulgákov.
Tem um conto russo que eu li que me tirou o sono e eu não consigo, por mais que queira, me lembrar do autor.
Vou descrever e quem souber me diga.
Acho que é Tchékov, mas não estou certo.
Se passa em uma aldeia russa no inverno. Um dia, chega um trem com vagões cheios de judeus desnutridos dos campos de concentração.
A ordem é de que o prefeito lá "tome conta" dos coitados. Só isso.
Ele tenta só prender os judeus, mas não tem nem espaço nem mantimentos pra isso.
Muitos vão morrendo de inanição e frio.
Então, a muito contragosto, decide fazer o que foi ordenado.
Pega uns adolescentes vagabundos que viviam de beber vodka e jogar futebol e paga pra que eles levem, a cada dia, uns seis judeus pra floresta, os fuzilem e enterrem.
No início, os garotos se divertem com isso. Veem como dinheiro fácil e uma oportunidade de serem "homens".
Com o tempo, a coisa muda. Eles tem que se embriagar mais e mais pra continuar a cumprir a tarefa.
Voltam pra casa com depressão, alguns enlouquecem, e a vila toda se desestabiliza por conta do extermínio.
As descrições são de dar um nó no estômago.
O engraçado é que esse conto me assombra até hoje, mas apaguei por completo o nome do autor.
Às vezes penso que sonhei com ele e por isso não lembro...
Em tempo: ótimo pesadelo, dava um miniconto.
Última edição por Lorenzo Becco em 25th janeiro 2012, 4:50 pm, editado 1 vez(es)
Re: CRIMES, CASTIGOS E DOENÇAS
Lorenzo Becco escreveu:Tu tá tendo pesadelo com o Infância do Górki?
Pourra, Jabá. Nunca leia Os Demônios do Dostoiévski ou O Mestre e Margarida do Bulgákov.
Tem um conto russo que eu li que me tirou o sono e eu não consigo, por mais que queira, me lembrar do autor.
Vou descrever e quem souber me diga.
Acho que é Tchékov, mas não estou certo.
Se passa em uma aldeia russa no inverno. Um dia, chega um trem com vagões cheios de judeus desnutridos dos campos de concentração.
A ordem é de que o prefeito lá "tome conta" dos coitados. Só isso.
Ele tenta só prender os judeus, mas não tem nem espaço nem mantimentos pra isso.
Muitos vão morrendo de inanição e frio.
Então, a muito contragosto, decide fazer o que foi ordenado.
Pega uns adolescentes vagabundos que viviam de beber vodka e jogar futebol e paga pra que eles levem, a cada dia, uns seis judeus pra floresta, os fuzilem e enterrem.
No início, os garotos se divertem com isso. Veem como dinheiro fácil e uma oportunidade de serem "homens".
Com o tempo, a coisa muda. Eles tem que se embriagar mais e mais pra continuar a cumprir a tarefa.
Voltam pra casa com depressão, alguns enlouquecem, e a vila toda se desestabiliza por conta do extermínio.
As descrições são de dar um nó no estômago.
O engraçado é que esse conto me assombra até hoje, mas apaguei por completo o nome do autor.
Às vezes penso que sonhei com ele e por isso não lembro...
Em tempo: ótimo pesadelo, dava um miniconto.
Exato. apesar de ter umas passagens bem bucólicas a galeria de personagens e suas atrocidades meio que me deixou chocado... Fico lendo até tarde e quando vou dormir aquelas cores fortes e vivas com uma paisagem fria, mujiques mulambentos e parricidas ficam flutuando na minha mente.
Mas vou continuar encarando, gostei da sensação. Pouca coisa mexe tanto assim comigo. Encararei OS DEMôNIOS e O MESTRE E MARGARIDA no momento oportuno. E esse conto que você resumiu é muito forte, Becco. Espero que seja Tchecov e esteja no livro que lerei em seguida.
E obrigado pela dica. transformarei em miniconto acrescentando as cenas na sala de tortura.
Jabá- Guerra e Paz
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Re: CRIMES, CASTIGOS E DOENÇAS
A sala de tortura deve ser descritas em detalhes, Israel!
Tem um conto bem forte, que eu tenho certeza que é do Tchekov, que se chama justamente "Os Mujiques" e está neste livro:
É esse que você vai ler, não é?
É maravilhosamente perturbador.
Depois que você conhece os russos, muita coisa [principalmente os franceses como Balzac] fica parecendo água com açucar [ok, podem jogar as pedras].
O parricídio, por exemplo, é quase uma instituição da Rússia.
Recomendo a leitura d'Os Irmãos Karamázov [que eu sei que você tem] para um aprofundamento no assunto.
PS: Não teve nenhum pesadelo lendo Recordações da Casa dos Mortos?
Tem um conto bem forte, que eu tenho certeza que é do Tchekov, que se chama justamente "Os Mujiques" e está neste livro:
É esse que você vai ler, não é?
É maravilhosamente perturbador.
Depois que você conhece os russos, muita coisa [principalmente os franceses como Balzac] fica parecendo água com açucar [ok, podem jogar as pedras].
O parricídio, por exemplo, é quase uma instituição da Rússia.
Recomendo a leitura d'Os Irmãos Karamázov [que eu sei que você tem] para um aprofundamento no assunto.
PS: Não teve nenhum pesadelo lendo Recordações da Casa dos Mortos?
Re: CRIMES, CASTIGOS E DOENÇAS
Caro Lorenzo,
Sinta-se apedrejado.
Amor,
sua amiga
Thaís.
Sinta-se apedrejado.
Amor,
sua amiga
Thaís.
tmanfrini- Guerra e Paz
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Re: CRIMES, CASTIGOS E DOENÇAS
Lorenzo Becco escreveu:Até apedrejando alguém a Thaís não consegue deixar de ser fofa!
;*******
tmanfrini- Guerra e Paz
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Re: CRIMES, CASTIGOS E DOENÇAS
Lorenzo Becco escreveu:A sala de tortura deve ser descritas em detalhes, Israel!
Tem um conto bem forte, que eu tenho certeza que é do Tchekov, que se chama justamente "Os Mujiques" e está neste livro:
É esse que você vai ler, não é?
É maravilhosamente perturbador.
Depois que você conhece os russos, muita coisa [principalmente os franceses como Balzac] fica parecendo água com açucar [ok, podem jogar as pedras].
O parricídio, por exemplo, é quase uma instituição da Rússia.
Recomendo a leitura d'Os Irmãos Karamázov [que eu sei que você tem] para um aprofundamento no assunto.
PS: Não teve nenhum pesadelo lendo Recordações da Casa dos Mortos?
É justamente esse, Becco. Como sou previsível . Pelo visto fortes emoções me aguardam. Ainda estou em dúvida se encerro minha maratona com ANA KARIENINA ou OS IRMÃOS KARAMÁZOV. O eterno dilema. Dosta ou Tosta?!
E acho que esse pesadelo é resquício da leitura de RECORDAÇÕES...
tmanfrini escreveu:Lorenzo Becco escreveu:Até apedrejando alguém a Thaís não consegue deixar de ser fofa!
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Jabá- Guerra e Paz
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Re: CRIMES, CASTIGOS E DOENÇAS
Anna Kariênina, conforme o progresso da leitura, deu-me atmosfera opressiva suficiente a afetar meu sono.
Os Irmãos Karamázov ainda grande pendência.
Os Irmãos Karamázov ainda grande pendência.
tmanfrini- Guerra e Paz
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Re: CRIMES, CASTIGOS E DOENÇAS
Tem que terminar com Os Irmãos Karamázov, que, segundo Freud, é o maior romance já escrito!
Acho que Deus matou o Dosta pra ele não escrever a continuação dos Karamázov, já planejada e esboçada pelo autor, simplesmente por que a humanidade ainda não estava preparada.
Acho que Deus matou o Dosta pra ele não escrever a continuação dos Karamázov, já planejada e esboçada pelo autor, simplesmente por que a humanidade ainda não estava preparada.
Re: CRIMES, CASTIGOS E DOENÇAS
Lorenzo Becco escreveu:Tu tá tendo pesadelo com o Infância do Górki?
Pourra, Jabá. Nunca leia Os Demônios do Dostoiévski ou O Mestre e Margarida do Bulgákov.
Tem um conto russo que eu li que me tirou o sono e eu não consigo, por mais que queira, me lembrar do autor.
Vou descrever e quem souber me diga.
Acho que é Tchékov, mas não estou certo.
Se passa em uma aldeia russa no inverno. Um dia, chega um trem com vagões cheios de judeus desnutridos dos campos de concentração.
A ordem é de que o prefeito lá "tome conta" dos coitados. Só isso.
Ele tenta só prender os judeus, mas não tem nem espaço nem mantimentos pra isso.
Muitos vão morrendo de inanição e frio.
Então, a muito contragosto, decide fazer o que foi ordenado.
Pega uns adolescentes vagabundos que viviam de beber vodka e jogar futebol e paga pra que eles levem, a cada dia, uns seis judeus pra floresta, os fuzilem e enterrem.
No início, os garotos se divertem com isso. Veem como dinheiro fácil e uma oportunidade de serem "homens".
Com o tempo, a coisa muda. Eles tem que se embriagar mais e mais pra continuar a cumprir a tarefa.
Voltam pra casa com depressão, alguns enlouquecem, e a vila toda se desestabiliza por conta do extermínio.
As descrições são de dar um nó no estômago.
O engraçado é que esse conto me assombra até hoje, mas apaguei por completo o nome do autor.
Às vezes penso que sonhei com ele e por isso não lembro...
Em tempo: ótimo pesadelo, dava um miniconto.
Caramba, fiquei com muita vontade de ler esse conto. Pena que ninguém descobriu o autor, pelo jeito.
Pesadelo sinistro o do Jabá também. Escreveu o miniconto? Fiquei curioso.
Oric- Crime e Castigo
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Re: CRIMES, CASTIGOS E DOENÇAS
Sobre o tema o único livro que causou tamanho sentimento em mim foram "Os irmãos Karamazov". Crime e castigo tem uma história igualmente pertubadora, mas creio que peguei a época errada para ler. Estou em uma correria tão grande e nível de estresse também nas alturas que estou pouco me importando com tudo ao meu redor =|
Sobre o tópico, lembrei de uma reportagem qeu li do Zeca Baleiro comentando:
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1096297-memorias-postumas-mudou-minha-vida-diz-zeca-baleiro.shtml
Sobre o tópico, lembrei de uma reportagem qeu li do Zeca Baleiro comentando:
Em casa, o cantor e os irmãos eram incentivados a ler pelo pai desde novos.
"Minha irmã leu 'Crime e Castigo' com 12 anos. Aí, ficou andando sorumbática pela casa. Minha mãe ficou preocupada."
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1096297-memorias-postumas-mudou-minha-vida-diz-zeca-baleiro.shtml
lavoura- Guerra e Paz
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Re: CRIMES, CASTIGOS E DOENÇAS
Oric escreveu:Lorenzo Becco escreveu:Tu tá tendo pesadelo com o Infância do Górki?
Pourra, Jabá. Nunca leia Os Demônios do Dostoiévski ou O Mestre e Margarida do Bulgákov.
Tem um conto russo que eu li que me tirou o sono e eu não consigo, por mais que queira, me lembrar do autor.
Vou descrever e quem souber me diga.
Acho que é Tchékov, mas não estou certo.
Se passa em uma aldeia russa no inverno. Um dia, chega um trem com vagões cheios de judeus desnutridos dos campos de concentração.
A ordem é de que o prefeito lá "tome conta" dos coitados. Só isso.
Ele tenta só prender os judeus, mas não tem nem espaço nem mantimentos pra isso.
Muitos vão morrendo de inanição e frio.
Então, a muito contragosto, decide fazer o que foi ordenado.
Pega uns adolescentes vagabundos que viviam de beber vodka e jogar futebol e paga pra que eles levem, a cada dia, uns seis judeus pra floresta, os fuzilem e enterrem.
No início, os garotos se divertem com isso. Veem como dinheiro fácil e uma oportunidade de serem "homens".
Com o tempo, a coisa muda. Eles tem que se embriagar mais e mais pra continuar a cumprir a tarefa.
Voltam pra casa com depressão, alguns enlouquecem, e a vila toda se desestabiliza por conta do extermínio.
As descrições são de dar um nó no estômago.
O engraçado é que esse conto me assombra até hoje, mas apaguei por completo o nome do autor.
Às vezes penso que sonhei com ele e por isso não lembro...
Em tempo: ótimo pesadelo, dava um miniconto.
Caramba, fiquei com muita vontade de ler esse conto. Pena que ninguém descobriu o autor, pelo jeito.
Pesadelo sinistro o do Jabá também. Escreveu o miniconto? Fiquei curioso.
Boa idéia, vou escrever o miniconto.
Agora sou mais um vagabundo.
Pelo menos até Janeiro.
Jabá- Guerra e Paz
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Data de inscrição : 06/09/2011
Idade : 44
Localização : Teresina/PI
Re: CRIMES, CASTIGOS E DOENÇAS
Enquanto estava lendo Fome, do Knut Hamsun além de ter o sentimento homônimo ao livro, sentia-me imensamente triste pela condição miserável do protagonista e mal conseguia ler o livro com grande frequência tamanha a angústia sentida.
Karenina- Crime e Castigo
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Data de inscrição : 19/09/2011
Idade : 35
Re: CRIMES, CASTIGOS E DOENÇAS
Fiquei com vontade de ler esse livro!
Por falar em sentimento homônimo ao livro, no Angústia, do Graciliano Ramos, eu fiquei muito angustiado. Custei a ler as últimas páginas, falta de ar.
Kafka no geral deixa com sensações ruins também. Principalmente "O Processo", "Na Colônia Penal" e "A Metamorfose".
Mas se eu cheguei a adoecer com a leitura de um livro, nem fiz a relação na época.
Por falar em sentimento homônimo ao livro, no Angústia, do Graciliano Ramos, eu fiquei muito angustiado. Custei a ler as últimas páginas, falta de ar.
Kafka no geral deixa com sensações ruins também. Principalmente "O Processo", "Na Colônia Penal" e "A Metamorfose".
Mas se eu cheguei a adoecer com a leitura de um livro, nem fiz a relação na época.
Oric- Crime e Castigo
- Mensagens : 948
Data de inscrição : 18/12/2012
Re: CRIMES, CASTIGOS E DOENÇAS
Oric escreveu:Por falar em sentimento homônimo ao livro, no Angústia, do Graciliano Ramos, eu fiquei muito angustiado.
Minha mãe disse a mesma coisa.
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