Aleksandr Ivanovich Kuprin [Александр Иванович Куприн]
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Aleksandr Ivanovich Kuprin [Александр Иванович Куприн]
Alguém que celebra a vida.
Grande contista. Encontrei no apanhado O Bracelete de Granadas (Tradução de Noé Silva, que também fecha a antologia com seu posfácio "O talento do amor à vida e ao próximo" - Tolstói chorava ao ler as retratações do ambiente militar sob a ótica de Kuprin) uma mostra de perfeita proporção quanto ao valor subjetivo de seus temas, começando de "leves fábulas" e culminando em histórias profundamente arrebatadoras - As duas últimas, Esmeralda e O Bracelete de Granadas foram uma experiência indescritível por qual passei entre ontem e hoje. Segue passagem de conjectura ao amor em diálogo n'O Bracelete -
- … Mas onde é que está o amor? O amor desinteressado, abnegado, que não espera recompensa? O amor de que se disse: “tão forte como a morte”? Compreendes-me? O amor, para o qual realizar qualquer façanha, entregar a vida, ir para o martírio, não é absolutamente trabalho, mas só alegria. Espera, espera, Viérotchka, outra vez queres falar-me do teu Vássia? Palavra, eu gosto muito dele. É um moço excelente. Lá se sabe, talvez o futuro até mostre ainda o seu amor à luz de uma grande beleza. Mas tenta compreender o amor de que te falo. O amor deve ser uma tragédia. O mistério maior do mundo! Não deve ter nada que ver com comodidades mundanas, cálculos e compromissos.
(…)
- Mas… e mulheres que amassem de verdade, vovô, ocorreu-lhe encontrar?
- Oh, certamente, Viérotchka. Eu até diria mais: eu estou convicto de que quase todas as mulheres são capazes do mais sublime heroísmo no amor. Vê só: ela beija, abraça, entrega-se - e ‘já’ é mãe. Para ela, se ama, o amor encerra todo o sentido da vida, o universo inteiro! Mas ela não é absolutamente culpada de o amor, nas pessoas, haver adotado formas tão torpes e descido ao ponto de tornar-se uma comodidade da vida, uma pequena distração. Os culpados são os homens, que aos vinte anos já estão fartos de tudo, com corpos de frango e almas de coelho, incapazes de desejos fortes, de atos heróicos, de ternura e adoração diante do amor. Dizem que, antigamente, acontecia tudo isso. E, até se não foi assim, então, será que isso não foi o sonho e o anelo das melhores mentes e corações da Humanidade - poetas, romancistas, músicos, pintores?…
(…)
- … Guarde bem as minhas palavras… daqui a uns trinta anos, as mulheres ocuparão um poder inaudito no mundo. Elas se vestirão como os ídolos indianos. Elas espezinharão a nós, homens, como escravos desprezíveis e aduladores. Os seus caprichos extravagantes tornar-se-ão para nós leis pungentes. E tudo porque gerações inteiras nossas não soubemos reverenciar o amor e venerá-lo.
Sobre o mesmo conto comenta Noé Silva ao posfácio -
Concordo plenamente.... O escritor apanhou a anedota do amor de um telegrafista a uma princesa, que normalmente se leria com estranhamento e desdém, e transformou-a em uma das histórias de amor mais comoventes da literatura russa.
Última edição por tmanfrini em 3rd fevereiro 2012, 11:11 pm, editado 1 vez(es)
tmanfrini- Guerra e Paz
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Re: Aleksandr Ivanovich Kuprin [Александр Иванович Куприн]
Nunca ouvi falar, Thaís. Ele está na antologia da 34?
Mat- Guerra e Paz
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Re: Aleksandr Ivanovich Kuprin [Александр Иванович Куприн]
http://revistacult.uol.com.br/home/tag/nova-antologia-do-conto-russo/Mat escreveu:Nunca ouvi falar, Thaís. Ele está na antologia da 34?
Ainda quanto ao conto que dá nome a antologia, sua epígrafe faz referência à
tmanfrini- Guerra e Paz
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Re: Aleksandr Ivanovich Kuprin [Александр Иванович Куприн]
Esse aí é um ilustre desconhecido para mim!
Karenina- Crime e Castigo
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Re: Aleksandr Ivanovich Kuprin [Александр Иванович Куприн]
Mat escreveu:Nunca ouvi falar, Thaís. Ele está na antologia da 34?
Karenina escreveu:Esse aí é um ilustre desconhecido para mim!
Olha, só li esse conto que saiu na cult (e que está na antologia da 34) e achei Kuprin muito legal. Se tiverem oportunidade não percam tempo. Achei um grande contista.
Essa tradução do Noé Silva é direta, thais?
Jabá- Guerra e Paz
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Re: Aleksandr Ivanovich Kuprin [Александр Иванович Куприн]
Direta. Ele faz algumas considerações sobre a tradução logo de início - que achei de um cuidado louvável.
tmanfrini- Guerra e Paz
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Re: Aleksandr Ivanovich Kuprin [Александр Иванович Куприн]
Também só conheço o conto da Antologia, mas muito me interessa essa obra.
E Tolstói era um chorão, chorava por tudo.
E Tolstói era um chorão, chorava por tudo.
Re: Aleksandr Ivanovich Kuprin [Александр Иванович Куприн]
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schmidt- A Dama do Cachorrinho
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Re: Aleksandr Ivanovich Kuprin [Александр Иванович Куприн]
Tolstói - particularmente sensível ao panorama militar.Lorenzo Becco escreveu:Também só conheço o conto da Antologia, mas muito me interessa essa obra.
E Tolstói era um chorão, chorava por tudo.
tmanfrini- Guerra e Paz
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Re: Aleksandr Ivanovich Kuprin [Александр Иванович Куприн]
E à música.
Bastava tocar um Beethovenzinho que ele se debulhava.
Bastava tocar um Beethovenzinho que ele se debulhava.
Re: Aleksandr Ivanovich Kuprin [Александр Иванович Куприн]
Portanto ele deve ter apreciado também isso, n'O Bracelete de Granadas.Lorenzo Becco escreveu:E à música.
Bastava tocar um Beethovenzinho que ele se debulhava.
tmanfrini- Guerra e Paz
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Localização : Navegantes - SC
Re: Aleksandr Ivanovich Kuprin [Александр Иванович Куприн]
Eu li três contos do Kuprin, incluindo o que saiu na Nova Antologia. Eu escrevi um pequeno texto sobre ele, mandei pro César e tô esperando ele publicar junto com a do Pasternak que, aliás, faz um ano que eu mandei.
Eu gostei muito dos três contos.
Eu gostei muito dos três contos.
aline veras- Noites Brancas
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Re: Aleksandr Ivanovich Kuprin [Александр Иванович Куприн]
CÉSAR, SEU PUTO, PUBLICA O TEXTO DA ALINE!!!
Jabá- Guerra e Paz
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Re: Aleksandr Ivanovich Kuprin [Александр Иванович Куприн]
Chamou pro limpo. Vishi.
Karenina- Crime e Castigo
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Data de inscrição : 19/09/2011
Idade : 35
Re: Aleksandr Ivanovich Kuprin [Александр Иванович Куприн]
Também não conhecia. Assim como o Pushkin, possui livro nessa coleção "Clássicos Globo". Pena que o site é muito ruim e não consegui descobrir se existem mais autores russos na coleção.
Oric- Crime e Castigo
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Data de inscrição : 18/12/2012
Re: Aleksandr Ivanovich Kuprin [Александр Иванович Куприн]
Reli o Conto O Inquérito, deessa vez na nova antologia. Só aumentou minha vontade de ler O bracelete de granadas. Já separei e devo ler em breve.
Jabá- Guerra e Paz
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Data de inscrição : 06/09/2011
Idade : 44
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Re: Aleksandr Ivanovich Kuprin [Александр Иванович Куприн]
O BRACELETE DE GRANADAS
ALEKSANDER IVANÓVITCH KÚPRIN
TRADUÇÃO DE NOÉ SILVA
GLOBO – 234 páginas
Acabei de ler O bracelete de granadas de Aleksandr Kúprin e estou impressionado com a obra desse autor que há muito merece ser lido e descoberto pelos amantes da literatura russa. Nessa seleção de 9 contos organizados e traduzidos por Noé Silva ele nos mostra uma seleta variedade da produção de Kúprin, que não fica aquém das obras consagradas de seus contemporâneos como Tchekhov, por exemplo.
Possuidor de uma biografia fantástica que por si só já resultaria num ótimo romance, Kúprin usa suas experiências pessoais para apresentar ao leitor a vida no submundo. A maioria dos contos apresenta os miseráveis e desvalidos, lugares sujos frequentados por toda sorte de bêbados e vagabundos. Um ambiente que o próprio Kúprin conhecia bem. O livro abre com duas lendas orientais que tem um gosto de parábola bíblica e mostram como o autor conhece bem o ato de contar uma história. O conto A felicidade também tem características semelhantes aos dois primeiros. O ambiente circense que foi uma das atividades de Kúprin é retratado em dois excelentes contos e mostra as agruras da vida no picadeiro.
Impossível não se comover com os quatros últimos contos. Curiosamente, Kúprin apresenta os animais como seres possuidores de alma, que pensam, sonham e tem sentimentos como medo, raiva e amor. E isso causa um impacto no leitor. O conto Esmeralda é protagonizado por um cavalo (inspirado num dos garanhões de Tolstói!) e seu final é um soco no estômago, assim como é também o destino da cachorrinha Bielotchka no conto Cambrino protagonizado por um dos melhores personagens da literatura russa: o violinista Sachka que passa pelas mudanças na Rússia de peito aberto e finca a lição do que é de fato a vida.
O conto que batiza o livro, mesmo com seu começo destoando das narrativas anteriores por conta da doce vida palaciana da nobreza aos poucos vai tendo uma reviravolta e se torna o mais denso do livro e o mais belo conto de amor que li até hoje. Inigualável. Não é a toa que o tradutor o escolheu como carro-chefe!
O trabalho feito nessas edições de clássicos Globo é primoroso. Noé Silva abre com um prefácio contextualizando e apresentando a obra. Os contos que seguem devem ser lidos sem pressa. Degustados, pra ser mais específico. Ao final, depois do maravilhoso O bracelete de granadas, Noé ainda escreve um posfácio comentando a obra e a biografia do autor para levar o leitor ao deleite.
Eu sabia que quando li o conto O Inquérito primeiramente na Cult e depois na Nova antologia iria acabar me tornando um grande apreciador desse russo desconhecido. Agora é torcer pra sair algum romance consagrado e mais contos. Altamente recomendável e indispensável.
Jabá- Guerra e Paz
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Data de inscrição : 06/09/2011
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