Biografias
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Re: Biografias
Sim, Kafka
tmanfrini- Guerra e Paz
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Re: Biografias
Cartas belísssimas, aliás.
Mat- Guerra e Paz
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Re: Biografias
Não sou muito de ler biografias (realmente não curto muito, prefiro o mistério em torno dos escritores/artistas que admiro), mas li essa biografia há um tempo por indicação de uma amiga e curti. É uma biografia bem minuciosa, a autora teve acesso a cartas bem íntimas de Callas:
Esse ano, um amigo me deu de presente de aniversário uma biografia do Jean Genet. Essa me interessa muito já que é um dos meus escritores favoritos:
Esse ano, um amigo me deu de presente de aniversário uma biografia do Jean Genet. Essa me interessa muito já que é um dos meus escritores favoritos:
Cássia- A Senhoria
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Re: Biografias
Quando descobri Callas, foi um vinil duplo com encarte rico em fotografias que encontrei numa loja empoeirada do centro da cidade, meu fetiche adquiriu uma dimensão muito mais complexa. Eu sempre quis amar uma soprano enquanto ela cantava, de preferência num palco, mas até então era algo abstrato e vago.
Enquanto ouvia os discos na vitrola, minha ambição tomava uma forma. Callas era uma mulher linda, virtuosa. Eu queria amar a soprano numa cópula em três atos, enquanto meus tímpanos vibravam: um sexo moderato ma risoluto ed energico, depois lento con gran espressione e um epílogo allegro feroce e vigoroso. Coisas italianas que descrevem bem uma foda de verdade.
Quanto ao palco eu superei esse delírio, mas minha fantasia buscou refúgio na idéia das cortinas de veludo dos teatros. Eu era praticamente capaz de sentir a poeira velha daquelas cortinas vermelhas envolvendo a soprano enquanto ela cantava e nós cruzávamos com olhos vermelhos de alergia.
Eu realmente queria pegar a casta diva de jeito.
As cortinas dos teatros passaram a me excitar. Tive uma constrangedora ereção no Theatro Municipal que me impedia de levantar para aplaudir. Em minha cabeça, Maria, eu dizia, canta para mim. E ela cantava, eu comia. Eu chorava enquanto amava e a voz dela me arrepiava a pele. Meu coração disparava no mais agudo.
Era uma voz vigorosa, carregada de uma tristeza que só as cantoras de ópera possuem. Solene, profunda, imponente, eterna.
Depois descobri que Callas já havia morrido fazia quase duas décadas. A vitrola um dia parou de funcionar. Na última mudança os vinis se perderam. Assim morrem os sonhos. Mas a alergia à poeira que me deixava com olhos vermelhos nunca se foi totalmente.
Gourmet- A Senhoria
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Re: Biografias
Gourmet escreveu:
Quando descobri Callas, foi um vinil duplo com encarte rico em fotografias que encontrei numa loja empoeirada do centro da cidade, meu fetiche adquiriu uma dimensão muito mais complexa. Eu sempre quis amar uma soprano enquanto ela cantava, de preferência num palco, mas até então era algo abstrato e vago.
Enquanto ouvia os discos na vitrola, minha ambição tomava uma forma. Callas era uma mulher linda, virtuosa. Eu queria amar a soprano numa cópula em três atos, enquanto meus tímpanos vibravam: um sexo moderato ma risoluto ed energico, depois lento con gran espressione e um epílogo allegro feroce e vigoroso. Coisas italianas que descrevem bem uma foda de verdade.
Quanto ao palco eu superei esse delírio, mas minha fantasia buscou refúgio na idéia das cortinas de veludo dos teatros. Eu era praticamente capaz de sentir a poeira velha daquelas cortinas vermelhas envolvendo a soprano enquanto ela cantava e nós cruzávamos com olhos vermelhos de alergia.
Eu realmente queria pegar a casta diva de jeito.
As cortinas dos teatros passaram a me excitar. Tive uma constrangedora ereção no Theatro Municipal que me impedia de levantar para aplaudir. Em minha cabeça, Maria, eu dizia, canta para mim. E ela cantava, eu comia. Eu chorava enquanto amava e a voz dela me arrepiava a pele. Meu coração disparava no mais agudo.
Era uma voz vigorosa, carregada de uma tristeza que só as cantoras de ópera possuem. Solene, profunda, imponente, eterna.
Depois descobri que Callas já havia morrido fazia quase duas décadas. A vitrola um dia parou de funcionar. Na última mudança os vinis se perderam. Assim morrem os sonhos. Mas a alergia à poeira que me deixava com olhos vermelhos nunca se foi totalmente.
Meu deus do céu!
Parabéns, amiche, esse foi o post do ano!
Fiquei arrepiado aqui, sério.
Você tá idêntico a um personagem de um conto que escrevi anos atrás pra mais um concurso. Ele se apaixonava por uma cantora Boliviana chamada Elza Babarath e mergulha num mundo de devaneio patológico semelhante a esse descrito por você. O herói sofre numa mistura de nerdice e erotismo e o final, porra! o final!!!!
Última edição por Jabá em 5th julho 2012, 9:55 pm, editado 1 vez(es)
Jabá- Guerra e Paz
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Re: Biografias
Se quiser te canto uma ópera.
Gourmet- A Senhoria
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Re: Biografias
amiche editei meu post.
Jabá- Guerra e Paz
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Data de inscrição : 06/09/2011
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Re: Biografias
ÓPERA! Go go Gourmet
aliás, metade de agosto haverá O Crepúsculo dos Deuses no Theatro Municipal SP.
Ô Jabá, posta aí seu conto.
aliás, metade de agosto haverá O Crepúsculo dos Deuses no Theatro Municipal SP.
Ô Jabá, posta aí seu conto.
tmanfrini- Guerra e Paz
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Idade : 31
Localização : Navegantes - SC
Re: Biografias
tmanfrini escreveu:ÓPERA! Go go Gourmet
aliás, metade de agosto haverá O Crepúsculo dos Deuses no Theatro Municipal SP.
Ô Jabá, posta aí seu conto.
Chama-se Babarath. Até olhei aqui no meu acervo mas curiosamente não tenho em meio digital. Tenho impresso, deve estar na gaveta que tem um letreiro vermelho em que se lê "FAIL".
Jabá- Guerra e Paz
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Idade : 44
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Re: Biografias
Poxa, valeu, Jabá. Um elogio seu vale muito pra mim. Seus contos são coisa finíssima e fiquei com muita vontade de ler esse da Elza. Compartilha!
Eu já havia prometido fazer um microconto, mas nas duas tentativas de escrever algo novo os textos se expandiram pra outros horizontes e um continua ainda sendo gestado e provavalmente nunca será parido.
Mas a Callas é sensacional mesmo. O que ela canta é de partir o coração.
Eu já havia prometido fazer um microconto, mas nas duas tentativas de escrever algo novo os textos se expandiram pra outros horizontes e um continua ainda sendo gestado e provavalmente nunca será parido.
Mas a Callas é sensacional mesmo. O que ela canta é de partir o coração.
Gourmet- A Senhoria
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Data de inscrição : 20/09/2011
Re: Biografias
tmanfrini escreveu:
aliás, metade de agosto haverá O Crepúsculo dos Deuses no Theatro Municipal SP.
Já sabe, não vou poder aplaudir de pé.
Gourmet- A Senhoria
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Data de inscrição : 20/09/2011
Re: Biografias
Gourmet escreveu:Quando descobri Callas, foi um vinil duplo com encarte rico em fotografias que encontrei numa loja empoeirada do centro da cidade, meu fetiche adquiriu uma dimensão muito mais complexa. Eu sempre quis amar uma soprano enquanto ela cantava, de preferência num palco, mas até então era algo abstrato e vago.
Enquanto ouvia os discos na vitrola, minha ambição tomava uma forma. Callas era uma mulher linda, virtuosa. Eu queria amar a soprano numa cópula em três atos, enquanto meus tímpanos vibravam: um sexo moderato ma risoluto ed energico, depois lento con gran espressione e um epílogo allegro feroce e vigoroso. Coisas italianas que descrevem bem uma foda de verdade.
Quanto ao palco eu superei esse delírio, mas minha fantasia buscou refúgio na idéia das cortinas de veludo dos teatros. Eu era praticamente capaz de sentir a poeira velha daquelas cortinas vermelhas envolvendo a soprano enquanto ela cantava e nós cruzávamos com olhos vermelhos de alergia.
Eu realmente queria pegar a casta diva de jeito.
As cortinas dos teatros passaram a me excitar. Tive uma constrangedora ereção no Theatro Municipal que me impedia de levantar para aplaudir. Em minha cabeça, Maria, eu dizia, canta para mim. E ela cantava, eu comia. Eu chorava enquanto amava e a voz dela me arrepiava a pele. Meu coração disparava no mais agudo.
Era uma voz vigorosa, carregada de uma tristeza que só as cantoras de ópera possuem. Solene, profunda, imponente, eterna.
Depois descobri que Callas já havia morrido fazia quase duas décadas. A vitrola um dia parou de funcionar. Na última mudança os vinis se perderam. Assim morrem os sonhos. Mas a alergia à poeira que me deixava com olhos vermelhos nunca se foi totalmente.
Sensacional! Isso que é um fato biográfico inusitado! Gostei muito das variações sexuais italianas!
Fiquei até com vontade de ler essa biografia da Callas. Vou procurar.
Re: Biografias
Li esse em 2010. Nada pra levar a sério mas é divertido. Traz alguns detalhes pitorescos das biografias de alguns dos grandes.
Jabá- Guerra e Paz
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Re: Biografias
old but gold
Mat- Guerra e Paz
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Re: Biografias
Li apenas o 1° volume do biografia do Fest,quero muito ler esta aqui que me parece um trabalho tão completo quanto o do Fest.
Uma das biografias mais minuciosas que li e provavelmente a melhor de Joyce até então.
Sei que já foi citada aqui,mas desejo ler a mesma por se tratar de balanço intelectual que situa o biografado em seu tempo histórico e vai de encontro as leituras lights e politicamente corretas feitas de Nietzsche nos últimos tempos.
Deco- Ana Karenina
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Re: Biografias
Deco escreveu:
Li apenas o 1° volume do biografia do Fest,quero muito ler esta aqui que me parece um trabalho tão completo quanto o do Fest.
Essa biografia é bem superior à do Fest. Foi publicada ano passado aqui é é bem mais completa, apesar da do Fest ser Excelente. Recomendo ler primeiro a dele pra depois ler a do Kershaw.
Jabá- Guerra e Paz
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Data de inscrição : 06/09/2011
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Re: Biografias
Jabá eu já li o primeiro volume da bio feita pelo Fest mas sabendo q a do Kershaw é mais completa demorarei em comprar o 2º volume,pelo tamanho da biografia até que os exploradores da Cia não estão vendendo tão caro( 78 reais) apesar de terem suprimido notas e referencias que segundo a editora interessavam mais a um publico acadêmico.
Deco- Ana Karenina
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Data de inscrição : 23/07/2011
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Re: Biografias
Mat escreveu:
Céleste Albaret escreveu: Hoje compreendo que toda a pesquisa do Sr. Proust, todo o seu grande sacrifício para a sua obra, foi o de se enfiar dentro do tempo para recuperá-lo. Quando não mais existe o tempo, existe o silêncio. Ele precisava do silêncio para entender apenas as vozes que queria compreeender, aquelas que estão em seus livros. Na época, eu não pensava nisso. Mas agora, à noite, quando estou só, não durmo e reflito, creio vê-lo como certamente ele era, no seu quarto, depois que eu o deixava - sozinho também. mas na sua noite, ainda que do lado de fora o dia já se fizesse, trabalhando nos seus cadernos. E eu sonho que estou lá, sem dúvida até o final ou quase, e que ele quis essa solidão e esse silêncio, sabendo que o matariam. Mas, então, lembro-me do que me disse mais tarde o professor Robert Proust: "Meu irmão poderia ter vivido por mais tempo se tivesse aceitado viver a vida como todo mundo. Mas ele a quis, ele a quis assim para sua obra: não podemos senão nos conformar". E, sobretudo, compreender a voz do Sr. Proust:
-Estou muito cansado, querida Céleste. Mas é preciso, é preciso...
tiago- Crime e Castigo
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Data de inscrição : 17/07/2011
Re: Biografias
Minha próxima biografia será o Conversas com Woody Allen. Acho que se enquadra nessa categoria também, não?
Gourmet- A Senhoria
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Re: Biografias
tpnocera escreveu:Mat escreveu:Céleste Albaret escreveu: Hoje compreendo que toda a pesquisa do Sr. Proust, todo o seu grande sacrifício para a sua obra, foi o de se enfiar dentro do tempo para recuperá-lo. Quando não mais existe o tempo, existe o silêncio. Ele precisava do silêncio para entender apenas as vozes que queria compreeender, aquelas que estão em seus livros. Na época, eu não pensava nisso. Mas agora, à noite, quando estou só, não durmo e reflito, creio vê-lo como certamente ele era, no seu quarto, depois que eu o deixava - sozinho também. mas na sua noite, ainda que do lado de fora o dia já se fizesse, trabalhando nos seus cadernos. E eu sonho que estou lá, sem dúvida até o final ou quase, e que ele quis essa solidão e esse silêncio, sabendo que o matariam. Mas, então, lembro-me do que me disse mais tarde o professor Robert Proust: "Meu irmão poderia ter vivido por mais tempo se tivesse aceitado viver a vida como todo mundo. Mas ele a quis, ele a quis assim para sua obra: não podemos senão nos conformar". E, sobretudo, compreender a voz do Sr. Proust:
-Estou muito cansado, querida Céleste. Mas é preciso, é preciso...
Mat- Guerra e Paz
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Jabá- Guerra e Paz
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Re: Biografias
Jabá e César
Mat- Guerra e Paz
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