Stendhal [Henri-Marie Beyle]
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Stendhal [Henri-Marie Beyle]
Henri-Marie Beyle, mais conhecido como Stendhal (Grenoble, 23 de janeiro de 1783 - Paris, 23 de março de 1842) foi um escritor francês reputado pela fineza na análise dos sentimentos de seus personagens e por seu estilo deliberadamente seco.
Infância
Órfão de mãe desde 1789, criou-se entre seu pai e sua tia. Rejeitou as virtudes monárquicas e religiosas que lhe inculcaram e expressou cedo a vontade de fugir de sua cidade natal. Abertamente republicano, acolheu com entusiasmo a execução do rei e celebrou inclusive a breve detenção de seu pai. A partir de 1796 foi aluno da Escola central de Grenoble e em 1799 conseguiu o primeiro prêmio de matemática. Viajou a Paris para ingressar na Escola Politécnica, mas adoeceu e não pôde se apresentar à prova de acesso. Graças a Pierre Daru, um parente longínquo que se converteria em seu protetor, começou a trabalhar no ministério de Guerra.
Vida adulta e guerra
Enviado pelo exército como ajudante do general Michaud, em 1800 descobriu a Itália, país que tomou como sua pátria de escolha. Desenganado da vida militar, abandonou o exército em 1801. Entre os salões e teatros parisienses, sempre apaixonado de uma mulher diferente, começou (sem sucesso) a cultivar ambições literárias. Em precária situação econômica, Daru lhe conseguiu um novo posto como intendente militar em Brunswick, destino em que permaneceu entre 1806 e 1808. Admirador incondicional de Napoleão, exerceu diversos cargos oficiais e participou nas campanhas imperiais. Em 1814, após queda do corso, se exilou na Itália, fixou sua residência em Milão e efetuou várias viagens pela península italiana. Publicou seus primeiros livros de crítica de arte sob o pseudônimo de L. A. C. Bombet, e em 1817 apareceu Roma, Nápoles e Florença, um ensaio mais original, onde mistura a crítica com recordações pessoais, no que utilizou por primeira vez o pseudônimo de Stendhal. O governo austríaco lhe acusou de apoiar o movimento independentista italiano, pelo que abandonou Milão em 1821, passou por Londres e se instalou de novo em Paris, quando terminou a perseguição aos aliados de Napoleão.
Paris
Dandy afamado, frequentava os salões de maneira assídua, enquanto sobrevivia com os rendimentos obtidos com suas colaborações em algumas revistas literárias inglesas. Em 1822 publicou Sobre o amor, ensaio baseado em boa parte em suas próprias experiências e no que expressava idéias bastante avançadas; destaca sua teoria da cristalização, processo pelo que o espírito, adaptando a realidade a seus desejos, cobre de perfeições o objeto do desejo.
Estabeleceu seu renome de escritor graças à Vida de Rossini e as duas partes de seu Racine e Shakespeare, autêntico manifesto do romantismo. Depois de uma relação sentimental com a atriz Clémentine Curial, que durou até 1826, empreendeu novas viagens ao Reino Unido e Itália e redigiu sua primeira novela, Armance. Em 1828, sem dinheiro nem sucesso literário, solicitou um posto na Biblioteca Real, que não lhe foi concedido; afundado numa péssima situação econômica, a morte do conde Daru, ao ano seguinte, afetou-lhe particularmente. Superou este período difícil graças aos cargos de cônsul que obteve primeiro em Trieste e mais tarde em Civitavecchia, enquanto se entregava sem reservas à literatura.
Em 1830 aparece sua primeira obra-prima: O vermelho e o Negro, uma crônica analítica da sociedade francesa na época da Restauração, na qual Stendhal representou as ambições de sua época e as contradições da emergente sociedade de classes, destacando sobretudo a análise psicológica dos personagens e o estilo direto e objetivo da narração. Em 1839 publicou A Cartuxa de Parma, muito mais novelesca que sua obra anterior, que escreveu em apenas dois meses e que por sua espontaneidade constitui uma confissão poética extraordinariamente sincera, ainda que só recebeu o elogio de Honoré de Balzac.
Ambas são novelas de aprendizagem, e compartilham de rasgos românticos e realistas; nelas aparece um novo tipo de herói, tipicamente moderno, caracterizado por seu isolamento da sociedade e seu confronto com suas convenções e ideais, no que muito possivelmente se reflete em parte a personalidade do próprio Stendhal.
Outra importante obra de Stendhal é Napoleão, onde o escritor narra momentos importantes da vida do grande general Bonaparte. Como o próprio Stendhal descreve no início deste livro, havia na época (1837) uma carência de registros referentes ao período da carreira militar de Napoleão, sobretudo, sua atuação nas várias batalhas na Itália. Dessa forma, e também porque Stendhal era um admirador incondicional do corso, a obra prioriza a emergência de Bonaparte no cenário militar, entre os anos de 1796 e 1797 nas batalhas italianas. Declarou, certa vez que não considerava morrer na rua algo indigno e, curiosamente, faleceu de um ataque de apoplexia, na rua, sem concluir sua última obra, Lamiel, que foi publicada muito depois de sua morte.
O reconhecimento da obra de Stendhal, como ele mesmo previu, só ocorreu cerca de cinquenta anos após sua morte, ocorrida em 1842 na cidade de Paris.
Última edição por Jabá em 23rd janeiro 2013, 1:21 pm, editado 2 vez(es)
Jabá- Guerra e Paz
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Re: Stendhal [Henri-Marie Beyle]
Severino Stendhal
Título bom demais.
E essa foto aí é do Lincoln, Jabázaço. Não sei se confundiu ou se foi uma piada que eu não entendi.
Título bom demais.
E essa foto aí é do Lincoln, Jabázaço. Não sei se confundiu ou se foi uma piada que eu não entendi.
Oric- Crime e Castigo
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Re: Stendhal [Henri-Marie Beyle]
Jabá, no jokes, Stendhal é um puta romancista.
Mat- Guerra e Paz
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Re: Stendhal [Henri-Marie Beyle]
Não confundi ninguém. Todo mundo deduz que Stendhal e Lincoln são a mesma pessoa. Até hoje nunca vi ninguém usar esse modelo de barba, que aliás deve corçar pra caraco...
E ele era vampiro também.
E ele era vampiro também.
Jabá- Guerra e Paz
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Re: Stendhal [Henri-Marie Beyle]
Editei o título do tópico a pedido de minha amante.
Jabá- Guerra e Paz
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Re: Stendhal [Henri-Marie Beyle]
Stendhal foi a grande descoberta do ano passado. Sempre que ouvia comentários elogiosos, desconfiava. Achava que seus livros eram chatos, monótonos. Mas, depois que li O vermelho e o negro, vi que estava completamente enganado. Stendhal é um narrador excepcional. Difícil selecionar um trecho bom do romance, mas ele como um todo é muito bem narrado e estruturado [não há um só capítulo nessa obra que seja desnecessária]. Os personagens são muito vivos e parecem saltar do livro para a realidade. Quando eu estava na rua queria voltar pra casa para continuar lendo e, além disso, não queria que o livro terminasse de tão boa que estava a história. Julien Sorel é um dos melhores personagens. Ele é manipulador, escroto e ama uma mulher que não pode ter. Um personagem completo. Quem não leu, tem que ler, clássico indispensável.
Última edição por Mat em 6th setembro 2014, 7:06 am, editado 1 vez(es)
Mat- Guerra e Paz
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Re: Stendhal [Henri-Marie Beyle]
Sempre que ouvia comentários elogiosos, desconfiava. Achava que seus livros eram chatos, monótonos e sem vida.
O mal do fórum
Li um tal de Cartuxa de Parma, novela rocambolesca cheia de amores absurdos, intrigas de corte, revolucionários, padres comedores e tudo o mais. Nada inesquecível, mas gostei bastante. Suponho que o tema prevalescente é sobre como ninguém acredita no que prega.
tiago- Crime e Castigo
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Re: Stendhal [Henri-Marie Beyle]
Mat escreveu:Stendhal foi a grande descoberta do ano passado. Sempre que ouvia comentários elogiosos, desconfiava. Achava que seus livros eram chatos, monótonos e sem vida. Mas, depois que li O vermelho e o negro, vi que estava completamente enganado. Stendhal é um narrador excepcional. Difícil selecionar um trecho bom do romance, mas ele como um todo é muito bem narrado e estruturado [não há um só capítulo nessa obra que seja desnecessária]. Os personagens são muito vivos e parecem saltar do livro para a realidade. Fiquei sem palavras com a leitura do Vermelho e o negro. Quando eu estava na rua queria voltar pra casa para continuar lendo e, além disso, não queria que o livro terminasse de tão boa que estava a história. Julien Sorel para mim é uma grande criação. Ele é belo, manipulador, escroto, inteligente e ama uma mulher que não pode ter. Um personagem completo. Quem não leu, tem que ler, clássico indispensável.
Já tá na mão pra ler desde dezembro junto com mais 3 romances e um catecismo.
Afinal, o romance guarda ou não guarda semelhanças com Crime e Castigo? Julien Sorel é mesmo o protótipo do Ródia? Ou é apenas viagem dos incautos e das pessoas que precisaram ler pra seleção de mestrado?
Jabá- Guerra e Paz
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Re: Stendhal [Henri-Marie Beyle]
Já houve uma longa discussão no fórum a esse respeito, mas tô com preguiça de procurar.
Re: Stendhal [Henri-Marie Beyle]
Becco escreveu:Já houve uma longa discussão no fórum a esse respeito, mas tô com preguiça de procurar.
Eu lembro. Por isso puxei o assunto.
Jabá- Guerra e Paz
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Re: Stendhal [Henri-Marie Beyle]
Resumindo: eu acho que não [ou ao menos não totalmente], o César acha que sim.
Pergunte pro Mateus o que ele acha.
Pergunte pro Mateus o que ele acha.
Re: Stendhal [Henri-Marie Beyle]
Mat o que você acha?
Jabá- Guerra e Paz
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Re: Stendhal [Henri-Marie Beyle]
Olha, eu acho que existem semelhanças sim entre os personagens e os livros, mas não acho que seja "cópia" como mencionou o César daquela vez.
Ródia e Sorel são jovens, inteligentes, assassinos, sonhadores e loucos. As situações são mais ou menos parecidas, só que acho Crime e castigo mais sombrio. Basicamente a diferença pra mim é que Julien luta pelo seu amor até as últimas consequências [em cenas quase shakespearianas] e é mais forte e decidido, já Ródia é incapaz de amar, ele é mais perdido, mais emocionalmente abatido, ou seja, dostoievskiano.
Ródia e Sorel são jovens, inteligentes, assassinos, sonhadores e loucos. As situações são mais ou menos parecidas, só que acho Crime e castigo mais sombrio. Basicamente a diferença pra mim é que Julien luta pelo seu amor até as últimas consequências [em cenas quase shakespearianas] e é mais forte e decidido, já Ródia é incapaz de amar, ele é mais perdido, mais emocionalmente abatido, ou seja, dostoievskiano.
Mat- Guerra e Paz
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Re: Stendhal [Henri-Marie Beyle]
Ele pode até ter tido a intenção, mas o resultado final não ficou tão parecido assim
Mat- Guerra e Paz
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Re: Stendhal [Henri-Marie Beyle]
O idiota também é cópia de Dom quixote....
Fiodor Canastrão Dosoievski!
Fiodor Canastrão Dosoievski!
tiago- Crime e Castigo
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Re: Stendhal [Henri-Marie Beyle]
tiago escreveu:O idiota também é cópia de Dom quixote....
Fiodor Canastrão Dosoievski!
E do Cristo!
Mat- Guerra e Paz
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Re: Stendhal [Henri-Marie Beyle]
tiago escreveu:Sempre que ouvia comentários elogiosos, desconfiava. Achava que seus livros eram chatos, monótonos e sem vida.
O mal do fórum
Li um tal de Cartuxa de Parma, novela rocambolesca cheia de amores absurdos, intrigas de corte, revolucionários, padres comedores e tudo o mais. Nada inesquecível, mas gostei bastante. Suponho que o tema prevalescente é sobre como ninguém acredita no que prega.
Você leu a edição da Globo ou da Penguin?
Acho que o Tolstoi falou que esse livro foi influência fundamental no Guerra e paz.
Mat- Guerra e Paz
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Re: Stendhal [Henri-Marie Beyle]
Mat escreveu:tiago escreveu:Sempre que ouvia comentários elogiosos, desconfiava. Achava que seus livros eram chatos, monótonos e sem vida.
O mal do fórum
Li um tal de Cartuxa de Parma, novela rocambolesca cheia de amores absurdos, intrigas de corte, revolucionários, padres comedores e tudo o mais. Nada inesquecível, mas gostei bastante. Suponho que o tema prevalescente é sobre como ninguém acredita no que prega.
Você leu a edição da Globo ou da Penguin?
Acho que o Tolstoi falou que esse livro foi influência fundamental no Guerra e paz.
A tradução que eu li é de um tal de Vidal de Oliveira.
Não sei qual é essa influência toda do Tolstoi, deve ter alguma mas eu não reparei.
No Tolstói tem essa idéia de que a vida na corte é basicamente um jogo de pretensões e falsidades, longo dos ideais mais profundos da humanidade. Mas o Stendhal nãof az um julgamento particular sobre o assunto, até meio que glorifica esse lado um pouco.
tiago- Crime e Castigo
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Re: Stendhal [Henri-Marie Beyle]
tiago escreveu:Mat escreveu:tiago escreveu:Sempre que ouvia comentários elogiosos, desconfiava. Achava que seus livros eram chatos, monótonos e sem vida.
O mal do fórum
Li um tal de Cartuxa de Parma, novela rocambolesca cheia de amores absurdos, intrigas de corte, revolucionários, padres comedores e tudo o mais. Nada inesquecível, mas gostei bastante. Suponho que o tema prevalescente é sobre como ninguém acredita no que prega.
Você leu a edição da Globo ou da Penguin?
Acho que o Tolstoi falou que esse livro foi influência fundamental no Guerra e paz.
A tradução que eu li é de um tal de Vidal de Oliveira.
Não sei qual é essa influência toda do Tolstoi, deve ter alguma mas eu não reparei.
No Tolstói tem essa idéia de que a vida na corte é basicamente um jogo de pretensões e falsidades, longo dos ideais mais profundos da humanidade. Mas o Stendhal nãof az um julgamento particular sobre o assunto, até meio que glorifica esse lado um pouco.
Parece que ele gostou bastante da abordagem do Stendhal para a batalha de Waterloo.
Mat- Guerra e Paz
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Re: Stendhal [Henri-Marie Beyle]
Pessoal, quem tiver o Vermelho e o negro pode começar a ler sem medo. A prosa do Stendhal te prende desde o começo. Julien Sorel e seu pai psicopata são os típicos personagens que tem uma personalidade marcante. Pelo jeito promete muitas emoções.
Jabá- Guerra e Paz
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Re: Stendhal [Henri-Marie Beyle]
Jabá escreveu:Pessoal, quem tiver o Vermelho e o negro pode começar a ler sem medo. A prosa do Stendhal te prende desde o começo. Julien Sorel e seu pai psicopata são os típicos personagens que tem uma personalidade marcante. Pelo jeito promete muitas emoções.
<3
Faça um diário de leitura aqui, Jabá. Seria legal.
Mat- Guerra e Paz
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Re: Stendhal [Henri-Marie Beyle]
Mat escreveu:Jabá escreveu:Pessoal, quem tiver o Vermelho e o negro pode começar a ler sem medo. A prosa do Stendhal te prende desde o começo. Julien Sorel e seu pai psicopata são os típicos personagens que tem uma personalidade marcante. Pelo jeito promete muitas emoções.
<3
Faça um diário de leitura aqui, Jabá. Seria legal.
Farei. Hoje fecho as 100 primeiras páginas. Julien já aprontou muito das suas. Gostando muito. Queria não largar.
Jabá- Guerra e Paz
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