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Mensagem por tmanfrini 16th outubro 2011, 12:01 pm

Sblargh escreveu:Suas últimas compras literárias - Página 6 317363_147000845397317_100002622070755_213772_561961872_n

nom nom nom
Começando minha coleção de Schopenhauer no original.
Os dedos são uma compra mais antiga.
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Mensagem por Cássia 16th outubro 2011, 12:03 pm

tmanfrini escreveu:
Diva escreveu:
tmanfrini escreveu:
Diva escreveu:Último livro que comprei foi ontem: Histórias Íntimas, da Mary del Priore. No impulso mesmo. (e nem sei quando poderei ler)

Os últimos exemplares ficcionais que comprei foram O lobo da estepe, do Hesse, pra dar de presente pra um amigo. Uma hq erótica do Milo Manara e Persépolis. rabbit
Persépolis, muito respeito pela compra. Díficil eu dispender grana em HQ, mas há quem faça por mim de quando em quando.

Ninguém tem respeito pelo Milo Manara. elephant
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Se possível, leia Sonhar... Talvez. Eu atorein.
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Mensagem por tmanfrini 16th outubro 2011, 12:08 pm

Diva escreveu:
tmanfrini escreveu:
Diva escreveu:
tmanfrini escreveu:
Diva escreveu:Último livro que comprei foi ontem: Histórias Íntimas, da Mary del Priore. No impulso mesmo. (e nem sei quando poderei ler)

Os últimos exemplares ficcionais que comprei foram O lobo da estepe, do Hesse, pra dar de presente pra um amigo. Uma hq erótica do Milo Manara e Persépolis. rabbit
Persépolis, muito respeito pela compra. Díficil eu dispender grana em HQ, mas há quem faça por mim de quando em quando.

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Depois de Gullivera (Sei lá por quê quero tanto começar por ela). Thanks ;*
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Mensagem por tmanfrini 16th outubro 2011, 1:30 pm

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Mensagem por Jabá 16th outubro 2011, 2:10 pm

Diva escreveu:
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Diva escreveu:Último livro que comprei foi ontem: Histórias Íntimas, da Mary del Priore. No impulso mesmo. (e nem sei quando poderei ler)

Os últimos exemplares ficcionais que comprei foram O lobo da estepe, do Hesse, pra dar de presente pra um amigo. Uma hq erótica do Milo Manara e Persépolis. rabbit
Persépolis, muito respeito pela compra. Díficil eu dispender grana em HQ, mas há quem faça por mim de quando em quando.

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Milo Manara pode ser um ótimo desenhista, mas suas histórias em termos de conteúdo são simplesmente sofríveis. A não ser que seja pra descascar uma punheta ou algo do gênero.
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Mensagem por tmanfrini 16th outubro 2011, 2:42 pm

Jabá escreveu:
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Diva escreveu:Último livro que comprei foi ontem: Histórias Íntimas, da Mary del Priore. No impulso mesmo. (e nem sei quando poderei ler)

Os últimos exemplares ficcionais que comprei foram O lobo da estepe, do Hesse, pra dar de presente pra um amigo. Uma hq erótica do Milo Manara e Persépolis. rabbit
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(É, não tô esperando magnum opus do cara.)
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Mensagem por Gourmet 16th outubro 2011, 3:19 pm

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Milo Manara pode ser um ótimo desenhista, mas suas histórias em termos de conteúdo são simplesmente sofríveis. A não ser que seja pra descascar uma punheta ou algo do gênero.
(É, não tô esperando magnum opus do cara.)
Mamilo Manara, é o que vocês estavam tentando escrever, né? Laughing
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Mensagem por Cássia 16th outubro 2011, 4:06 pm

Jabá escreveu:
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tmanfrini escreveu:
Diva escreveu:Último livro que comprei foi ontem: Histórias Íntimas, da Mary del Priore. No impulso mesmo. (e nem sei quando poderei ler)

Os últimos exemplares ficcionais que comprei foram O lobo da estepe, do Hesse, pra dar de presente pra um amigo. Uma hq erótica do Milo Manara e Persépolis. rabbit
Persépolis, muito respeito pela compra. Díficil eu dispender grana em HQ, mas há quem faça por mim de quando em quando.

Ninguém tem respeito pelo Milo Manara. elephant
Breve apreciarei à Gullivera.

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Milo Manara pode ser um ótimo desenhista, mas suas histórias em termos de conteúdo são simplesmente sofríveis. A não ser que seja pra descascar uma punheta ou algo do gênero.

Concordo. Sonhar Talvez é a exceção. Se bem que acho que houve colaboração de outra pessoa.

As melhores coisas que já li dele foram Bórgia e El Gaucho, cujos roteiros não dele. Como desenhista, acho ele formidável. rabbit

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Mensagem por tmanfrini 16th outubro 2011, 4:24 pm

Ai ai, gente.
No mais tendo a preferir algo do veio do Boilet.
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Mensagem por Cássia 16th outubro 2011, 4:29 pm

Garotas de Tóquio também é legal. Um excelente trabalho imagético.
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Mensagem por larapuentofinal 16th outubro 2011, 4:33 pm

Comprei "Olhar Escutar Ler" do saudoso Lévi-Srauss, livro que contém alguns ensaios sobre obras de arte com a profundidade e seriedade de sempre.

Suas últimas compras literárias - Página 6 004

Nem conhecia o livro, estava perambulando pela Paulista qdo decidi entrar na Cultura e o vi em promoção (R$19,90). Fui meio impulsiva, nem li direito o conteúdo (acabei comprando porque vi que havia um estudo sobre Wagner), mas qual minha surpresa havia uma análise do poema "Voyelles", do Rimbaud:

VOGAIS

(Tradução de Augusto de Campos)

A negro, E branco, I rubro, U verde, O azul, vogais,
Ainda desvendarei seus mistérios latentes:
A, velado voar de moscas reluzentes
Que zumbem ao redor dos acres lodaçais;

E, nívea candidez de tendas areais,
Lanças de gelo, reis brancos, flores trementes;
I, escarro carmim, rubis a rir nos dentes
Da ira ou da ilusão em tristes bacanais;

U, curvas, vibrações verdes dos oceanos,
Paz de verduras, pas dos pastos, paz dos anos
Que as rugas vão urdindo entre brumas e escolhos;

O, supremo Clamor cheio de estranhos versos,
Silêncio assombrados de anjos e universos;
- Ó! Ômega, o sol violeta dos Seus olhos!


Em resumo, Rimbaud aplica o conceito sinestésico das correspondências do Baudelaire às vogais, associando-as a cores e sons específicos, que provocam uma série de novas sensações a quem lê o poema atentamente.

"A", vogal mais aberta e gritada, comumente é associada ao vermelho, mas Rimbaud escolheu uni-la ao preto (cor tão forte e profunda quanto o vermelho, Stendhal sabia disso bem).

"E" do poema é o "E" fechado ou mudo, que alguns fonólogos consideram como um não-fonema por seus elementos sonoros peculiares e ausência de sonoridade constante (contrário do nosso "é" ou do "è" francês). Rimbaud deu a ele a cor branca exatamente por isso, a oposição ao "A" é óbvia - o contraponto fonológico máximo corresponde ao contraponto igualmente máximo na escala pancromática (negro e branco).

Finalmente o vermelho (cor por excelência) aparece na letra "i", logo após sua cor oposta, o verde, na letra "u". No entanto, o "u" em francês tem um som diferente do nosso "u", o que faz lá não ser considerado o som oposto ao "i" como é em português (oposto do "i" em francês é o "ou", que não é vogal). Rimbaud escolheu o "u" porque era o que dispunha como contraponto sonoro mais próximo ao "i".

As quatro cores até aqui formam um sistema que reaparece no poema para qualificar as quatro primeiras vogais. Sobrou o azul do "O". Rimbaud poderia ter escolhido aqui também o amarelo, pois as duas cores foram outra oposição de cores. No entanto, acabou optando pelo azul, segundo o Strauss, pelo azul ser a cor mais saturada depois do vermelho, o que deixaria o amarelo para segundo plano, caso fosse usado.

Todos os poemas do Rimbaud estão cheio de referências a cores, nunca à toa. Ele pretende associar significados, formar homologias percebidas nas diferenças entre as funções de cores, sons e as sensações produzidas por eles em nós.

Lembrando que Rimbaud escreveu "Vogais" com 17 anos.

Legal, né?


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Mensagem por Sblargh 16th outubro 2011, 4:57 pm

Na faculdade esse semestre eu passei por um curso que envolvia Lévi-Strauss, focado no Conhecimento Selvagem e o que ele fala sobre arte lá é um pouco problemático, pois sofre do problema em que ele usa alguma consideração estética pra fechar um capítulo sobre outro assunto; então esse livro seu é importante, pois é onde ele tem a oportunidade de realmente elaborar sobre o assunto.
Eu não li, nem nada, só papagaiando a aula.
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Mensagem por tmanfrini 16th outubro 2011, 4:59 pm

Diva escreveu:Garotas de Tóquio também é legal. Um excelente trabalho imagético.
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Mensagem por tmanfrini 16th outubro 2011, 5:09 pm

larapuentofinal escreveu:Comprei "Olhar Escutar Ler" do saudoso Lévi-Srauss, livro que contém alguns ensaios sobre obras de arte com a profundidade e seriedade de sempre.

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Nem conhecia o livro, estava perambulando pela Paulista qdo decidi entrar na Cultura e o vi em promoção (R$19,90). Fui meio impulsiva, nem li direito o conteúdo (acabei comprando porque vi que havia um estudo sobre Wagner), mas qual minha surpresa havia uma análise do poema "Voyelles", do Rimbaud:

VOGAIS

(Tradução de Augusto de Campos)

A negro, E branco, I rubro, U verde, O azul, vogais,
Ainda desvendarei seus mistérios latentes:
A, velado voar de moscas reluzentes
Que zumbem ao redor dos acres lodaçais;

E, nívea candidez de tendas areais,
Lanças de gelo, reis brancos, flores trementes;
I, escarro carmim, rubis a rir nos dentes
Da ira ou da ilusão em tristes bacanais;

U, curvas, vibrações verdes dos oceanos,
Paz de verduras, pas dos pastos, paz dos anos
Que as rugas vão urdindo entre brumas e escolhos;

O, supremo Clamor cheio de estranhos versos,
Silêncio assombrados de anjos e universos;
- Ó! Ômega, o sol violeta dos Seus olhos!


Em resumo, Rimbaud aplica o conceito sinestésico das correspondências do Baudelaire às vogais, associando-as a cores e sons específicos, que provocam uma série de novas sensações a quem lê o poema atentamente.

"A", vogal mais aberta e gritada, comumente é associada ao vermelho, mas Rimbaud escolheu uni-la ao preto (cor tão forte e profunda quanto o vermelho, Stendhal sabia disso bem).

"E" do poema é o "E" fechado ou mudo, que alguns fonólogos consideram como um não-fonema por seus elementos sonoros peculiares e ausência de sonoridade constante (contrário do nosso "é" ou do "è" francês). Rimbaud deu a ele a cor branca exatamente por isso, a oposição ao "A" é óbvia - o contraponto fonológico máximo corresponde ao contraponto igualmente máximo na escala pancromática (negro e branco).

Finalmente o vermelho (cor por excelência) aparece na letra "i", logo após sua cor oposta, o verde, na letra "u". No entanto, o "u" em francês tem um som diferente do nosso "u", o que faz lá não ser considerado o som oposto ao "i" como é em português (oposto do "i" em francês é o "ou", que não é vogal). Rimbaud escolheu o "u" porque era o que dispunha como contraponto sonoro mais próximo ao "i".

As quatro cores até aqui formam um sistema que reaparece no poema para qualificar as quatro primeiras vogais. Sobrou o azul do "O". Rimbaud poderia ter escolhido aqui também o amarelo, pois as duas cores foram outra oposição de cores. No entanto, acabou optando pelo azul, segundo o Strauss, pelo azul ser a cor mais saturada depois do vermelho, o que deixaria o amarelo para segundo plano, caso fosse usado.

Todos os poemas do Rimbaud estão cheio de referências a cores, nunca à toa. Ele pretende associar significados, formar homologias percebidas nas diferenças entre as funções de cores, sons e as sensações produzidas por eles em nós.

Lembrando que Rimbaud escreveu "Vogais" com 17 anos.

Legal, né?


Bacana! Parabéns pelo impulso.
Dele pretendo ler O Cru e o Cozido assim que estiver com um nível de concentração razoável, além dalgumas leituras na frente. Quase dois anos atrás encontrei um trecho num artigo publicado no site da Cult, pag. 48 do Cru e o Cozido -
Na música, a mediação da natureza e da cultura, que se realiza no seio de toda linguagem, torna-se uma hipermediação: De ambos os lados, os ancoramentos são reforçados. Instalada no ponto de encontro entre dois domínios, a música faz com que sua lei seja respeitada muito além dos limites que as outras artes evitariam ultrapassar. Tanto do lado da natureza quanto do da cultura, ela ousa ir mais longe do que as outras. Assim se explica o princípio (Quando não a gênese e a operação, que continuam sendo, como dissemos, o grande mistério das ciências do homem) do poder extraordinário que possui a música de agir simultaneamente sobre o espírito e sobre os sentidos, de mover ao mesmo tempo as ideias e as emoções, de fundi-las numa corrente em que elas deixam de existir lado a lado, a não ser como testemunhas e como respondentes.
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Mensagem por larapuentofinal 16th outubro 2011, 5:55 pm

tmanfrini escreveu:
larapuentofinal escreveu:Comprei "Olhar Escutar Ler" do saudoso Lévi-Srauss, livro que contém alguns ensaios sobre obras de arte com a profundidade e seriedade de sempre.

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Nem conhecia o livro, estava perambulando pela Paulista qdo decidi entrar na Cultura e o vi em promoção (R$19,90). Fui meio impulsiva, nem li direito o conteúdo (acabei comprando porque vi que havia um estudo sobre Wagner), mas qual minha surpresa havia uma análise do poema "Voyelles", do Rimbaud:

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Ainda desvendarei seus mistérios latentes:
A, velado voar de moscas reluzentes
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E, nívea candidez de tendas areais,
Lanças de gelo, reis brancos, flores trementes;
I, escarro carmim, rubis a rir nos dentes
Da ira ou da ilusão em tristes bacanais;

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Paz de verduras, pas dos pastos, paz dos anos
Que as rugas vão urdindo entre brumas e escolhos;

O, supremo Clamor cheio de estranhos versos,
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- Ó! Ômega, o sol violeta dos Seus olhos!


Em resumo, Rimbaud aplica o conceito sinestésico das correspondências do Baudelaire às vogais, associando-as a cores e sons específicos, que provocam uma série de novas sensações a quem lê o poema atentamente.

"A", vogal mais aberta e gritada, comumente é associada ao vermelho, mas Rimbaud escolheu uni-la ao preto (cor tão forte e profunda quanto o vermelho, Stendhal sabia disso bem).

"E" do poema é o "E" fechado ou mudo, que alguns fonólogos consideram como um não-fonema por seus elementos sonoros peculiares e ausência de sonoridade constante (contrário do nosso "é" ou do "è" francês). Rimbaud deu a ele a cor branca exatamente por isso, a oposição ao "A" é óbvia - o contraponto fonológico máximo corresponde ao contraponto igualmente máximo na escala pancromática (negro e branco).

Finalmente o vermelho (cor por excelência) aparece na letra "i", logo após sua cor oposta, o verde, na letra "u". No entanto, o "u" em francês tem um som diferente do nosso "u", o que faz lá não ser considerado o som oposto ao "i" como é em português (oposto do "i" em francês é o "ou", que não é vogal). Rimbaud escolheu o "u" porque era o que dispunha como contraponto sonoro mais próximo ao "i".

As quatro cores até aqui formam um sistema que reaparece no poema para qualificar as quatro primeiras vogais. Sobrou o azul do "O". Rimbaud poderia ter escolhido aqui também o amarelo, pois as duas cores foram outra oposição de cores. No entanto, acabou optando pelo azul, segundo o Strauss, pelo azul ser a cor mais saturada depois do vermelho, o que deixaria o amarelo para segundo plano, caso fosse usado.

Todos os poemas do Rimbaud estão cheio de referências a cores, nunca à toa. Ele pretende associar significados, formar homologias percebidas nas diferenças entre as funções de cores, sons e as sensações produzidas por eles em nós.

Lembrando que Rimbaud escreveu "Vogais" com 17 anos.

Legal, né?


Bacana! Parabéns pelo impulso.
Dele pretendo ler O Cru e o Cozido assim que estiver com um nível de concentração razoável, além dalgumas leituras na frente. Quase dois anos atrás encontrei um trecho num artigo publicado no site da Cult, pag. 48 do Cru e o Cozido -
Na música, a mediação da natureza e da cultura, que se realiza no seio de toda linguagem, torna-se uma hipermediação: De ambos os lados, os ancoramentos são reforçados. Instalada no ponto de encontro entre dois domínios, a música faz com que sua lei seja respeitada muito além dos limites que as outras artes evitariam ultrapassar. Tanto do lado da natureza quanto do da cultura, ela ousa ir mais longe do que as outras. Assim se explica o princípio (Quando não a gênese e a operação, que continuam sendo, como dissemos, o grande mistério das ciências do homem) do poder extraordinário que possui a música de agir simultaneamente sobre o espírito e sobre os sentidos, de mover ao mesmo tempo as ideias e as emoções, de fundi-las numa corrente em que elas deixam de existir lado a lado, a não ser como testemunhas e como respondentes.

Muito bom esse trecho! Acho que o contato com uma obra de arte, qualquer que seja, deve vir anexa a esse tipo de aprofundamento que estudiosos como ele proporcionam. Senão a coisa fica nível novela Rede Globo.
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Mensagem por tmanfrini 16th outubro 2011, 6:07 pm

larapuentofinal escreveu:
tmanfrini escreveu:
larapuentofinal escreveu:Comprei "Olhar Escutar Ler" do saudoso Lévi-Srauss, livro que contém alguns ensaios sobre obras de arte com a profundidade e seriedade de sempre.

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A negro, E branco, I rubro, U verde, O azul, vogais,
Ainda desvendarei seus mistérios latentes:
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Que zumbem ao redor dos acres lodaçais;

E, nívea candidez de tendas areais,
Lanças de gelo, reis brancos, flores trementes;
I, escarro carmim, rubis a rir nos dentes
Da ira ou da ilusão em tristes bacanais;

U, curvas, vibrações verdes dos oceanos,
Paz de verduras, pas dos pastos, paz dos anos
Que as rugas vão urdindo entre brumas e escolhos;

O, supremo Clamor cheio de estranhos versos,
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- Ó! Ômega, o sol violeta dos Seus olhos!


Em resumo, Rimbaud aplica o conceito sinestésico das correspondências do Baudelaire às vogais, associando-as a cores e sons específicos, que provocam uma série de novas sensações a quem lê o poema atentamente.

"A", vogal mais aberta e gritada, comumente é associada ao vermelho, mas Rimbaud escolheu uni-la ao preto (cor tão forte e profunda quanto o vermelho, Stendhal sabia disso bem).

"E" do poema é o "E" fechado ou mudo, que alguns fonólogos consideram como um não-fonema por seus elementos sonoros peculiares e ausência de sonoridade constante (contrário do nosso "é" ou do "è" francês). Rimbaud deu a ele a cor branca exatamente por isso, a oposição ao "A" é óbvia - o contraponto fonológico máximo corresponde ao contraponto igualmente máximo na escala pancromática (negro e branco).

Finalmente o vermelho (cor por excelência) aparece na letra "i", logo após sua cor oposta, o verde, na letra "u". No entanto, o "u" em francês tem um som diferente do nosso "u", o que faz lá não ser considerado o som oposto ao "i" como é em português (oposto do "i" em francês é o "ou", que não é vogal). Rimbaud escolheu o "u" porque era o que dispunha como contraponto sonoro mais próximo ao "i".

As quatro cores até aqui formam um sistema que reaparece no poema para qualificar as quatro primeiras vogais. Sobrou o azul do "O". Rimbaud poderia ter escolhido aqui também o amarelo, pois as duas cores foram outra oposição de cores. No entanto, acabou optando pelo azul, segundo o Strauss, pelo azul ser a cor mais saturada depois do vermelho, o que deixaria o amarelo para segundo plano, caso fosse usado.

Todos os poemas do Rimbaud estão cheio de referências a cores, nunca à toa. Ele pretende associar significados, formar homologias percebidas nas diferenças entre as funções de cores, sons e as sensações produzidas por eles em nós.

Lembrando que Rimbaud escreveu "Vogais" com 17 anos.

Legal, né?


Bacana! Parabéns pelo impulso.
Dele pretendo ler O Cru e o Cozido assim que estiver com um nível de concentração razoável, além dalgumas leituras na frente. Quase dois anos atrás encontrei um trecho num artigo publicado no site da Cult, pag. 48 do Cru e o Cozido -
Na música, a mediação da natureza e da cultura, que se realiza no seio de toda linguagem, torna-se uma hipermediação: De ambos os lados, os ancoramentos são reforçados. Instalada no ponto de encontro entre dois domínios, a música faz com que sua lei seja respeitada muito além dos limites que as outras artes evitariam ultrapassar. Tanto do lado da natureza quanto do da cultura, ela ousa ir mais longe do que as outras. Assim se explica o princípio (Quando não a gênese e a operação, que continuam sendo, como dissemos, o grande mistério das ciências do homem) do poder extraordinário que possui a música de agir simultaneamente sobre o espírito e sobre os sentidos, de mover ao mesmo tempo as ideias e as emoções, de fundi-las numa corrente em que elas deixam de existir lado a lado, a não ser como testemunhas e como respondentes.

Muito bom esse trecho! Acho que o contato com uma obra de arte, qualquer que seja, deve vir anexa a esse tipo de aprofundamento que estudiosos como ele proporcionam. Senão a coisa fica nível novela Rede Globo.
Concordo, só não resolutamente quanto ao preciso nível. pirat
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Mensagem por Becco 16th outubro 2011, 6:29 pm

As mulheres estão tomando conta desse fórum! Oba!
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Mensagem por tmanfrini 16th outubro 2011, 6:42 pm

Lorenzo Becco escreveu:As mulheres estão tomando conta desse fórum! Oba!
Também pensei nisso essa tarde mesmo.
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Mensagem por Mat 17th outubro 2011, 2:02 pm

Comprei ontem na cultura, depois de juntar dois meses de salário:

Sodoma e Gomorra - Proust
A dama das espadas - Púchkin
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Molloy - Beckett
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Mensagem por César 17th outubro 2011, 2:15 pm

Proust

Suas últimas compras literárias - Página 6 42-52
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Mensagem por tmanfrini 17th outubro 2011, 2:46 pm

Mat escreveu:Comprei ontem na cultura, depois de juntar dois meses de salário:

Sodoma e Gomorra - Proust
A dama das espadas - Púchkin
Monsieur Pain - Bolaño
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Gente de Hemsö - Strindberg
Comenta sobre esse Strindberg quando ler?
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Mensagem por Cássia 17th outubro 2011, 3:23 pm

Dicionário de Análide do Discurso, Charaudeau e Maingueneau
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Mensagem por Deco 17th outubro 2011, 5:29 pm

E Depois Natsume Soseki
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Soseki acabei comprando por que desconheço completamente a literatura Japonesa e já compararam o estilo dele ao de Machado principalmente em seu livro Eu sou um gato q provavelmente sera minha próxima aquisição.
Aqui um link sobre Soseki a quem interessar:http://www.meiapalavra.com.br/showthread.php/16213-Natsume-Soseki
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Mensagem por Mat 17th outubro 2011, 9:38 pm

larapuentofinal escreveu:Comprei "Olhar Escutar Ler" do saudoso Lévi-Srauss, livro que contém alguns ensaios sobre obras de arte com a profundidade e seriedade de sempre.

Suas últimas compras literárias - Página 6 004

Nem conhecia o livro, estava perambulando pela Paulista qdo decidi entrar na Cultura e o vi em promoção (R$19,90). Fui meio impulsiva, nem li direito o conteúdo (acabei comprando porque vi que havia um estudo sobre Wagner), mas qual minha surpresa havia uma análise do poema "Voyelles", do Rimbaud:

VOGAIS

(Tradução de Augusto de Campos)

A negro, E branco, I rubro, U verde, O azul, vogais,
Ainda desvendarei seus mistérios latentes:
A, velado voar de moscas reluzentes
Que zumbem ao redor dos acres lodaçais;

E, nívea candidez de tendas areais,
Lanças de gelo, reis brancos, flores trementes;
I, escarro carmim, rubis a rir nos dentes
Da ira ou da ilusão em tristes bacanais;

U, curvas, vibrações verdes dos oceanos,
Paz de verduras, pas dos pastos, paz dos anos
Que as rugas vão urdindo entre brumas e escolhos;

O, supremo Clamor cheio de estranhos versos,
Silêncio assombrados de anjos e universos;
- Ó! Ômega, o sol violeta dos Seus olhos!


Em resumo, Rimbaud aplica o conceito sinestésico das correspondências do Baudelaire às vogais, associando-as a cores e sons específicos, que provocam uma série de novas sensações a quem lê o poema atentamente.

"A", vogal mais aberta e gritada, comumente é associada ao vermelho, mas Rimbaud escolheu uni-la ao preto (cor tão forte e profunda quanto o vermelho, Stendhal sabia disso bem).

"E" do poema é o "E" fechado ou mudo, que alguns fonólogos consideram como um não-fonema por seus elementos sonoros peculiares e ausência de sonoridade constante (contrário do nosso "é" ou do "è" francês). Rimbaud deu a ele a cor branca exatamente por isso, a oposição ao "A" é óbvia - o contraponto fonológico máximo corresponde ao contraponto igualmente máximo na escala pancromática (negro e branco).

Finalmente o vermelho (cor por excelência) aparece na letra "i", logo após sua cor oposta, o verde, na letra "u". No entanto, o "u" em francês tem um som diferente do nosso "u", o que faz lá não ser considerado o som oposto ao "i" como é em português (oposto do "i" em francês é o "ou", que não é vogal). Rimbaud escolheu o "u" porque era o que dispunha como contraponto sonoro mais próximo ao "i".

As quatro cores até aqui formam um sistema que reaparece no poema para qualificar as quatro primeiras vogais. Sobrou o azul do "O". Rimbaud poderia ter escolhido aqui também o amarelo, pois as duas cores foram outra oposição de cores. No entanto, acabou optando pelo azul, segundo o Strauss, pelo azul ser a cor mais saturada depois do vermelho, o que deixaria o amarelo para segundo plano, caso fosse usado.

Todos os poemas do Rimbaud estão cheio de referências a cores, nunca à toa. Ele pretende associar significados, formar homologias percebidas nas diferenças entre as funções de cores, sons e as sensações produzidas por eles em nós.

Lembrando que Rimbaud escreveu "Vogais" com 17 anos.

Legal, né?




Você tem problemas com as traduções do Ivo? Olha, eu tenho viu. Apesar de ter a obra completa do moleque aí traduzida por ele, em alguns momentos chego a ficar extremamente irritado com a falta de radicalismo em suas traduções. Tem adjetivos que ele escolhe que deixa Rimbaud muito morno, coisa que ele nunca foi.

Em poemas como "As primeiras comunhões", eu gosto muito dessa tradução aqui:

Estrofe IX

E a alma pestilenta, a alma desolada,
Sente Tuas pragas escorrer-lhe à cabeça.
Faz sua cama no teu ódio lavado,
troca a paixão pela imagem da morte,

Cristo! Ó Cristo, eterno ladrão de energia!
Deus na cruz, cuja a palidez se vale
De mulheres pregadas ao chão, com culpa,
Enxaqueca ou desmaiadas de dor.



Agora, convenhamos que o Ivo construiu um trabalho antológico de notas de rodapé. Já passei uma tarde só lendo aquelas notas. E sua tradução é bem fiel, só acho que às vezes essa busca por fidelidade, em alguns casos, deixa a poesia muito hermética.
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Mensagem por Becco 17th outubro 2011, 10:18 pm

larapuentofinal escreveu:VOGAIS

(Tradução de Augusto de Campos)

A negro, E branco, I rubro, U verde, O azul, vogais,
Ainda desvendarei seus mistérios latentes:
A, velado voar de moscas reluzentes
Que zumbem ao redor dos acres lodaçais;

E, nívea candidez de tendas areais,
Lanças de gelo, reis brancos, flores trementes;
I, escarro carmim, rubis a rir nos dentes
Da ira ou da ilusão em tristes bacanais;

U, curvas, vibrações verdes dos oceanos,
Paz de verduras, pas dos pastos, paz dos anos
Que as rugas vão urdindo entre brumas e escolhos;

O, supremo Clamor cheio de estranhos versos,
Silêncio assombrados de anjos e universos;
- Ó! Ômega, o sol violeta dos Seus olhos!


Em resumo, Rimbaud aplica o conceito sinestésico das correspondências do Baudelaire às vogais, associando-as a cores e sons específicos, que provocam uma série de novas sensações a quem lê o poema atentamente.

"A", vogal mais aberta e gritada, comumente é associada ao vermelho, mas Rimbaud escolheu uni-la ao preto (cor tão forte e profunda quanto o vermelho, Stendhal sabia disso bem).

"E" do poema é o "E" fechado ou mudo, que alguns fonólogos consideram como um não-fonema por seus elementos sonoros peculiares e ausência de sonoridade constante (contrário do nosso "é" ou do "è" francês). Rimbaud deu a ele a cor branca exatamente por isso, a oposição ao "A" é óbvia - o contraponto fonológico máximo corresponde ao contraponto igualmente máximo na escala pancromática (negro e branco).

Finalmente o vermelho (cor por excelência) aparece na letra "i", logo após sua cor oposta, o verde, na letra "u". No entanto, o "u" em francês tem um som diferente do nosso "u", o que faz lá não ser considerado o som oposto ao "i" como é em português (oposto do "i" em francês é o "ou", que não é vogal). Rimbaud escolheu o "u" porque era o que dispunha como contraponto sonoro mais próximo ao "i".

As quatro cores até aqui formam um sistema que reaparece no poema para qualificar as quatro primeiras vogais. Sobrou o azul do "O". Rimbaud poderia ter escolhido aqui também o amarelo, pois as duas cores foram outra oposição de cores. No entanto, acabou optando pelo azul, segundo o Strauss, pelo azul ser a cor mais saturada depois do vermelho, o que deixaria o amarelo para segundo plano, caso fosse usado.

Todos os poemas do Rimbaud estão cheio de referências a cores, nunca à toa. Ele pretende associar significados, formar homologias percebidas nas diferenças entre as funções de cores, sons e as sensações produzidas por eles em nós.

Lembrando que Rimbaud escreveu "Vogais" com 17 anos.

Legal, né?

Legal é pouco! Sensacional!

tmanfrini escreveu:Também pensei nisso essa tarde mesmo.

Não é ótimo?
Discussões de alto nível enquanto os homens se xingam e postam memes!


Mat escreveu:Monsieur Pain - Bolaño

Pra terminar minha coleção bolañesca só estão faltando esse e o Terceiro Reich!
Aceito doações, podem ser usados!


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