Fernando Pessoa
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Grazy dos Santos
tiago
Mat
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Fernando Pessoa
Certamente um dos grandes poetas do século XX.
- Álvaro de Campos
-Ricardo Reis
- Alberto Caeiro
-Bernardo Soares
Livros da obra ortônima [ou Fernando Pessoa Ele mesmo]
Poesia completa Álvaro de Campos
Poesia completa Alberto Caeiro
Poesia completa Ricardo Reis
Pode-se dizer que a vida do poeta foi dedicada a criar e que, de tanto criar, criou outras vidas através dos seus heterónimos, o que foi a sua principal característica e motivo de interesse pela sua pessoa, aparentemente muito pacata. Alguns críticos questionam se Pessoa realmente teria transparecido o seu verdadeiro eu ou se tudo não teria passado de um produto, entre tantos, da sua vasta criação. Ao tratar de temas subjectivos e usar a heteronímia, torna-se enigmático ao extremo. Este fato é o que move grande parte das buscas para estudar a sua obra. O poeta e crítico brasileiro Frederico Barbosa declara que Fernando Pessoa foi "o enigma em pessoa". Escreveu sempre, desde o primeiro poema aos sete anos, até ao leito de morte. Importava-se com a intelectualidade do homem, e pode-se dizer que a sua vida foi uma constante divulgação da língua portuguesa: nas próprias palavras do heterónimo Bernardo Soares, "a minha pátria é a língua portuguesa".
- Álvaro de Campos
Entre todos os heterónimos, Campos foi o único a manifestar fases poéticas diferentes ao longo da sua obra. Era um engenheiro de educação inglesa e origem portuguesa, mas sempre com a sensação de ser um estrangeiro em qualquer parte do mundo.
Começa a sua trajetória como um decadentista (influenciado pelo simbolismo), mas logo adere ao futurismo. Após uma série de desilusões com a existência, assume uma veia niilista, expressa naquele que é considerado um dos poemas mais conhecidos e influentes da língua portuguesa, Tabacaria. É revoltado e crítico e faz a apologia da velocidade e da vida moderna, com uma linguagem livre, radical.
-Ricardo Reis
O heterónimo Ricardo Reis é descrito como um médico que se definia como latinista e monárquico. De certa maneira, simboliza a herança clássica na literatura ocidental, expressa na simetria, na harmonia e num certo bucolismo, com elementos epicuristas e estóicos. O fim inexorável de todos os seres vivos é uma constante na sua obra, clássica, depurada e disciplinada. Faz uso da mitologia não-cristã.
Segundo Pessoa, Reis mudou-se para o Brasil em protesto à proclamação da República em Portugal e não se sabe o ano da sua morte.
- Alberto Caeiro
Por sua vez, Caeiro, nascido em Lisboa, teria vivido quase toda a vida como camponês, quase sem estudos formais. Teve apenas a instrução primária, mas é considerado o mestre entre os heterónimos (pelo ortónimo). Depois da morte do pai e da mãe, permaneceu em casa com uma tia-avó, vivendo de modestos rendimentos e morreu de tuberculose. Também é conhecido como o poeta-filósofo, mas rejeitava este título e pregava uma "não-filosofia". Acreditava que os seres simplesmente são, e nada mais: irritava-se com a metafísica e qualquer tipo de simbologia para a vida.
Os escritos pessoanos que versam sobre a caracterização dos heterónimos, "Pessoa-ele-mesmo", Álvaro de Campos, Ricardo Reis e o meio-heterónimo Bernardo Soares, conferem a Alberto Caeiro um papel quase místico, enquanto poeta e pensador. Reis e Soares chegam a compará-lo ao deus Pã, e Pessoa esboça-lhe um horóscopo no qual lhe atribui o signo de leão, associado ao elemento fogo. A relevância destas alusões advém da explicação de Fernando Pessoa sobre o papel de Caeiro no escopo da heteronímia. Citando a atuação dos quatro elementos da astrologia sobre a personalidade dos indivíduos, Pessoa escreve:
"Uns agem sobre os homens como o fogo, que queima nele todo o acidental, e os deixa nus e reais, próprios e verídicos, e esses são os libertadores. Caeiro é dessa raça, Caeiro teve essa força."
Dos principais heterónimos de Fernando Pessoa, Caeiro foi o único a não escrever em prosa. Alegava que somente a poesia seria capaz de dar conta da realidade.
Possuía uma linguagem estética direta, concreta e simples mas, ainda assim, bastante complexa do ponto de vista reflexivo. O seu ideário resume-se no verso Há metafísica bastante em não pensar em nada.
-Bernardo Soares
Bernardo Soares é, dentro da ficção de seu próprio Livro do Desassossego, um simples ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa. Conheceu Fernando Pessoa numa pequena casa de pasto freqüentada por ambos. Foi aí que Bernardo deu a ler a Fernando seu livro, que, mesmo escrito em forma de fragmentos, é considerado uma das obras fundadoras da ficção portuguesa no século XX.[18]
Bernardo Soares é muitas vezes considerado um semi-heterónimo porque, como seu próprio criador explica:
"Não sendo a personalidade a minha, é, não diferente da minha, mas uma simples mutilação dela. Sou eu menos o raciocínio e afectividade."
A instância da ficção que se desenvolve no livro é insignificante, porque trata-se de uma "autobiografia sem factos", como o próprio Fernando Pessoa situa o livro. Dessa forma, o que interessa em sua prosa fragmentária é a dramaticidade das reflexões humanas que vêm à tona na insistência de uma escrita que se reconhece inviável, inútil e imperfeita, à beira do tédio, do trágico e da indiferença estética. O fato de Fernando Pessoa considerar (em cartas e anotações pessoais) Bernardo Soares um semi-heterônimo faz pensar na maior proximidade de temperamento entre Pessoa e Soares. Nesse sentido, para alguns, o jogo heteronímico ganha em complexidade e Pessoa logra o êxito da construção de si mesmo como o mais instigante mito literário português na Modernidade.
Livros da obra ortônima [ou Fernando Pessoa Ele mesmo]
Poesia completa Álvaro de Campos
Poesia completa Alberto Caeiro
Poesia completa Ricardo Reis
Mat- Guerra e Paz
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Re: Fernando Pessoa
As poesias do Cairo são incríveis.
Já Livro do desassossego, preciso reler
Já Livro do desassossego, preciso reler
tiago- Crime e Castigo
- Mensagens : 849
Data de inscrição : 17/07/2011
Re: Fernando Pessoa
Caeiro também é meu predileto. Antes eu gostava mais do Campos, aí li a obra completa so Caeiro e entendi por que Pessoa chama ele de "mestre".
Mat- Guerra e Paz
- Mensagens : 2969
Data de inscrição : 12/07/2011
Idade : 33
Localização : Bahia
Re: Fernando Pessoa
Conheço pouco de Pessoa, mas tenho muita vontade de ler "O livro do desassossego"! Sempre me recomendam e até agora não sei porque não o comprei.
Grazy dos Santos- Noites Brancas
- Mensagens : 8
Data de inscrição : 15/03/2014
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Localização : São Paulo
Re: Fernando Pessoa
Leia a obra poética dos heterônimos, Grazy. É bem legal e tem disponível em pocket.
Mat- Guerra e Paz
- Mensagens : 2969
Data de inscrição : 12/07/2011
Idade : 33
Localização : Bahia
Re: Fernando Pessoa
Não consigo ler o Livro do Desassossego por que é o livro predileto do meu pai.
Gosto muito do Álvaro de Campos, meu poema predileto dele é o "Tabacaria".
Gosto muito do Álvaro de Campos, meu poema predileto dele é o "Tabacaria".
Re: Fernando Pessoa
Pessoa é o maior poeta do século XX, com certeza. Não sobra TS Eliot nem Pound, essa galerinha acadêmica mtcho lok@.
Re: Fernando Pessoa
João Cabral mandou recado.
RafaelS- Ana Karenina
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Re: Fernando Pessoa
Wallace Stevens também
RafaelS- Ana Karenina
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Re: Fernando Pessoa
Acho o Pessoa enorme, óbvio, só tou sendo chato mesmo. O século XX tem coisa para caralho boa de poesia.
RafaelS- Ana Karenina
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Data de inscrição : 11/02/2013
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Re: Fernando Pessoa
Tecendo a Manhã
Um galo sozinho não tece uma manhã.
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
RafaelS- Ana Karenina
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