William Hazlitt

Hazlitt escreveu:O maior prazer da vida é o de ler enquanto somos jovens (Whether Genius is Conscious of its Powers)

Ensaísta inglês pouco lido e conhecido, sobretudo, por seus textos humanistas que versam sobre inúmeros temas, desde literatura e arte até política e misantropia. Hazlitt é mais lembrado pelo seu vasto conhecimento da obra de Shakespeare, por seu trabalho como crítico de literatura, teatro, filosofia anglo-saxã (estudou com muito afinco os pensadores da Inglaterra, da Escócia e da Irlanda.), seu interesse por arte e pelo talento com o manejo da língua (é de fato impressionante o que ele faz com o idioma, um ensaio melhor que o outro). Seu interesse por pintura foi profundo, apesar de não ter tido o sucesso que ambicionava na profissão. Kenneth Clark chamou Hazlitt de "o melhor crítico de arte antes de Ruskin" e, no cânone inglês, ele está ao lado de ensaístas como Orwell, Dr. Johnshon e Charles Lamb. Tinha como amigos alguns escritores que, mais tarde, se tornariam clássicos do século XIX, entre eles Wordsworth, Mary Lamb, Leigh Hunt, Stendhal e Coleridge. Hazlitt tentou ascender como crítico publicando seus textos em jornais, mas foi frequentemente sacaneado por algumas estrelinhas babonas da época que não suportavam e invejavam a qualidade intransigente de sua prosa. Seus livros, infelizmente, estão esgotados e, ao que parece, permanecem fora das bibliografias de estudos dos cursos de inglês, o que é realmente lamentável:

Tom Paulin escreveu:Os trabalhos de Hazlitt, em grande parte, estão esgotados, não estão mais disponíveis. Ele não é estudado na maioria dos cursos universitários de inglês.

Já li Lectures on the English Comic Writers e On the Pleasure of Hating, ambos excelentes. Agora estou lendo a biografia dele, que foi muito bem escrita pelo P.P Howe. A edição, que está bem velha e oxidada, foi publicada nos anos 40. Eu tenho que ter todo o cuidado na hora de manusear por causa desses danos, o que é chatinho. A biografia tem umas 400 páginas e trata desde a infância reclusa, totalmente imersa nos livros (estudando latim, viajando pela América e lendo muita filosofia), até a vida adulta como jornalista, pintor e man of letters. Ele escreveu e estudou muito sobre metafísica, tinha excelente domínio de quase toda a literatura inglesa e foi um daqueles amantes dos livros, o que transparece com muita facilidade em sua obra (o ensaio On reading old books deixa isso claro).

Hazlitt escreveu:A principal desvantagem de saber mais, e enxergar além do que os outros, é geralmente não ser entendido. Um homem está, em conseqüência disto, sujeito a originar paradoxos, que imediatamente o transportam para além do alcance do leitor comum (...) Petrarca reclamava que a "Natureza o fez diferente das outras pessoas" — singular d'altri genti. (Das Desvantagens da Superioridade Intelectual)

Texto no original: http://goo.gl/ivPHRT (esse ensaio é um clássico)
Uma tradução que achei na net: http://goo.gl/h84rQQ

Hazlitt escreveu:O amor se torna, com um pouco de indulgência, em indiferença ou nojo. O ódio, sozinho, é imortal (On the pleasure of Hating).

Recomendo os textos dele para os amigos aqui. Creio que gostarão, especialmente os leitores de Nietszche.



Ainda bem que, graças ao Deus-Internet, dá pra visualizar muita coisa no Google Books.

Bacana, Mat. Você está fazendo uma pesquisa acadêmica sobre ele ou só no free style mesmo?

Só no free style mesmo, Oric. Ainda estou coletando material pra escrever um ensaio ou, quem sabe, fazer uma tradução.

Pode crer.

Lá na Cultura tem uns ebooks dele, não sei se viu.

Hum, valeu. Mas não tenho kobo.

Acabei de ver que alguém comprou um volume do Hazlitt que eu tava de olho lá na Ev, QUE PORRA!.