Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
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Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
Também excelente "Teódoto" dele
tmanfrini- Guerra e Paz
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Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
tmanfrini escreveu:Também excelente "Teódoto" dele
Concordo,a edição que estou lendo tem os 154 poemas e estou sem nenhuma pressa. Devo pegar depois uma com tradução do José Paulo Paes para comparar.
Deco- Ana Karenina
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Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
Canções para a morte
1.
A morte quando passa por mim é como se
o silêncio a abafasse
é como se dormisse quando eu dormisse.
2.
Ó mãos da morte, alonguem meu caminho
meu coração é presa do desconhecido,
alonguem meu caminho
quem sabe descubro a essência do impossível
e vejo o mundo ao meu redor.
Caminho
Caminho e atrás de mim caminham as estrelas
até seu próximo amanhã
o segredo, a morte, o que nasce, o cansaço
amortecem meus passos, avivam meu sangue.
Não iniciei a trilha, ainda
não vejo nenhum jazigo
caminho até mim mesmo, até
meu próximo amanhã
caminho e atrás de mim caminham as estrelas.
Ambos de Adonis
1.
A morte quando passa por mim é como se
o silêncio a abafasse
é como se dormisse quando eu dormisse.
2.
Ó mãos da morte, alonguem meu caminho
meu coração é presa do desconhecido,
alonguem meu caminho
quem sabe descubro a essência do impossível
e vejo o mundo ao meu redor.
Caminho
Caminho e atrás de mim caminham as estrelas
até seu próximo amanhã
o segredo, a morte, o que nasce, o cansaço
amortecem meus passos, avivam meu sangue.
Não iniciei a trilha, ainda
não vejo nenhum jazigo
caminho até mim mesmo, até
meu próximo amanhã
caminho e atrás de mim caminham as estrelas.
Ambos de Adonis
Deco- Ana Karenina
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Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
Satírica
Aos vícios
Eu sou aquele que os passados anos
Cantei na minha lira maldizente
Torpezas do Brasil, vícios e enganos.
E bem que os descantei bastantemente,
Canto segunda vez na mesma lira
O mesmo assunto em pletro diferente.
Já sinto que me inflama e que me inspira
Talía, que anjo é da minha guarda
Des que Apolo mandou que me assistira.
Arda Baiona, e todo o mundo arda,
Que a quem de profissão falta à verdade
Nunca a dominga das verdades tarda.
Nenhum tempo excetua a cristandade
Ao pobre pegureiro do Parnaso
Para falar em sua liberdade
A narração há de igualar ao caso,
E se talvez ao caso não iguala,
Não tenho por poeta o que é Pégaso.
De que pode servir calar quem cala?
Nunca se há de falar o que se sente?!
Sempre se há de sentir o que se fala.
Qual homem pode haver tão paciente,
Que, vendo o triste estado da Bahia,
Não chore, não suspire e não lamente?
Isto faz a discreta fantasia:
Discorre em um e outro desconcerto,
Condena o roubo, increpa a hipocrisia.
O néscio, o ignorante, o inexperto,
Que não eleje o bom, nem mau reprova,
Por tudo passa deslumbrado e incerto.
E quando vê talvez na doce treva
Louvado o bem, e o mal vituperado,
A tudo faz focinho, e nada aprova.
Diz logo prudentaço e repousado:
- Fulano é um satírico, é um louco,
De língua má, de coração danado.
Néscio, se disso entendes nada ou pouco,
Como mofas com riso e algazarras
Musas, que estimo ter, quando as invoco?
Se souberas falar, também falaras,
Também satirizaras, se souberas,
E se foras poeta, poetizaras.
A ignorância dos homens destas eras
Sisudos faz ser uns, outros prudentes,
Que a mudez canoniza bestas feras.
Há bons, por não poder ser insolentes,
Outros há comedidos de medrosos,
Não mordem outros não - por não ter dentes.
Quantos há que os telhados têm vidrosos,
e deixam de atirar sua pedrada,
De sua mesma telha receosos?
Uma só natureza nos foi dada;
Não criou Deus os naturais diversos;
Um só Adão criou, e esse de nada.
Todos somos ruins, todos perversos,
Só os distingue o vício e a virtude,
De que uns são comensais, outros adversos.
Quem maior a tiver, do que eu ter pude,
Esse só me censure, esse me note,
Calem-se os mais, chitom, e haja saúde.
À cidade da Bahia
Triste Bahia! oh, quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado,
Pobre te vejo a ti, tu a mim empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mim abundante.
A ti trocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando e tem trocado
Tanto negócio e tanto negociante.
Deste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.
Oh, se quisera Deus que, de repente,
Um dia amanheceras tão sizuda
Que fora de algodão o teu capote!
Por consoantes que se deram forçados.
Neste mundo é mais rico o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
Com sua língua, ao nobre o vil decepa:
O velhaco maior sempre tem capa.
Mostra o patife da nobreza o mapa:
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa:
Quem menos falar pode, mais increpa:
Quem dinheiro tiver, pode ser papa.
A flor baixa, se inculca por tulipa:
Bengala hoje na mão, ontem garlopa:
Mais isento se mostra o que mais chupa:
Para a tropa do trapo vazo a tripa:
E mais não digo; porque a Musa topa
Em apa, em epa, em ipa, em opa, em upa.
Conselho para quem quiser viver na Bahia,
estimado e procurado por todos.
Quem cá quiser viver, seja Gatão;
Infeste a Terra toda, e invada os mares;
Seja um Chegay, ou um Gaspar Soares;
E por si terá toda a Relação.
Sobejar-lhe-á na mesa vinho e pão,
Que a vida passará sem ter pesares;
E tenha os que lhe dou por exemplares,
Assim como os não tem Pedro de Unhão.
Quem cá se quer meter a ser sisudo,
Um Gil nunca lhe falta que o persiga;
E é mais aperreado que um cornudo.
Coma, beba, e mais furte, e tenha amiga;
Porque o nome de El Rei dá para tudo
A todos que El Rei trazem na barriga.
- Gregório de Matos “Obras”, vol. V – “Satírica”. Edição de Afrânio Peixoto - 1923-1933.
Aos vícios
Eu sou aquele que os passados anos
Cantei na minha lira maldizente
Torpezas do Brasil, vícios e enganos.
E bem que os descantei bastantemente,
Canto segunda vez na mesma lira
O mesmo assunto em pletro diferente.
Já sinto que me inflama e que me inspira
Talía, que anjo é da minha guarda
Des que Apolo mandou que me assistira.
Arda Baiona, e todo o mundo arda,
Que a quem de profissão falta à verdade
Nunca a dominga das verdades tarda.
Nenhum tempo excetua a cristandade
Ao pobre pegureiro do Parnaso
Para falar em sua liberdade
A narração há de igualar ao caso,
E se talvez ao caso não iguala,
Não tenho por poeta o que é Pégaso.
De que pode servir calar quem cala?
Nunca se há de falar o que se sente?!
Sempre se há de sentir o que se fala.
Qual homem pode haver tão paciente,
Que, vendo o triste estado da Bahia,
Não chore, não suspire e não lamente?
Isto faz a discreta fantasia:
Discorre em um e outro desconcerto,
Condena o roubo, increpa a hipocrisia.
O néscio, o ignorante, o inexperto,
Que não eleje o bom, nem mau reprova,
Por tudo passa deslumbrado e incerto.
E quando vê talvez na doce treva
Louvado o bem, e o mal vituperado,
A tudo faz focinho, e nada aprova.
Diz logo prudentaço e repousado:
- Fulano é um satírico, é um louco,
De língua má, de coração danado.
Néscio, se disso entendes nada ou pouco,
Como mofas com riso e algazarras
Musas, que estimo ter, quando as invoco?
Se souberas falar, também falaras,
Também satirizaras, se souberas,
E se foras poeta, poetizaras.
A ignorância dos homens destas eras
Sisudos faz ser uns, outros prudentes,
Que a mudez canoniza bestas feras.
Há bons, por não poder ser insolentes,
Outros há comedidos de medrosos,
Não mordem outros não - por não ter dentes.
Quantos há que os telhados têm vidrosos,
e deixam de atirar sua pedrada,
De sua mesma telha receosos?
Uma só natureza nos foi dada;
Não criou Deus os naturais diversos;
Um só Adão criou, e esse de nada.
Todos somos ruins, todos perversos,
Só os distingue o vício e a virtude,
De que uns são comensais, outros adversos.
Quem maior a tiver, do que eu ter pude,
Esse só me censure, esse me note,
Calem-se os mais, chitom, e haja saúde.
À cidade da Bahia
Triste Bahia! oh, quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado,
Pobre te vejo a ti, tu a mim empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mim abundante.
A ti trocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando e tem trocado
Tanto negócio e tanto negociante.
Deste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.
Oh, se quisera Deus que, de repente,
Um dia amanheceras tão sizuda
Que fora de algodão o teu capote!
Por consoantes que se deram forçados.
Neste mundo é mais rico o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
Com sua língua, ao nobre o vil decepa:
O velhaco maior sempre tem capa.
Mostra o patife da nobreza o mapa:
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa:
Quem menos falar pode, mais increpa:
Quem dinheiro tiver, pode ser papa.
A flor baixa, se inculca por tulipa:
Bengala hoje na mão, ontem garlopa:
Mais isento se mostra o que mais chupa:
Para a tropa do trapo vazo a tripa:
E mais não digo; porque a Musa topa
Em apa, em epa, em ipa, em opa, em upa.
Conselho para quem quiser viver na Bahia,
estimado e procurado por todos.
Quem cá quiser viver, seja Gatão;
Infeste a Terra toda, e invada os mares;
Seja um Chegay, ou um Gaspar Soares;
E por si terá toda a Relação.
Sobejar-lhe-á na mesa vinho e pão,
Que a vida passará sem ter pesares;
E tenha os que lhe dou por exemplares,
Assim como os não tem Pedro de Unhão.
Quem cá se quer meter a ser sisudo,
Um Gil nunca lhe falta que o persiga;
E é mais aperreado que um cornudo.
Coma, beba, e mais furte, e tenha amiga;
Porque o nome de El Rei dá para tudo
A todos que El Rei trazem na barriga.
- Gregório de Matos “Obras”, vol. V – “Satírica”. Edição de Afrânio Peixoto - 1923-1933.
Deco- Ana Karenina
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Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
Sou novato com poesia e cheio de dúvidas. Li muita coisa no colegial, gostei, mas não havia sentido. Nos últimos dois anos, ao ler a poesia de Brecht e então Maiakovski eu senti e decidi que sempre deveria ter um livro de poesia por perto. Muito a conhecer ainda. Deixo aqui uma que li ontem:
minha poesia não canta nada
-- como haveria de cantar? --
berra todo nosso sufoco
como um doido de camisa-de-força.
vem do útero do ânus estuprado
do peito doente
da cirrose do fígado.
minha poesia é o pânico
a quarta dimensão terrível
da vida consumada no porto da barra pesada
das penitenciárias dos hospícios
do pervintin da maconha da cachaça
do povo na rua
-- do povo de minha laia.
minha poesia é o hino
dos libertinos
q conspiram na noite dos generais...
(Adauto de Souza Santos)
minha poesia não canta nada
-- como haveria de cantar? --
berra todo nosso sufoco
como um doido de camisa-de-força.
vem do útero do ânus estuprado
do peito doente
da cirrose do fígado.
minha poesia é o pânico
a quarta dimensão terrível
da vida consumada no porto da barra pesada
das penitenciárias dos hospícios
do pervintin da maconha da cachaça
do povo na rua
-- do povo de minha laia.
minha poesia é o hino
dos libertinos
q conspiram na noite dos generais...
(Adauto de Souza Santos)
Oric- Crime e Castigo
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Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
Which way I fly is hell; my self am hell;
And in the lowest deep a lower deep
Still threatening to devour me opens wide,
To which the hell I suffer seems a heaven.
- John Milton, Paradise lost
Para onde eu voe, é o inferno; eu próprio sou o inferno;
E no mais fundo abismo um abismo mais fundo
Ainda ameaçando devorar-me escancara-se,
Diante do qual o inferno que sofro parece um paraíso.
- John Milton, Paraíso perdido
Mat- Guerra e Paz
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Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
O último dia do ano
Não é o último dia do tempo.
Outros dias virão
E novas coxas e ventres te comunicarão o calor da vida.
Beijarás bocas, rasgarás papéis,
Farás viagens e tantas celebrações
De aniversário, formatura, promoção, glória, doce morte com sinfonia
E coral,
Que o tempo ficará repleto e não ouvirás o clamor,
Os irreparáveis uivos
Do lobo, na solidão.
O último dia do tempo
Não é o último dia de tudo.
Fica sempre uma franja de vida
Onde se sentam dois homens.
Um homem e seu contrário,
Uma mulher e seu pé,
Um corpo e sua memória,
Um olho e seu brilho,
Uma voz e seu eco.
E quem sabe até se Deus...
Recebe com simplicidade este presente do acaso.
Mereceste viver mais um ano.
Desejarias viver sempre e esgotar a borra dos séculos.
Teu pai morreu, teu avô também.
Em ti mesmo muita coisa, já se expirou, outras espreitam a morte,
Mas estás vivo. Ainda uma vez estás vivo,
E de copo na mão
Esperas amanhecer.
O recurso de se embriagar.
O recurso da dança e do grito,
O recurso da bola colorida,
O recurso de Kant e da poesia,
Todos eles... e nenhum resolve.
Surge a manhã de um novo ano.
As coisas estão limpas, ordenadas.
O corpo gasto renova-se em espuma.
Todos os sentidos alerta funcionam.
A boca está comendo vida.
A boca está entupida de vida.
A vida escorre da boca,
Lambuza as mãos, a calçada.
A vida é gorda, oleosa, mortal, sub-reptícia.
(Carlos Drummond De Andrade)
Não é o último dia do tempo.
Outros dias virão
E novas coxas e ventres te comunicarão o calor da vida.
Beijarás bocas, rasgarás papéis,
Farás viagens e tantas celebrações
De aniversário, formatura, promoção, glória, doce morte com sinfonia
E coral,
Que o tempo ficará repleto e não ouvirás o clamor,
Os irreparáveis uivos
Do lobo, na solidão.
O último dia do tempo
Não é o último dia de tudo.
Fica sempre uma franja de vida
Onde se sentam dois homens.
Um homem e seu contrário,
Uma mulher e seu pé,
Um corpo e sua memória,
Um olho e seu brilho,
Uma voz e seu eco.
E quem sabe até se Deus...
Recebe com simplicidade este presente do acaso.
Mereceste viver mais um ano.
Desejarias viver sempre e esgotar a borra dos séculos.
Teu pai morreu, teu avô também.
Em ti mesmo muita coisa, já se expirou, outras espreitam a morte,
Mas estás vivo. Ainda uma vez estás vivo,
E de copo na mão
Esperas amanhecer.
O recurso de se embriagar.
O recurso da dança e do grito,
O recurso da bola colorida,
O recurso de Kant e da poesia,
Todos eles... e nenhum resolve.
Surge a manhã de um novo ano.
As coisas estão limpas, ordenadas.
O corpo gasto renova-se em espuma.
Todos os sentidos alerta funcionam.
A boca está comendo vida.
A boca está entupida de vida.
A vida escorre da boca,
Lambuza as mãos, a calçada.
A vida é gorda, oleosa, mortal, sub-reptícia.
(Carlos Drummond De Andrade)
Karenina- Crime e Castigo
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Oric- Crime e Castigo
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Mat- Guerra e Paz
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Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
Hilda Hilst
tmanfrini- Guerra e Paz
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Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
Álvares de Azevedo.
Talvez não tivesse morrido tão precocemente, se tornaria um dos maiores poetas de todos os tempos
Talvez não tivesse morrido tão precocemente, se tornaria um dos maiores poetas de todos os tempos
luyspaulo- A Dama do Cachorrinho
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Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
tmanfrini escreveu:Hilda Hilst
Poesia lésbica
luyspaulo escreveu:Álvares de Azevedo.
Talvez não tivesse morrido tão precocemente, se tornaria um dos maiores poetas de todos os tempos
Concordo. Poeta tem a mania de morrer jovem.
Jabá- Guerra e Paz
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Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
Supremo (nacionalmente falando)
tmanfrini- Guerra e Paz
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Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
luyspaulo escreveu:Álvares de Azevedo.
Talvez não tivesse morrido tão precocemente, se tornaria um dos maiores poetas de todos os tempos
Pois é.Seria o 21 o estigma dos poetas assim como o 27 é para os astros do rock?
Casimiro de Abreu e Álvares de Azevedo morreram com 21.
Rimbaud deixou de escrever com 21 também,não?
lavoura- Guerra e Paz
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Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
Falando em poetas e astros de rock que morreram novos... Alguém já leu o livro "Rimbaud e Jim Morrison - Os Poetas Rebeldes (Wallace Fowlie)"?
Oric- Crime e Castigo
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Data de inscrição : 18/12/2012
Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
Lara, minha NaMô expert em Rimbaud leu e gostou muito, Fowlie é o maior nome do Rimbaud nos USA.
Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
Odor di Femina - Gonçalves Crespo
Era austero e sisudo; não havia
frade mais exemplar nesse convento;
no seu cavado rosto macilento
um poema de lágrimas se lia.
Uma vez que na extensa livraria
folheava o triste um livro pardacento,
viram-no desmaiar, cair do assento,
convulso, e torvo sobre a laje fria.
De que morrera o venerando frade?
Em vão busco as origens da verdade,
ninguém m'a disse, explique-a quem puder.
Consta que um bibliófilo comprara
o livro estranho e que, ao abri-lo, achara
uns dourados cabelos de mulher.
Era austero e sisudo; não havia
frade mais exemplar nesse convento;
no seu cavado rosto macilento
um poema de lágrimas se lia.
Uma vez que na extensa livraria
folheava o triste um livro pardacento,
viram-no desmaiar, cair do assento,
convulso, e torvo sobre a laje fria.
De que morrera o venerando frade?
Em vão busco as origens da verdade,
ninguém m'a disse, explique-a quem puder.
Consta que um bibliófilo comprara
o livro estranho e que, ao abri-lo, achara
uns dourados cabelos de mulher.
tmanfrini- Guerra e Paz
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Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
Valeu! Vou comprar.César escreveu:Lara, minha NaMô expert em Rimbaud leu e gostou muito, Fowlie é o maior nome do Rimbaud nos USA.
Há muitos anos havia lido um comentário sobre esse livro, ontem reecontrei: http://whiplash.net/materias/ontheroad/000721-doors.html
Wallace Fowlie é atualmente um homem de muita idade. Nascido em 1918 é professor Emérito de Literatura Francesa da cátedra James.B. Duke da Duke University. É autor e tradutor de mais de trinta livros, dentre eles a Obra Completa de Rimbaud vertida para o inglês. Um erudito especializado em Proust, Claudel, Stendhal, Dante etc, e que nunca tinha tido sequer a curiosidade de escutar um disco de Rock'N'Roll até que recebeu uma carta curta que o deixou um tanto surpreendido: "Caro Wallace Fowlie, simplesmente queria agradecer-lhe pela tradução de Rimbaud. Eu precisava porque não leio francês tão facilmente(...) Sou cantor de Rock e seu livro me acompanha nas turnês. Jim Morrison".
Oric- Crime e Castigo
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Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
O elixir do Pajé
Que tens, caralho, que pesar te oprime
que assim te vejo murcho e cabisbaixo
sumido entre essa basta pentelheira,
mole, caindo pela perna abaixo?
Nessa postura merencória e triste
para trás tanto vergas o focinho,
que eu cuido vais beijar, lá no traseiro,
teu sórdido vizinho!
Que é feito desses tempos gloriosos
em que erguias as guelras inflamadas,
na barriga me dando de contínuo
tremendas cabeçadas?
[...]
Bernardo Guimarães ídolo!
Aqui a bagaça completa:
http://www.germinaliteratura.com.br/erot_abrbg.htm
Jabá- Guerra e Paz
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Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
Leia a antologia de poesia erótica que o José Paulo Paes traduziu, tem cada coisa
Mat- Guerra e Paz
- Mensagens : 2969
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Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
Mat escreveu:
Leia a antologia de poesia erótica que o José Paulo Paes traduziu, tem cada coisa
Beleza. valeu a dica.
Ando procurando inspiração pra escrever mais putaria no tópico de safadezas com a Natasha.
Jabá- Guerra e Paz
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Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
http://cseabra.utopia.com.br/poesia/
Mat- Guerra e Paz
- Mensagens : 2969
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Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
Mat escreveu:http://cseabra.utopia.com.br/poesia/
Gostei da poesia do cu.
Jabá- Guerra e Paz
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Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
Onde?
(Heine)
Onde será que o forasteiro
Cansado irá saudar a morte?
Entre pinheiros, cá no norte,
Ou lá no sul, sob os coqueiros?
Vão me jogar desconhecidos
Em cova rasa num deserto?
Ou vagarei em mar aberto
Até bater nos arrecifes?
Que seja! Aqui ou acolá,
Há de envolver-me por inteiro
A noite escura; um véu de estrelas
Azul será a minha mortalha.
(Heine)
Onde será que o forasteiro
Cansado irá saudar a morte?
Entre pinheiros, cá no norte,
Ou lá no sul, sob os coqueiros?
Vão me jogar desconhecidos
Em cova rasa num deserto?
Ou vagarei em mar aberto
Até bater nos arrecifes?
Que seja! Aqui ou acolá,
Há de envolver-me por inteiro
A noite escura; um véu de estrelas
Azul será a minha mortalha.
tmanfrini- Guerra e Paz
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Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
O FALCÃO
Os cavalos aproximaram-se e da margem chamaram-nos:
Voltem para trás pois nada de mal vos acontecerá.
Mas eu nadava, e o meu irmão mais novo nadava igualmente.
Virei-me para o encorajar, mas ele não me ouviu.
E com medo de se afogar deixou-se encandear pela garantia
daquelas palavras. E nadou, à pressa , para trás, enquanto eu atravessava o Eufrates.
Então, eles correram na direcção do meu irmão, que de boa-fé
se dirigia para eles, e quando olhei para ele, decapitaram
aquele jovem de treze anos e levaram-no. Eu, porém,
corria, corria sempre em frente, sentia-me como um pássaro
- assim tão rápido corriam as minhas pernas.
Adonis
Os cavalos aproximaram-se e da margem chamaram-nos:
Voltem para trás pois nada de mal vos acontecerá.
Mas eu nadava, e o meu irmão mais novo nadava igualmente.
Virei-me para o encorajar, mas ele não me ouviu.
E com medo de se afogar deixou-se encandear pela garantia
daquelas palavras. E nadou, à pressa , para trás, enquanto eu atravessava o Eufrates.
Então, eles correram na direcção do meu irmão, que de boa-fé
se dirigia para eles, e quando olhei para ele, decapitaram
aquele jovem de treze anos e levaram-no. Eu, porém,
corria, corria sempre em frente, sentia-me como um pássaro
- assim tão rápido corriam as minhas pernas.
Adonis
Deco- Ana Karenina
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