Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
+14
Sblargh
Thamires
tmanfrini
larapuentofinal
Gourmet
Jabá
dãozinho
Deco
Karenina
Becco
Darth Vader
Érika Donin
César
Mat
18 participantes
Página 2 de 7
Página 2 de 7 • 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7
Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
Gourmet escreveu:Keats. Eu gosto. Mas para funcionar, comigo, preciso estar em condições elevadas.
Sim! Poemas do Keats são cheios de referências clássicas, mas acho super IN ler "Ode to a Nightingale" no metrô lotado botando banca de leitor obcecado.
Indico o filme "Bright Star" para quem gosta de Keats. Não é nada de OH É A MELHOR OBRA QUE JÁ ASSISTI, mas vale a pena pela atmosfera delicada do filme, bem "keatsiana".
larapuentofinal- Noites Brancas
- Mensagens : 8
Data de inscrição : 24/09/2011
Idade : 36
Localização : São Paulo
Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
"Que de malices dans l'attention dans la campagne... Satan, Ferdinand, court avec les graines sauvages... Jésus marche sur les ronces purpurines, sans les courber... Jésus marchait sur les eaux irritées. La lanterne nous le montra debout, blanc et des tresses brunes, au flanc d'une vague d'émeraude..." (Arthur Rimbaud - Une Saison en Enfer)
"Quanta malícia na atenciosidade do campo... Satanás, Ferdinando, corre com os grãos selvagens... Jesus anda sobre espinhos purpurinos, sem curvá-los... Jesus caminha sobre as águas iradas. A lanterna mágica o mostrava de pé, pálido, com suas tranças morenas no flanco de uma onda de esmeralda..." (Arthur Rimbaud - Trecho da "Noite do Inferno" o terceira parte de "Uma estadia no inferno)
"Quanta malícia na atenciosidade do campo... Satanás, Ferdinando, corre com os grãos selvagens... Jesus anda sobre espinhos purpurinos, sem curvá-los... Jesus caminha sobre as águas iradas. A lanterna mágica o mostrava de pé, pálido, com suas tranças morenas no flanco de uma onda de esmeralda..." (Arthur Rimbaud - Trecho da "Noite do Inferno" o terceira parte de "Uma estadia no inferno)
Mat- Guerra e Paz
- Mensagens : 2969
Data de inscrição : 12/07/2011
Idade : 33
Localização : Bahia
Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
Cara, seu já acho tradução de prosa um negócio melindroso, quanto mais a de poesia.
Acho muito difícil uma tradução passar tudo o que o original traz, principalmente de línguas não-românicas como o inglês e o alemão.
Poesia eu só gosto de ler no original ou em edição bilíngue.
Talvez por isso a maioria dos meus poetas preferidos é de língua portuguesa.
Carlos Drummond de Andrade.
Meu poeta preferido.
Pra quem acha que Drummond é só "José" e "No meio do caminho", recomendo a leitura de livros como "Alguma Poesia", "A Rosa do Povo", "Claro Enigma", "Corpo" entre outros.
Gosto muito dos poemas metalinguísticos, memoriais, existenciais [mais herméticos e menos conhecidos] e, por que não, dos pornográficos ["O Amor Natural"].
Meu primeiro Drummond foi o póstumo Farewell, depois li boa parte da obra dele pra fazer uma monografia no mestrado [que se chamou "A rima amor/dor em Carlos Drummond de Andrade"] e hoje, como comprei o tijolão completo da Nova Aguilar, leio pelo menos um poema por dia, como uma oração, antes de dormir ou ao acordar.
Não conseguiria escolher um poema só pra colocar aqui de exemplo.
Manuel Bandeira.
Meu segundo favorito, atrás alguns milímetros do CDA!
É outro que sabe fazer da linguagem simples material para a mais pura poesia, como "Pneumotórax", "O Bicho", "Irene no Céu", "Vou-me Embora pra Pasárgada", "Teresa", "Poema do Beco", o já citado "Desencanto" e "O Último Poema" entre muitos outros!
Acho que ele é uma unanimidade por ser aparentemente tão simples, mas, ao mesmo tempo tempo, tão dolorosamente humano, trágico e engraçado. O poeta preferido dos poetas.
Augusto dos Anjos.
Quando era adolescente, caiu-me nas mãos um livro chamado Eu e Outras Poesias que me impressionou profundamente, blew me away, pirou mesmo o cabeção!
Não sabia que se podia fazer poesia daquele jeito, como "Versos a um coveiro", em que cita ossos humanos e Pitágoras, "Monólogo de uma Sombra" cuja primeiros versos são: "Sou uma Sombra! Venho de outras eras, / Do cosmopolitismo das moneras...", e, principalmente, "Versos Íntimos", que formal, temática e foneticamente, é o soneto mais bem escrito da língua portuguesa:
João Guimarães Rosa
Sim, ele só tem um livro de poesia, Magma, que foi renegado pelo próprio autor em vida e publicado postumamaente.
Mas é um livro foda, tanto que ganhou o Prêmio da Academia Brasileira de Letras e, nesse ano, a ninguém foi conferido o segundo prêmio, "tão distanciados estão do primeiro premiado os demais concorrentes" [Guilherme de Almeida, no parecer da ABL].
O engraçado é que a sua poesia é narrativa e a sua narrativa é, como todos sabem, poética.
Os Hai-Kais são, em particular, maravilhosos!
Aliás, não é só por Magma que eu o coloco como um dos meus poetas preferidos, seus livros de prosa são poesia em seu estado mais bruto.
Ele trabalhava a língua portuguesa como ninguém, chegando ao ápice em Tutaméia, com contos em que a linguagem e as metáforas são mais importantes que o enredo em si.
Vinícius de Moraes
Tirando sua primeira fase simbolista/católica [já li e é um saco], Vinícius é, na minha opinião, melhor poeta que letrista [se bem que ele é um excelente e desconhecido cronista]!
Mesmo se não levarmos em consideração os sonetos [especialmente o batidíssimo "Soneto de Fidelidade"], ainda mereceria figurar aqui.
Esse de baixo é um dos meus preferidos por que foda mesmo é fazer poesia com palavras simples!
Mário Quintana
O mais subestimado dos poetas brasileiros!
Sua poesia aparentemente simples e seus minipoemas podem dar a impressão [errada] de uma poesia menor e sem conteúdo, mas Quintana diz mais em dois ou três versos do que muitos outros em poemas longos e desinteressantes.
Também tenho a Obra Completa dele da Aguilar e sempre volto lá pra ler alguma coisa.
Fernando Pessoa [e todos os heterônimos]
O que dizer de um poeta que era vários? O que dizer de um poeta que levou a língua portuguesa [e o povo português] ao ápice absoluto?
Acho que o primeiro livro que ganhei do meu pai foi O Livro de Desassossego quando nem tinha maturidade pra entender aquilo!
Depois li Mensagem e nunca estive tão conectado com meus antepassados quanto durante a sua leitura.
Dos heterônimos, o meu favorito é o Álvaro de Campos ["Tabacaria" é foda demais!]
Esse post já está grande demais, depois posto os outros de outras línguas.
Acho muito difícil uma tradução passar tudo o que o original traz, principalmente de línguas não-românicas como o inglês e o alemão.
Poesia eu só gosto de ler no original ou em edição bilíngue.
Talvez por isso a maioria dos meus poetas preferidos é de língua portuguesa.
Carlos Drummond de Andrade.
Meu poeta preferido.
Pra quem acha que Drummond é só "José" e "No meio do caminho", recomendo a leitura de livros como "Alguma Poesia", "A Rosa do Povo", "Claro Enigma", "Corpo" entre outros.
Gosto muito dos poemas metalinguísticos, memoriais, existenciais [mais herméticos e menos conhecidos] e, por que não, dos pornográficos ["O Amor Natural"].
Meu primeiro Drummond foi o póstumo Farewell, depois li boa parte da obra dele pra fazer uma monografia no mestrado [que se chamou "A rima amor/dor em Carlos Drummond de Andrade"] e hoje, como comprei o tijolão completo da Nova Aguilar, leio pelo menos um poema por dia, como uma oração, antes de dormir ou ao acordar.
Não conseguiria escolher um poema só pra colocar aqui de exemplo.
Manuel Bandeira.
Meu segundo favorito, atrás alguns milímetros do CDA!
É outro que sabe fazer da linguagem simples material para a mais pura poesia, como "Pneumotórax", "O Bicho", "Irene no Céu", "Vou-me Embora pra Pasárgada", "Teresa", "Poema do Beco", o já citado "Desencanto" e "O Último Poema" entre muitos outros!
Acho que ele é uma unanimidade por ser aparentemente tão simples, mas, ao mesmo tempo tempo, tão dolorosamente humano, trágico e engraçado. O poeta preferido dos poetas.
Bandeirão escreveu:O último poema
Assim eu quereria meu último poema
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.
Augusto dos Anjos.
Quando era adolescente, caiu-me nas mãos um livro chamado Eu e Outras Poesias que me impressionou profundamente, blew me away, pirou mesmo o cabeção!
Não sabia que se podia fazer poesia daquele jeito, como "Versos a um coveiro", em que cita ossos humanos e Pitágoras, "Monólogo de uma Sombra" cuja primeiros versos são: "Sou uma Sombra! Venho de outras eras, / Do cosmopolitismo das moneras...", e, principalmente, "Versos Íntimos", que formal, temática e foneticamente, é o soneto mais bem escrito da língua portuguesa:
Augusto dos Anjos escreveu:Versos Íntimos
Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão — esta pantera —
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
João Guimarães Rosa
Sim, ele só tem um livro de poesia, Magma, que foi renegado pelo próprio autor em vida e publicado postumamaente.
Mas é um livro foda, tanto que ganhou o Prêmio da Academia Brasileira de Letras e, nesse ano, a ninguém foi conferido o segundo prêmio, "tão distanciados estão do primeiro premiado os demais concorrentes" [Guilherme de Almeida, no parecer da ABL].
O engraçado é que a sua poesia é narrativa e a sua narrativa é, como todos sabem, poética.
Os Hai-Kais são, em particular, maravilhosos!
Aliás, não é só por Magma que eu o coloco como um dos meus poetas preferidos, seus livros de prosa são poesia em seu estado mais bruto.
Ele trabalhava a língua portuguesa como ninguém, chegando ao ápice em Tutaméia, com contos em que a linguagem e as metáforas são mais importantes que o enredo em si.
Vinícius de Moraes
Tirando sua primeira fase simbolista/católica [já li e é um saco], Vinícius é, na minha opinião, melhor poeta que letrista [se bem que ele é um excelente e desconhecido cronista]!
Mesmo se não levarmos em consideração os sonetos [especialmente o batidíssimo "Soneto de Fidelidade"], ainda mereceria figurar aqui.
Esse de baixo é um dos meus preferidos por que foda mesmo é fazer poesia com palavras simples!
Vinícius de Moraes escreveu:Elegia Lírica
A minha namorada é tão bonita, tem olhos como besourinhos do céu
Tem olhos como estrelinhas que estão sempre balbuciando aos passarinhos...
É tão bonita! tem um cabelo fino, um corpo menino e um andar pequenino
E é a minha namorada... vai e vem como uma patativa, de repente morre de amor
Tem fala de S e dá a impressão que está entrando por uma nuvem adentro...
Meu Deus, eu queria brincar com ela, fazer comidinha, jogar nai-ou-nentes
Rir e num átimo dar um beijo nela e sair correndo
E ficar de longe espiando-lhe a zanga, meio vexado, meio sem saber o que faça...
A minha namorada é muito culta, sabe aritmética, geografia, história, contraponto
E se eu lhe perguntar qual a cor mais bonita ela não dirá que é a roxa porém brique.
Ela faz coleção de cactos, acorda cedo vai para o trabalho
E nunca se esquece que é a menininha do poeta.
Se eu lhe perguntar: Meu anjo, quer ir à Europa? ela diz: Quero se mamãe for!
Se eu lhe perguntar: Meu anjo, quer casar comigo? Ela diz... — não, ela não acredita.
É doce! gosta muito de mim e sabe dizer sem lágrimas:
Vou sentir tantas saudades quando você for...
É uma nossa senhorazinha, é uma cigana, é uma coisa
Que me faz chorar na rua, dançar no quarto, ter vontade de me matar e de ser presidente da república.
É boba, ela! tudo faz, tudo sabe, é linda, ó anjo de Domremy!
Dêem-lhe uma espada, constrói um reino ; dêem-lhe uma agulha, faz um crochê
Dêem-lhe um teclado, faz uma aurora, dêem-lhe razão, faz uma briga...!
E do pobre ser que Deus lhe deu, eu, filho pródigo, poeta cheio de erros
Ela fez um eterno perdido...
Mário Quintana
O mais subestimado dos poetas brasileiros!
Sua poesia aparentemente simples e seus minipoemas podem dar a impressão [errada] de uma poesia menor e sem conteúdo, mas Quintana diz mais em dois ou três versos do que muitos outros em poemas longos e desinteressantes.
Também tenho a Obra Completa dele da Aguilar e sempre volto lá pra ler alguma coisa.
Mário Quintana escreveu:Os poemas
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhoso espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
Fernando Pessoa [e todos os heterônimos]
O que dizer de um poeta que era vários? O que dizer de um poeta que levou a língua portuguesa [e o povo português] ao ápice absoluto?
Acho que o primeiro livro que ganhei do meu pai foi O Livro de Desassossego quando nem tinha maturidade pra entender aquilo!
Depois li Mensagem e nunca estive tão conectado com meus antepassados quanto durante a sua leitura.
Dos heterônimos, o meu favorito é o Álvaro de Campos ["Tabacaria" é foda demais!]
Fernando Pessoa escreveu:Mar Português
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Esse post já está grande demais, depois posto os outros de outras línguas.
Pertinente
http://www.publico.pt/Cultura/tomas-transtromer-e-o-premio-nobel-da-literatura--1515270
tmanfrini- Guerra e Paz
- Mensagens : 1513
Data de inscrição : 29/09/2011
Idade : 31
Localização : Navegantes - SC
Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
Não gosto do Fernando Pessoa e nem de suas pessoas. Como faço pra dar uma segunda chance a ele?
Karenina- Crime e Castigo
- Mensagens : 870
Data de inscrição : 19/09/2011
Idade : 35
Barriga verde
Vicente Cechelero...
Súbita vontade de reler e achei de interesse mencionar. Quase cômico como o conheci - Através da minha cabelereira da cidade natal, o falecido poeta sendo um primo da mesma. Não chega perto de um cânone, mas possui todo um brilhantismo particular. Nada mais espantoso visto que saído da minúscula Ascurra em SC (Vocês não fazem ideia!).
Súbita vontade de reler e achei de interesse mencionar. Quase cômico como o conheci - Através da minha cabelereira da cidade natal, o falecido poeta sendo um primo da mesma. Não chega perto de um cânone, mas possui todo um brilhantismo particular. Nada mais espantoso visto que saído da minúscula Ascurra em SC (Vocês não fazem ideia!).
Por fim, pensou: "Os homens erram muito mesmo: São pedantes, distraídos e vulgares."
tmanfrini- Guerra e Paz
- Mensagens : 1513
Data de inscrição : 29/09/2011
Idade : 31
Localização : Navegantes - SC
Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
Cântico negro
"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!
José Régio
Thamires- Noites Brancas
- Mensagens : 57
Data de inscrição : 05/09/2011
Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
Gosto muito de um disco do Paulo Autran recitando/interpretando Drummond e de um vinil que tenho do próprio Drummond. Só achei uma das capas:
Karenina- Crime e Castigo
- Mensagens : 870
Data de inscrição : 19/09/2011
Idade : 35
Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
may i feel said he
(i'll squeal said she
just once said he)
it's fun said she
(may i touch said he
how much said she
a lot said he)
why not said she
(let's go said he
not too far said she
what's too far said he
where you are said she)
may i stay said he
which way said she
like this said he
if you kiss said she
may i move said he
is it love said she)
if you're willing said he
(but you're killing said she
but it's life said he
but your wife said she
now said he)
ow said she
(tiptop said he
don't stop said she
oh no said he)
go slow said she
(cccome?said he
ummm said she)
you're divine!said he
(you are Mine said she)
e e cummings
(i'll squeal said she
just once said he)
it's fun said she
(may i touch said he
how much said she
a lot said he)
why not said she
(let's go said he
not too far said she
what's too far said he
where you are said she)
may i stay said he
which way said she
like this said he
if you kiss said she
may i move said he
is it love said she)
if you're willing said he
(but you're killing said she
but it's life said he
but your wife said she
now said he)
ow said she
(tiptop said he
don't stop said she
oh no said he)
go slow said she
(cccome?said he
ummm said she)
you're divine!said he
(you are Mine said she)
e e cummings
Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
Ainda não falaram do Torquataço, né?
Torquato Neto escreveu:Let's play that
quando eu nasci
um anjo louco muito louco
veio ler a minha mão
não era um anjo barroco
era um anjo muito louco, torto
com asas de avião
eis que esse anjo me disse
apertando minha mão
com um sorriso entre dentes
vai bicho desafinar
o coro dos contentes
vai bicho desafinar
o coro dos contentes
let's play that
Torquato Neto escreveu:Cogito
eu sou como eu sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível
eu sou como eu sou
agora
sem grandes segredos dantes
sem novos secretos dentes
nesta hora
eu sou como eu sou
presente
desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim
eu sou como eu sou
vidente
e vivo tranqüilamente
todas as horas do fim.
Karenina- Crime e Castigo
- Mensagens : 870
Data de inscrição : 19/09/2011
Idade : 35
Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
Mayakovsky
BY FRANK O'HARA
1
My heart’s aflutter!
I am standing in the bath tub
crying. Mother, mother
who am I? If he
will just come back once
and kiss me on the face
his coarse hair brush
my temple, it’s throbbing!
then I can put on my clothes
I guess, and walk the streets.
2
I love you. I love you,
but I’m turning to my verses
and my heart is closing
like a fist.
Words! be
sick as I am sick, swoon,
roll back your eyes, a pool,
and I’ll stare down
at my wounded beauty
which at best is only a talent
for poetry.
Cannot please, cannot charm or win
what a poet!
and the clear water is thick
with bloody blows on its head.
I embrace a cloud,
but when I soared
it rained.
3
That’s funny! there’s blood on my chest
oh yes, I’ve been carrying bricks
what a funny place to rupture!
and now it is raining on the ailanthus
as I step out onto the window ledge
the tracks below me are smoky and
glistening with a passion for running
I leap into the leaves, green like the sea
4
Now I am quietly waiting for
the catastrophe of my personality
to seem beautiful again,
and interesting, and modern.
The country is grey and
brown and white in trees,
snows and skies of laughter
always diminishing, less funny
not just darker, not just grey.
It may be the coldest day of
the year, what does he think of
that? I mean, what do I? And if I do,
perhaps I am myself again.
BY FRANK O'HARA
1
My heart’s aflutter!
I am standing in the bath tub
crying. Mother, mother
who am I? If he
will just come back once
and kiss me on the face
his coarse hair brush
my temple, it’s throbbing!
then I can put on my clothes
I guess, and walk the streets.
2
I love you. I love you,
but I’m turning to my verses
and my heart is closing
like a fist.
Words! be
sick as I am sick, swoon,
roll back your eyes, a pool,
and I’ll stare down
at my wounded beauty
which at best is only a talent
for poetry.
Cannot please, cannot charm or win
what a poet!
and the clear water is thick
with bloody blows on its head.
I embrace a cloud,
but when I soared
it rained.
3
That’s funny! there’s blood on my chest
oh yes, I’ve been carrying bricks
what a funny place to rupture!
and now it is raining on the ailanthus
as I step out onto the window ledge
the tracks below me are smoky and
glistening with a passion for running
I leap into the leaves, green like the sea
4
Now I am quietly waiting for
the catastrophe of my personality
to seem beautiful again,
and interesting, and modern.
The country is grey and
brown and white in trees,
snows and skies of laughter
always diminishing, less funny
not just darker, not just grey.
It may be the coldest day of
the year, what does he think of
that? I mean, what do I? And if I do,
perhaps I am myself again.
Mat- Guerra e Paz
- Mensagens : 2969
Data de inscrição : 12/07/2011
Idade : 33
Localização : Bahia
Deco- Ana Karenina
- Mensagens : 305
Data de inscrição : 23/07/2011
Idade : 35
Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
MORTES E ENTRADAS
Quase às vésperas incendiárias
De várias mortes próximas,
Quando alguém ante os despojos de quem mais amaste,
E desde sempre conhecido, tenha de abandonar
Os leões e as flamas de sua volátil respiração,
Quem dentre os teus amigos imortais
Elevaria o som dos órgãos do pó inventariado
Para lançar e cantar os teus louvores,
O que mais fundo os invocasse conquistaria a sua paz
Que não pode se afogar ou se esvair
Sem fim junto à sua chaga Nas muitas e alienantes dores
conjugais de Londres.
Quase às vésperas incendiárias
Quando diante de teus lábios e chaves,
Fechando, abrindo, se entrelacem os estranhos assassinados,
Aquele que é o mais desconhecido,
Teu vizinho, a estrela polar, sol de uma outra rua,
Mergulhará em tuas lágrimas.
Ele há de banhar teu sangue chuvoso no másculo oceano
Que percorrerá teu próprio morto
E fará girar sua esfera fora de teu fio de água
E entupirá as gargantas das conchas
Com todos os gritos desde que a luz
Começou a jorrar através de seus olhos tonitruantes.
Quase às vésperas incendiárias
De mortes e entradas,
Quando próximo e estranho, ferido nas ondas de Londres,
Hajas procurado a tua tumba solitária,
Um inimigo entre muitos, que bem sabe
Como cintila o teu coração
Nas trevas vigiadas, pulsando entre furnas e ferrolhos,
Arrancará os raios
Para tapar o sol, mergulhará, galgará tuas teclas sombrias
E fará definhar os ginetes para que recuem,
Até que aquele despojo adorado
Avulte como o último Sansão de teu zodíaco.
.(tradução: Ivan Junqueira)
Quase às vésperas incendiárias
De várias mortes próximas,
Quando alguém ante os despojos de quem mais amaste,
E desde sempre conhecido, tenha de abandonar
Os leões e as flamas de sua volátil respiração,
Quem dentre os teus amigos imortais
Elevaria o som dos órgãos do pó inventariado
Para lançar e cantar os teus louvores,
O que mais fundo os invocasse conquistaria a sua paz
Que não pode se afogar ou se esvair
Sem fim junto à sua chaga Nas muitas e alienantes dores
conjugais de Londres.
Quase às vésperas incendiárias
Quando diante de teus lábios e chaves,
Fechando, abrindo, se entrelacem os estranhos assassinados,
Aquele que é o mais desconhecido,
Teu vizinho, a estrela polar, sol de uma outra rua,
Mergulhará em tuas lágrimas.
Ele há de banhar teu sangue chuvoso no másculo oceano
Que percorrerá teu próprio morto
E fará girar sua esfera fora de teu fio de água
E entupirá as gargantas das conchas
Com todos os gritos desde que a luz
Começou a jorrar através de seus olhos tonitruantes.
Quase às vésperas incendiárias
De mortes e entradas,
Quando próximo e estranho, ferido nas ondas de Londres,
Hajas procurado a tua tumba solitária,
Um inimigo entre muitos, que bem sabe
Como cintila o teu coração
Nas trevas vigiadas, pulsando entre furnas e ferrolhos,
Arrancará os raios
Para tapar o sol, mergulhará, galgará tuas teclas sombrias
E fará definhar os ginetes para que recuem,
Até que aquele despojo adorado
Avulte como o último Sansão de teu zodíaco.
.(tradução: Ivan Junqueira)
Deco- Ana Karenina
- Mensagens : 305
Data de inscrição : 23/07/2011
Idade : 35
Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
She is all there.
She was melted carefully down for you
and cast up from your childhood,
cast up from your one hundred favorite aggies.
She has always been there, my darling.
She is, in fact, exquisite.
Fireworks in the dull middle of February
and as real as a cast-iron pot.
Let's face it, I have been momentary.
vA luxury. A bright red sloop in the harbor.
My hair rising like smoke from the car window.
Littleneck clams out of season.
She is more than that. She is your have to have,
has grown you your practical your tropical growth.
This is not an experiment. She is all harmony.
She sees to oars and oarlocks for the dinghy,
has placed wild flowers at the window at breakfast,
sat by the potter's wheel at midday,
set forth three children under the moon,
three cherubs drawn by Michelangelo,
done this with her legs spread out
in the terrible months in the chapel.
If you glance up, the children are there
like delicate balloons resting on the ceiling.
She has also carried each one down the hall
after supper, their heads privately bent,
two legs protesting, person to person,
her face flushed with a song and their little sleep.
I give you back your heart.
I give you permission --
for the fuse inside her, throbbing
angrily in the dirt, for the bitch in her
and the burying of her wound --
for the burying of her small red wound alive --
for the pale flickering flare under her ribs,
for the drunken sailor who waits in her left pulse,
for the mother's knee, for the stocking,
for the garter belt, for the call --
the curious call
when you will burrow in arms and breasts
and tug at the orange ribbon in her hair
and answer the call, the curious call.
She is so naked and singular
She is the sum of yourself and your dream.
Climb her like a monument, step after step.
She is solid.
As for me, I am a watercolor.
I wash off.
For My Lover, Returning to his Wife, Anne Sexton
She was melted carefully down for you
and cast up from your childhood,
cast up from your one hundred favorite aggies.
She has always been there, my darling.
She is, in fact, exquisite.
Fireworks in the dull middle of February
and as real as a cast-iron pot.
Let's face it, I have been momentary.
vA luxury. A bright red sloop in the harbor.
My hair rising like smoke from the car window.
Littleneck clams out of season.
She is more than that. She is your have to have,
has grown you your practical your tropical growth.
This is not an experiment. She is all harmony.
She sees to oars and oarlocks for the dinghy,
has placed wild flowers at the window at breakfast,
sat by the potter's wheel at midday,
set forth three children under the moon,
three cherubs drawn by Michelangelo,
done this with her legs spread out
in the terrible months in the chapel.
If you glance up, the children are there
like delicate balloons resting on the ceiling.
She has also carried each one down the hall
after supper, their heads privately bent,
two legs protesting, person to person,
her face flushed with a song and their little sleep.
I give you back your heart.
I give you permission --
for the fuse inside her, throbbing
angrily in the dirt, for the bitch in her
and the burying of her wound --
for the burying of her small red wound alive --
for the pale flickering flare under her ribs,
for the drunken sailor who waits in her left pulse,
for the mother's knee, for the stocking,
for the garter belt, for the call --
the curious call
when you will burrow in arms and breasts
and tug at the orange ribbon in her hair
and answer the call, the curious call.
She is so naked and singular
She is the sum of yourself and your dream.
Climb her like a monument, step after step.
She is solid.
As for me, I am a watercolor.
I wash off.
For My Lover, Returning to his Wife, Anne Sexton
Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
Vida é um hospital
Onde quase tudo falta
Por isso ninguém se cura
e morrer é que é ter alta...
FP
Onde quase tudo falta
Por isso ninguém se cura
e morrer é que é ter alta...
FP
Mat- Guerra e Paz
- Mensagens : 2969
Data de inscrição : 12/07/2011
Idade : 33
Localização : Bahia
Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
Angústia - Arthur Rimbaud
Talvez Ela me faça perdoar as ambições continuamente esmagadas, - que um fim azado repare os tempos de indigência, - que um dia de êxito nos adormeça sobre a vergonha de nossa fatal incompetência,
(Ó palmas! diamante! - Amor, força! - mais alto que todas as alegrias e glórias! - de qualquer modo, em toda parte, - Demônio, deus, - Juventude deste ser que sou eu!)
Que os acidentes da magia científica e os movimentos de fraternidade social sejam apreciados como a restituição progressiva da liberdade primeva?...
Mas a Vampira que nos faz gentis ordena que nos divirtamos com o quanto nos deixa, ou então que sejamos ainda mais palermas.
Rolar nas feridas, no ar exausto e no mar; nos suplícios, pelo silêncio das águas e do ar assassinos; nas torturas que riem, em seu silêncio atrozmente encrespado.
Mat- Guerra e Paz
- Mensagens : 2969
Data de inscrição : 12/07/2011
Idade : 33
Localização : Bahia
Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
Roberto Boaño escreveu:En aquel tiempo yo tenía veinte años
y estaba loco.
Había perdido un país
pero había ganado un sueño.
Y si tenía ese sueño
lo demás no importaba.
Ni trabajar ni rezar
ni estudiar en la madrugada
junto a los perros románticos.
Y el sueño vivía en el vacío de mi espíritu.
Una habitación de madera,
en penumbras,
en uno de los pulmones del trópico.
Y a veces me volvía dentro de mí
y visitaba el sueño: estatua eternizada
en pensamientos líquidos,
un gusano blanco retorciéndose
en el amor.
Un amor desbocado.
Un sueño dentro de otro sueño.
Y la pesadilla me decía: crecerás.
Dejarás atrás las imágenes del dolor y del laberinto
y olvidarás.
Pero en aquel tiempo crecer hubiera sido un crimen.
Estoy aquí, dije, con los perros románticos
… y aquí me voy a quedar.
Pra quem quiser baixar o livro:
http://www.katarsis-net.com.ar/downloads/bolanio.roberto.-.los.perros.romanticos.pdf
Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
Lorenzo Becco escreveu:Roberto Boaño escreveu:En aquel tiempo yo tenía veinte años
y estaba loco.
Había perdido un país
pero había ganado un sueño.
Y si tenía ese sueño
lo demás no importaba.
Ni trabajar ni rezar
ni estudiar en la madrugada
junto a los perros románticos.
Y el sueño vivía en el vacío de mi espíritu.
Una habitación de madera,
en penumbras,
en uno de los pulmones del trópico.
Y a veces me volvía dentro de mí
y visitaba el sueño: estatua eternizada
en pensamientos líquidos,
un gusano blanco retorciéndose
en el amor.
Un amor desbocado.
Un sueño dentro de otro sueño.
Y la pesadilla me decía: crecerás.
Dejarás atrás las imágenes del dolor y del laberinto
y olvidarás.
Pero en aquel tiempo crecer hubiera sido un crimen.
Estoy aquí, dije, con los perros románticos
… y aquí me voy a quedar.
Pra quem quiser baixar o livro:
http://www.katarsis-net.com.ar/downloads/bolanio.roberto.-.los.perros.romanticos.pdf
Valeu Becco, quero muito descobrir o Bolaño poeta.
Mat- Guerra e Paz
- Mensagens : 2969
Data de inscrição : 12/07/2011
Idade : 33
Localização : Bahia
Rainer Maria Rilke
Rainer Maria Rilke escreveu:A Pantera
No Jardin des Plantes, Paris
De tanto olhar as grades seu olhar
esmoreceu e nada mais aferra.
Como se houvesse só grades na terra:
grades, apenas grades para olhar.
A onda andante e flexível do seu vulto
em círculos concêntricos decresce,
dança de força em torno a um ponto oculto
no qual um grande impulso se arrefece.
De vez em quando o fecho da pupila
se abre em silêncio. Uma imagem, então,
na tensa paz dos músculos se instila
para morrer no coração.
(Tradução: Augusto de Campos)
Sblargh- Noites Brancas
- Mensagens : 26
Data de inscrição : 13/10/2011
Idade : 38
Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
http://famouspoetsandpoems.com/thematic_poems/dream_poems.html
Gourmet- A Senhoria
- Mensagens : 665
Data de inscrição : 20/09/2011
Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
Nas paredes sem limites portas batem chiando gonzos. Fabulosas gavetas com o roer dos bichos nos livros do tempo. A voz paralisada nasce e hesita nas constelações súbito estáticas. / O amor tem medo. [Odes, em Nome para uma casa - Fernando Namora]
tmanfrini- Guerra e Paz
- Mensagens : 1513
Data de inscrição : 29/09/2011
Idade : 31
Localização : Navegantes - SC
Re: Seu poeta (ou poetas) favorito(s)
http://www.releituras.com.br/aquental_menu.asp
tmanfrini- Guerra e Paz
- Mensagens : 1513
Data de inscrição : 29/09/2011
Idade : 31
Localização : Navegantes - SC
Página 2 de 7 • 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7
Página 2 de 7
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos